terça-feira, 30 de junho de 2009

Aquecimento global?

Leia-se, nos "mitos climáticos" (1, 2, 3, 4, 5 e continua), uma entrevista de La Nouvelle Révue d'Histoire a Marcel Leroux, eminente climatólogo que vem defendendo a tese de que o aquecimento global é um mito. Quando a ideia dominante começa a ser a de que está a acontecer um dramático aquecimento generalizado da atmosfera do planeta, de que tal é da responsabilidade do ser humano e, por isso, urge inverter estilos de vida, com investimentos avultados e implementação de uma nova ordem internacional, não é dispicienda a atenção a conceder a outra forma de interpretação dos mesmos dados científicos. A reflectir.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Errar habitual é"!

Mais um erro nos exames nacionais do ensino secundário, desta feita no exame de Geografia, para alunos do 11.º ou 12.º anos de escolaridade. Entre erros, lapsos e gafes, já lá vão quatro. Mas diferentemente daqueles ocorridos nas provas de Biologia e Geologia, História e Física e Química, este é bem mais grave, uma vez que tem repercussões na correcção da prova.
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Não só os exames não são, como deveriam ser, elaborados com o intuito de servirem como rigorosos instrumentos de avaliação de alunos e do próprio sistema, como ainda têm que conter erros, cuja natureza não tem justificação. Se a preocupação geral do governo não fossem as estatísticas talvez houvesse disponibilidade, atenção e energias para o essencial.
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Sempre se poderia afirmar, como se afirma a propósito de toda e qualquer actividade humana, errare humanum est. Mas, neste caso da educação, melhor deveríamos dizer "errar habitual é"!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Se nos estão a "chatear", compramo-los!

Manuela Ferreira Leite apontou, e bem, a possível ingerência do governo liderado por José Sócrates na comunicação social, caso a PT venha a adquirir parte da empresa dona da TVI, com o logicamente consequente afastamento de José Eduardo Moniz e alteração da linha editorial. Seria, obviamente, um grotesco atropelo à democracia, um governo vir a dominar uma empresa dona de um canal de televisão, que, com ou sem razão, de forma bem ou mal conseguida, tem sido bastante crítica desse mesmo governo.
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A ser verdade, é mais um acto político-partidário bem ao estilo de José Sócrates: se nos estão a "chatear", compramo-los! É uma divisa aterradora e eticamente reprovável, numa altura em que os órgãos de comunicaçãpo social terão um papel determinante na eleição do próximo governo. Se houvesse seriedade neste governo liderado por José Sócrates, os eleitores seriam tratados como seres politicamente livres e autónomos e teriam oportunidade de avaliar imparcialmente as políticas do PS, sem que fosse necessário comprar órgãos de comunicação social!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Exames com pimenta

A educação fácil para uma vida difícil

O exame de Matemática do 9.º ano, realizado ontem em todo o país, parece que foi um mau exame: com demasiadas perguntas demasiado fáceis (tinha várias questões do 6.º ano e até uma do 3.º ano!), o exame não conseguirá, assim, aferir os verdadeiros conhecimentos que os alunos deveriam e poderiam muito bem possuir no final do ensino básico, numa disciplina fundamental e demasiado importante para as suas vidas futuras. Quem o diz é a Sociedade Portuguesa de Matemática. Mas esta instituição diz mais e, talvez, o mais importante: este tipo de exames, com perguntas demasiado fáceis, cria uma muito perniciosa atitude e mentalidade nos alunos, a de que não é preciso esforçarem-se para aprender mais, já que, sem precisarem de se esforçar tanto, conseguirão igualmente “bons” resultados!

Mas há quem só veja virtudes neste mesmo exame. A Associação de Professores de Matemática considerou que o exame está de acordo com o programa da disciplina e que os exames devem ter um grau de dificuldade adequada aos alunos, coisa que, segundo esta associação, aconteceu com este.

