O PSD teve uma clara vitória, apesar de ter ficado aquém da maioria absoluta. Afinal, Passos Coelho sempre conseguiu fazer o (primeiro) favor ao país de, para já, ter destronado José Sócrates do poder. Parece ter galvanizado as pessoas e parece ter um espírito combativo, as qualidades para travar o combate de vencer as adversidades em que estamos mergulhados e espera-se agora que detenha também a tão necessária mestria de escolher os melhores, para formar o próximo governo.
O PS, honrosamente ou não, perdeu. Fica a demissão de Sócrates de Secretário-Geral do partido, num discurso desadequadamente longo -- narcísico --, soberbo de emoções quanto baste e, proclamado como que por um guru religioso, apoteótico (imagine-se se tivesse ganho!), a alimentar o transe hipnótico dos acólitos até ao último estertor. (Estes, embriagados pelo discurso do líder espiritual, até apuparam os jornalistas quando estes exerciam o seu livre múnus de perguntar -- a hipnose não os deixou recordarem-se de um dos tão caros valores socialistas: a liberdade de expressão e de imprensa!) Fica também o insólito: um dos candidatos a suceder a Sócrates, ainda teve tempo para descer do elevador do Altis e "anunciar", sobre o cadáver fumegante do Secretário-Geral demissionário do seu partido, a sua própria candidatura!
O PP de Portas, apesar da excessiva vaidade que o vem caracterizando, conseguiu, não ser eleito Primeiro-Ministro, mas um bastante bom resultado, a proporcionar uma confortável maioria com o PSD. De bicos de pés, lá foi espreitando com força para dentro do próximo governo. Mas a relação de forças não é significativamente diferente da última coligação. Há que ir com calma e responsabilidade.
A esquerda foi a grande derrotada da noite. Afinal, os "partidos da troika" foram alvo das preferências de 80% dos eleitores, o que prova que apenas uma franja cada vez mais pequena do eleitorado embarca ainda no julgamento sumário e niilista do liberalismo com preocupações sociais, que parece alicerçar, apesar de mais uma crise, o seu trilho no caminho da história. Apesar da CDU ter tido um resultado bom (mais um deputado), Louça terá que lançar um debate de ruptura numa força política a perder a força e em perigo de implusão.
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