quinta-feira, 28 de maio de 2009

Global warming – uma impostura intelectual?

Decorreu ontem, no Auditório do Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros (em pleno nordeste transmontano), a palestra “Aquecimento global – mito ou realidade?”, conduzida pelo ex-Professor Auxiliar do Instituto Superior Técnico de Lisboa, Eng.º Rui G. Moura, que constituiu uma agradável surpresa e um acontecimento intelectual pouco comum: porque é pouco comum a divulgação científica em Portugal, ainda menos no nordeste transmontano, e, para mais, tratando-se de ciência dissonante com o paradigma dominante.

A hipótese climatológica aceite hoje por uma ampla parte da comunidade científica é a de que as emissões antropogénicas de gases de efeito de estufa, como o CO2, estão a provocar uma subida excessiva da temperatura média global, interferindo, assim, no clima terrestre. Segundo esta hipótese, o “aquecimento global” continuará a aumentar exponencialmente face ao aumento das emissões de gases, com consequências dramáticas para a vida no planeta.

O Eng.º Rui Moura, como outros cientistas além fronteiras, contesta esta hipótese (veja-se o seu muito bem informado blog "mitos climáticos"). Afirma que não há qualquer relação entre as emissões de gases e o clima – “o homem não pode alterar o clima… e ainda bem, pois se isso fosse possível seria mais um motivo de discórdia, com uns a querer calor, outros frio…”, ironiza. Com base nos mesmos dados e fontes de investigação climatológica (como o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, da ONU -- IPCC), o Eng.º Rui Moura explica o clima e as suas alterações como fenómenos geoclimáticos: as alterações climáticas são naturais; podem identificar-se, nos estudos paleoclimatológicos, ciclos climáticos de cerca de 100.000 anos, que se iniciam com eras glaciares e passam por períodos de temperaturas mais elevadas; estaríamos, neste momento, na fase final de um período de temperaturas mais elevadas. Prova de que a hipótese do “aquecimento global” está refutada – como defendem estes cientistas – é a de que as temperaturas, de facto, estão a baixar, contrariamente ao que defende a comunidade científica (“liderada” pelo IPCC) e continuarão a baixar, independentemente das emissões de gases estarem a subir! Isto acontece, explica magistralmente o Eng.º Rui Moura, pois estaremos a aproximar-nos de um novo ciclo climático, que se inicia com um decréscimo das temperaturas e dá lugar a uma era glacial.

Outra diferença para o modelo explicativo que defende a existência do aquecimento global galopante é a de que a hipótese dos inadequadamente chamados “cépticos” (como se a ciência não fosse uma actividade crítica constante, que implica, necessariamente, uma boa dose saudável de dúvida!) parte de pressupostos epistemológicos diversos: baseia as suas hipóteses explicativas em dados observáveis, recolhidos no passado e no presente, e não recorre a modelos matemáticos e computacionais, usados pelo paradigma climatológico vigente para prever o clima do futuro, o que não seria outra coisa senão futurologia (nas palavras do Eng.º Rui Moura, “isso é astrologia, não é ciência!”).

Mas as críticas mais contundentes do Eng.º Rui Moura são de carácter sociológico-filosófico. A persistência da comunidade científica em aceitar, contra as evidências observacionais, a hipótese do “aquecimento global” tem uma causa política. Os movimentos ecologistas, baseados na deep ecology dos anos 60, que entretanto necessitaria de uma "boa causa", conseguiram convencer políticos e levar cientistas a reboque na aceitação de uma impostura intelectual, convencendo a opinião pública mundial de que a causa de um suposto aquecimento global seria a emissão de gases. Esta falsa ideia serviria para duas coisas: serviria para os ecologistas levarem as pessoas a pensar que deveríamos voltar a um estilo de vida anterior à modernidade industrial e económica, social e politicamente liberal, mas brutalmente nefasta para a “divinizada” natureza; e serviria aos governos mundiais para resolver – esse sim, um verdadeiro problema – o problema actual do esgotamento das fontes energéticas baseadas nos combustíveis fósseis. “O dinheiro que já se gastou na tentativa de diminuir as emissões de gases (sem se ter conseguido) seria muito mais bem aplicado resolvendo problemas globais como, por exemplo, a pobreza”, refere o Eng.º Rui Moura. A climatologia, defende, está numa profunda crise epistemológica e estará a tentar emergir, a muito custo, um novo paradigma de ciência dos climas – a geoclimatologia.