Quer dizer, há duas maneiras de encarar a vida: 1. encará-la como se se tratasse de um “mar de rosas”, onde as pessoas nascem a saber nadar ou então onde são leves insectos cuja vida nirvânica consiste, muito simplesmente, em saltitar de pétala em pétala; ou 2., bem diferente, é encará-la como se, para viver nesse mar (que pode muito bem ter rosas) é preciso aprender a nadar, aprender mesmo, para depois, sim, nos podermos deslocar efectivamente por entre os perfumes da vida, que os tem, claro!

A primeira é a velha “nova” filosofia da educação, que a vê como uma actividade muito pouco normativa, irresponsavelmente não-directiva em absoluto, muito pouco orientadora, e, sobretudo, nunca exigente, supondo que a educação deve respeitar a liberdade do aluno e que isso se faz “deixando-o” crescer.

A segunda filosofia da educação é uma forma realista e veritativa de encarar a educação, que é vista como uma forma de libertar verdadeiramente o ser humano, que, para tal, deverá obter os conhecimentos e desenvolver as competências necessárias para uma vida boa – livre, sábia e feliz. Para que todos tenham acesso a esse tesouro, ao invés de os “deixar” crescer com a ideia de que tudo o que é bom é fácil e tudo o que é difícil é mau, é preciso procurar que cada um se esforce no sentido de aprender o mais possível e incutir nas crianças e jovens a ideia de que o saber (nem sempre fácil, claro) é algo de extremamente valioso, porque, justamente, libertador.

É esta filosofia da educação – mais exigente, mas também mais realista e humana, já que faz com que todos aprendam efectivamente o mais possível – que a esquerda quer destruir, para utopicamente colocar no seu lugar um simulacro de educação, que é suposto tornar todos (artificiosamente) iguais, mas que, ao invés, estreita as possibilidades de ser (principalmente dos mais desfavorecidos!) e nivela por baixo aquilo que é a altaneira força da liberdade e diversidade humanas.

Como se uma educação fácil preparasse adequadamente as crianças e jovens para uma vida que tem sempre – e agora particularmente – aspectos mais difíceis! Pelo contrário, a educação facilitista apenas torna, já à partida, a vida mais difícil.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Bons resultados. Bons exames?

A sra. ME, Maria de Lurdes Rodrigues, prosseguindo uma política educatica, sobretudo, propagandista, disse hoje que os resultados (que não conhece ainda exactamente!) nas provas de aferição do ensino básico são óptimos, melhores ainda que os do ano passado... Fantástico!
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Mas é já um infeliz lugar comum e pode tornar-se até cansativo lembrar que os resultados dos exames arquitectados por este ME podem muito bem não testar verdadeiramente os conhecimentos e competências que seria desejável que os alunos obtivessem no final de cada ciclo de ensino. É fácil compreender que o modo mais fácil de obter melhores resultados -- interesse maior deste governo -- é fazer testes de conhecimentos e competências mais fáceis, mais acessíveis a um maior número de alunos. Claro que as pessoas, em geral, parecem gostar desta estratégia. Mas quem sofrerá as consequências são sempre as crianças e jovens, que na futura vida adulta terão de enfrentar, não facilidades, mas uma realidade exigente, para a qual estarão tanto mais preparados quanto mais terão tido oportunidade de treinar essa exigência, quanto mais conhecimentos tiverem obtido e quanto mais desenvolvidas tiverem sido as suas competências. As crianças e jovens portugueses, infelizmente, não parecem estar para tal preparados.
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Teremos, pois, que continuar à espera de melhores exames, mais rigor no ensino e avaliação, mais estímulo para o esforço de aprender e saber -- tesouros belíssimos e fecundos que têm sido substraídos aos jovens portugueses!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Política e ciência - um clima tempestuoso!