A ideia do Eng.º Rui Moura e outros conceituados geoclimatólogos é a de que as alterações climáticas são inevitáveis e independentes das emissões de gases; os seres humanos só têm, como sempre fizeram, de se adaptar a tais alterações; para isso deve investir-se na investigação científica e tecnológica para resolver o verdadeiro problema que a humanidade atravessa neste momento da sua história, que é o problema energético. O Eng.º Rui Moura defende que, enquanto não for descoberto um novo verdadeiro substituto do petróleo como fonte de energia do futuro, devemos entretanto desenvolver, paralelamente, tecnologia no sentido de ser usado o carvão, em moldes modernos, como energia de transição.

Em suma: quando a capacidade crítica comanda o espírito humano e este se consegue soltar da unanimidade conformista e politicamente correcta, da pertença por vezes asfixiante a uma comunidade científica, que tende a cair na tentação do dogmatismo, e das fortes influências sociais e políticas a que a ciência está demasiado facilmente sujeita, então a discussão livre de ideias é possível, a criação teórica dinamizada e a descoberta explicativa potenciada, na efectiva persecução da verdade científica. E se a hipótese do aquecimento global for um grande mal entendido ou até um embuste, mesmo que não intencional – uma impostura intelectual? E se as causas naturais constituirem, de facto, a verdadeira (e única) explicação para os fenómenos climáticos? É uma “velha” hipótese com fundamentos bastante consistentes e, portanto, mais provável que o status quo instalado quer fazer crer.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Ouvir Edgar Morin, perscrutar a complexidade

Decorreu na passada sexta-feira, em Viseu, o Colóquio “Complexidade, Valores e Educação do Futuro – em torno de Edgar Morin”, organizado pelo Instituto Piaget, a propósito do seu 30.º aniversário. Edgar Morin, octogenário filósofo francês e um dos maiores filósofos vivos, apresentou “Os caminhos para o pensamento complexo”, uma brilhante síntese do essencial do seu pensamento, num invejável “portunhol”, eficaz e brilhantemente realizado enquanto língua e comunicação.

As traves mestras da sua epistemologia assentam na convicção de que toda a cultura ocidental se enraizou num «modo mutilador de organização do conhecimento, incapaz de reconhecer e apreender a complexidade do real»(1). A crescente especialização disciplinar a que conduziu a ciência moderna, afastou o homem de uma compreensão mais aprofundada do real: há um erro profundo «no modo de organização do nosso saber em sistema de ideias (teorias, ideologias); existe uma nova ignorância ligada ao desenvolvimento da própria ciência; existe uma nova cegueira ligada ao uso degradado da razão; as ameaças mais graves em que a humanidade incorre estão ligadas ao progresso cego e descontrolado do conhecimento (armas termonucleares, manipulações de todas as espécies, desequilíbrio ecológico, etc.)»(2). Morin – sempre serena mas profundamente dramático – alertou para o facto de que “esquartejar a natureza em pedaços está a conduzir à sua destruição”(3).

Houve, é certo, vários filósofos (Platão, Descartes, Kant) que tentaram descobrir a complexidade do real. No entanto, no seu ímpeto racionalizador, perderam essa complexidade, pois encerraram-na num sistema fechado de tentativa de explicação do mundo. Outros houve que – segundo Morin – ainda assim tentaram, através de um pensamento fragmentário, perscrutar essa complexidade, como Heraclito, Espinosa (Deus sive Natura), Pascal (tudo tem conexão), Nietszche, Hegel e Bergson (e a criatividade evolutiva), ou Marx (que era filósofo, economista, historiador, político e, com a sua dialéctica, que herdou de Hegel, nos mostra que não podemos eliminar as contradições, temos de as enfrentar), ou Piaget, Foucault e Kuhn (que, com a sua teoria dos paradigmas, procura mostrar como “há princípios invisíveis que governam o nosso conhecimento”).

Para Morin, “se não procurarmos elucidar esses princípios ocultos do nosso conhecimento, ficamos cegos!” É preciso ver as “conexões entre as coisas, que parecem desligadas”. É claro que “a complexidade não é de hoje” (refere Morin, na sua lúcida e perscrutante humildade), apenas o conceito é novo – ela está latente em toda a história da humanidade, pois “há complexidade onde há pensamento!”

A complexidade é pressentida nalgumas ciências, como a história, que mostra as contradições do real humano – guerras vs. desenvolvimento dos processos económicos e sociais –, ou como a ecologia, verdadeira ciência da complexidade, que implica a Biologia, Botânica, Climatologia, em suma, implica uma tão necessária inter e transdisciplinaridade.