Assiste-se a um generalizado consenso nas opiniões públicas um pouco por todo o mundo, pelo menos ocidental, acerca da hipótese do global warming -- as temperaturas estão a aumentar (e assim continuarão dramaticamente), por causa de emissões de gases de efeito de estufa, com origem, sobretudo, na actividade humana. Este consenso aconteceu graças a uma forte e persistente actividade política dos grupos ambientalistas desde os anos 60, ao que se veio juntar, no dealbar do século, a influência política de um grupo alargado de cientistas que formam o Painel Intergovernamental para as Alerações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa), organismo da ONU responsável por emitir relatos sazonais sobre as alterações climáticas.
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No entanto, parece não haver um efectivo consenso científico de entre os cerca de 2500 cientistas que formam o IPCC e que têm estudado, em conjunto, o clima nos últimos anos; este consenso talvez não exista, porque, pelo menos de momento, talvez não possa existir, dada a ausência de certezas sobre muitas coisas acerca do clima. Pressões políticas, sim; certezas científicas, parece que não. E, portanto, talvez haja mais política que ciência, nas conclusões dos relatórios do IPCC, que, aliás, têm duas partes: há sempre um relatório científico, propriamente dito, e há depois um conjunto de conclusões direccionadas aos decisores políticos, conclusões "votadas de dedo no ar" por um conjunto de cientistas nomeados pela meia centena de governos que patrocinam o IPCC!
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Quando o poder político se imiscui desta forma na actividade científica, pressionando por certezas, as dúvidas aumentam exponencialmente! É, por isso, absolutamente necessário distinguir, por difícil que possa parecer, a questão política da questão científica acerca do clima.
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terça-feira, 16 de junho de 2009

A nossa sociedade aberta e os seus persistentes inimigos

Eis uma excelente síntese da vida e pensamento de um dos mais influentes filósofos do séc. XX, Sir Karl Popper (1902-1994), elaborada pelo Dr. João Carlos Espada, agora felizmente colunista do jornal "i".
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Além de um influente e determinante filósofo da ciência, com a sua tese de que o conhecimento científico se baseia, não no método indutivo de verificação de hipóteses (concepção tradicional comum), mas num método falibilista de conjecturas e refutações (o que mostrou o carácter crítico e não dogmático da ciência), Popper deve ser lido também como um dos maiores filósofos políticos do século XX, século dos totalitarismos, que denunciou contundentemente, e um exímio defensor do Estado limitado e da liberdade individual, temas que ainda atravessam a nossa contemporaneidade.
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Porque as "agressões" à sociedade aberta teimam em persistir, é imperioso estar munido de pensamento crítico e aprofundado.

Nervosismo político

O PM José Sócrates confundiu ontem, à entrada da Comissão Política do PS, os conceitos de maioria absoluta e maioria parlamentar. Afinal, resume-se a uma questão aritmética simples: a maioria absoluta é uma maioria com 50% dos votos mais um (de um ou mais partidos coligados), enquanto que uma maioria parlamentar é constituída pelo partido mais votado (ou uma coligação de partidos), não tendo que ser uma maioria absoluta, podendo ser apenas relativa.
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Não foi apenas uma gafe. Trata-se de um nervosismo político que começa, naturalmente e por força das circunstâncias políticas, a afectar José Sócrates, um político inteligente que, apesar de tudo, não cometeria, a não ser havendo uma forte razão para tal, tão grosseira falha conceptual, muito facilmente evitável. O que está em jogo é que o PS tem, num curto lapso de tempo útil para as legislativas, um grande problema: o que fazer para retomar um discurso ganhador, triunfante e arrogante, que tem caracterizado a governação e o estilo de José Sócrates, quando o que agora o PS terá de fazer (como se estivesse na oposição!) é ter de galvanizar vontades descontentes, recuperar votos, explicar reformas mal conduzidas para, pelo menos, ter uma maioria parlamentar.
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Curioso será assistir, doravante, a um José Sócrates "humilde", "pedagógico", "próximo" e "empático" a explicar muito bem às pessoas que, apesar de ter falhado, não voltará a falhar!
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O que José Sócrates quiz dizer é mesmo isso: dêem-me, pelo menos, uma maioria parlamentar, que agora é que vou mesmo fazer tudo bem! Nesta fase, mais vezes acontecerá alguém ter que vir a terreiro explicar o que José Sócrates quiz dizer! (Até parece Manuela Ferreira Leite nos seus dias comunicacionalmente menos bem conseguidos.) É nervosismo político. Acontece aos melhores!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O estigma do esforço numa sociedade de facilitismos

«Se conseguir concluir o 12.º, depois dos exames, gostava de ir para a faculdade, mas confesso que a ideia me deixa um pouco assustada, porque oiço dizer que é muito difícil e tem de se estudar muito mesmo para se poder concluir um curso.» Amanhã iniciar-se-á a fatídica época em que a escola examinará os conhecimentos e competências, desta e doutros alunos, apreendidos ao longo dos últimos anos. As provas de exame são absolutamente indispensáveis para a avaliação do que os alunos aprenderam e do que a escola ensinou..

Mas o que estas palavras desta aluna mostram é uma das coisas mais importantes da nossa lusa contemporaneidade: o estigma do esforço entrava a edificação do humano. Sempre os jovens ficaram apreensivos com os degraus que a escada da vida humana se lhes apresenta. Hoje, contudo, a mentalidade generalizada é a de que a ideia de que é preciso sacrifícios e esforço para transpor os degraus de ascensão na vida é uma ideia do passado, como se o facto de o ser, fosse, já por si, um facto negativo. Porém, continua a ser incontornável -- aliás, hoje mais do que nunca -- a ideia de que só com sacrifícios, esforço e empenho se consegue aprender o suficiente para se crescer como ser humano verdadeiramente consciente de mundo e verdadeiramente bem preparado para exercer uma actividade profissional realizadora, pessoal e monetariamente.
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A perplexidade desta aluna perante o desafio do ensino superior mostra também outra coisa igualmente perturbadora: o fosso, creio que cada vez maior, entre o ensino secundário e o ensino superior. O que se assiste, na realidade, um pouco por todas as escolas do país (com excepções, naturalmente, embora, com certeza, pontuais), é um abaixamento generalizado da qualidade do ensino e do grau de exigência nas aprendizagens, causado pelos curricula tantas vezes desajustados à realidade motivacional e cognitiva dos alunos, mas também pela proliferação do facilitismo (da ideia de que para se ser adulto e feliz não é preciso grande esforço ou sacrifício -- algo acontecerá!) e de políticas educativas erradas, ideologicamente determinadas e teimosamente fechadas à perfectibilidade, coisa que poderia advir de sectores críticos e esclarecidos da sociedade civil, caso o governo não fosse autista.
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E depois é, curiosamente, na Universidade, que se dá o embate final, já que os exames do final do secundário têm sido tendencialmente mais fáceis e, portanto, menos selectivos: os que tiveram a sorte de se terem empenhado e de terem tido bons professores, apesar do imperfeito sistema, adaptam-se ao ensino e aprendizagem aprofundada de nível superior; os outros, cada vez em maior número, percebem a ausência de competências, conhecimentos e hábitos de trabalho (em suma: de uma atitude esclarecida e positiva perante o saber!) e esbarram traumaticamente consigo próprios, com os encarregados pela sua educação, com o sistema... que os abandonou à ideologia inconsciente do laissez-faire, laissez-passer!
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Tudo isto, para além do mais, nos deveria fazer pensar que a educação é algo demasiado sério para que não seja, inevitavelmente, levada a sério!

Da quantidade e qualidade da blogosfera

Segundo o website Technorati, são criados 50.000 blogues por dia. Claro que muitos são excluídos desta contagem como spam e continua a decrescer o número daqueles que são actualizados diariamente. A actualização diária é uma tirania da rede, que “obriga” os mais afoitos a produzir diariamente conteúdos, para manter/aumentar o interesse das visitas. Muito desse material é, no entanto, de qualidade altamente duvidosa, quer quanto aos conteúdos, quer quanto à sua forma, com exercícios de escrita (no caso, por exemplo, da língua portuguesa) por vezes deploráveis. A maioria dos blogues criados fica até sem uso após a sua criação. Segundo dados do final de 2008, apenas 10% de um número estimado de 75 milhões de blogues em todo o mundo foram actualizados nos últimos 3 meses do ano. Este facto só prova que quando a motivação é criar conteúdos com alguma qualidade, e não apenas fazer simplesmente actualizações, e a disponibilidade apenas permite uma utilização da comunicação de opinião e pensamento em rede mais espaçada, a qualidade aumenta, mesmo que à custa de uma diminuição, aliás, consequente, da quantidade.

No entanto, a democratização da emissão de opinião e sua partilha em rede pressupõe, por um lado, uma multifacetada quantidade de conteúdos disponibilizados, cuja qualidade não é, obviamente, igual. Por outro lado, essa democratização da rede faz com que, apesar de tudo, a sobrevivência comunicacional de um sítio de partilha de opinião, informação, intimidades ou simples curiosidades vá sendo ditada automaticamente pelo mundo de utilizadores, que vão fazendo a selecção daqueles blogues com os quais interessa gastar o precioso tempo de quem deseja manter-se vivo, desperto e, portanto, livre.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vícios privados... públicas virtudes?!

A vida privada de um estadista num regime democrático torna-se pública quando se mescla e se envolve na vida pública do país que governa, o que para tal não é preciso muito. Silvio Berlusconi é suficientemente arrogante e excêntrico para ter um desprendimento ético e uma ignorância liberal à medida da opulência e da ultrapassagem de limítes políticos democraticamente delimitados.
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A "berluscolândia" faz, infelizmente, lembrar os velhos e trágicos tempos da ditadura, em que as virtudes publicamente encenadas escondiam a pérfida vida privada dos estadistas, à custa da ignorância e pobreza do povo manipulado.
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Em democracia, pelo menos a ignorância não é generalizada... só a opulência consentida e (bem) paga pelo cidadão!

Contra ventos e marés... a verdade!

Contra todas as expectativas, sondagens e menosprezos mais ou menos incautos de alguns media e políticos intra e extra muros, o PSD de Manuela Ferreira Leite ganhou as eleições para o Parlamento Europeu. O PS de José Sócrates perdeu, num acto eleitoral que, ao contrário do que o líder quiz fazer supor, foi conduzido com os olhos postos nos assuntos nacionais, que não deixam de ser também europeus, e na governação. O país deu um sinal de contestação às políticas socialistas e cresce, agora sem margem para dúvidas, uma alternativa de governo expressa pelo voto real dos portugueses.
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Um pouco por toda a Europa, os governos liderados por partidos socialistas foram penalizados. Paulo Rangel tem razão: os europeus, apesar da crise económica e financeira global, não querem ser governados por governos socialistas.
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O liberalismo não está morto, necessita apenas de melhor regulação. O socialismo continua(rá) a ser uma utopia "perigosa" para a sociedade, cujos erros do passado a Europa não esquecerá tão cedo.
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Os temas mais caracterítica e profundamente europeus não foram, mais uma vez, devidamente tratados nesta campanha eleitoral. Tanto pior e por duas razões: a causa principal é a urgência da discussão dos problemas nacionais, que naturalmente se sobrepõem aos europeus e, por outro lado, a titubeante afirmação democrática das instituições europeias também não tem dado oportunidades de efectiva participação democrática responsável.
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Tanto para a credibilização da importância da acção política ao nível nacional como europeu, é necessário mais esclarecimento dos cidadãos, num estilo político de informação, humildade e verdade, não de manipulação, arrogância e propaganda.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

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Dar a pensar
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«A política deve adaptar-se ao real: o realismo salienta essa necessária adaptação. A política deve estar ao serviço de um ideial: o idealismo acentua a necessidade de realizar o ideal. Uma vez que no encontro do ideal com o real, um deles tende a excluir o outro, será possível combiná-los? Não faltam as declarações indicando que devemos ir para o ideal tendo em conta o real. O mito do progresso garantia-nos mesmo que a história ia no sentido do ideal e o mito marxista indicava-nos que as leis da história conduziam à emancipação da humanidade. Sabemos agora que, infelizmente, o progresso não é automático, mas problemático, e que a emancipação da humanidade, por falta de leis do devir histórico, não está inscrita no futuro.
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O problema da relação entre realpolitik e idealpolitik e o da possibilidade da sua combinação continuam em aberto.»
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Edgar Morin, "Da incerteza democrática à ética política" in Edgar Morin e Samir Naïr, Uma Política de Civilização, trad. port. Armando Pereira da Silva (Lisboa: Inst. Piaget, 1997) 185.