Morin lembra, insistentemente, como o próprio homem é homo sapiens (racionalidade), mas também homo demens (loucura); homo faber (que produz) e homo economicus (que gera dinheiro), mas também é homo ludens (que joga, consome e desperdiça). Morin sugere que “não devemos esquecer a poesia, o mito, a religião, no caminho para a complexidade”, uma vez que “há coisas que escapam a uma razão restringida” – o mistério escapa à razão moderna, que é uma razão fragmentária, restringida, fechada à complexidade do real.

Morin terminou a sua intervenção – prenhe de pensamento – exultando: “temos necessidade de ‘mundiólogos’, que vejam o mundo como um todo complexo”; “a complexidade é um desafio”; “há uma ligação entre conhecimento complexo e via de desenvolvimento civilizacional, que há que mudar”.
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(1) Edgar Morin, Introdução ao Pensamento Complexo, trad. port. Dulce Matos (Lisboa: Instituto Piaget, 2008) 5.ª edição, p. 14.
(2) Ibidem.
(3) As expressões “entre aspas” são citações muito próximas das palavras proferidas por Morin na sua comunicação.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Política 0.2

15.000 nomes de desempregados sofrem um “apagão” do sistema da Segurança Social. Documentos comprometedores esfumam-se num “afundão”. Não se trata de um filme de acção, qual “Eraser” de ponta. É política zero ponto dois. Contrastes!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Esquerda e direita

A terminologia política de “direita”, “centro e “esquerda” enraíza historicamente na Revolução Francesa (1789-1799), luta interna que envolveu políticos das várias camadas sociais, na França do século XVIII. As posições que essas camadas sociais ocuparam (fisicamente) nos “Estados Gerais” (Espécie de Congresso Legislativo), deu origem a essa terminologia.
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Em 1789, quando se iniciaram os trabalhos para a elaboração da primeira constituição francesa, os representantes políticos (deputados) posicionaram-se “geograficamente” nos bancos do plenário da seguinte forma:
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- À direita do plenário instalaram-se os representantes da alta burguesia chamados “Girondinos”. Era um grupo com ideias conservadoras, que procuravam defender os seus privilégios e evitar que as classes populares pudessem chegar ao poder ou que vissem as suas reivindicações atendidas. Não pretendiam grandes mudanças e sim reformas que os beneficiassem. Os representantes da esquerda chamavam-nos de reaccionários.
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- À esquerda posicionaram-se os representantes da baixa burguesia, os trabalhadores em geral e das camadas mais oprimidas (“sans-Culottes”). Esse grupo reunia-se num partido denominado de “Jacobinos”. Estes eram mais radicais e queriam destruir toda a ordem política, económica e social existente. Lutavam por reformas que levassem a conquistas e melhorias sociais. Eram progressistas e revolucionários e a direita apelidava-os de agitadores e radicais.
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- No centro da assembleia sentavam-se os membros representantes de uma parte da alta burguesia, parte da pequena e média burguesia, alguns membros da aristocracia, ou seja, a composição era variada. Não eram radicais e procuravam uma conciliação. Ora apoiavam a esquerda, ora apoiavam a direita. Não se comprometiam. Pode-se dizer que viviam de acordo com a sua conveniência. Estes termos, direita, centro e esquerda, que a princípio tinham uma conotação espacial, foram adquirindo um perfil ideológico até aos dias actuais. Quando se fala em “direita”, pensamos em conservadores; o termo “esquerda” faz-nos pensar em revolucionários ou progressistas; e “centro” denota aqueles indivíduos mais moderados ou conciliadores.

Hoje, aquilo a que se denominou como “a morte das ideologias” deu lugar à chamada “realpolitik” ou pragmatismo político, da qual resultou uma certa fluidez ideológica, sendo as políticas conduzidas não tão ferreamente por ideias definidas ideologicamente, mas também através de combinações de ideias fundamentais e soluções técnicas e pragmáticas. De qualquer modo, no caso do espectro político-partidário nacional, podemos dizer que, em geral, o CDS/PP é o partido que se situa mais à direita, o PSD será um partido do centro-direita, o PS do centro-esquerda, o PCP/PEV da esquerda e o BE será o partido mais à esquerda.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

«Ainda bem que há quem se aventure a discriminar negativamente os preconceitos!»
MCF, 21-4-2009, num comentário a este post.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A ética da ciberguerra

As novas tecnologias da informação e comunicação permitem, hoje, uma nova forma de guerra, com armas ainda mais assustadoras que as armas nucleares ou o terrorismo: a ciberguerra, uma nova geração de armas on line que permitem, por exemplo, sabotar e encerrar centrais eléctricas, redes de telecomunicações, sistemas de aviação ou congelar mercados financeiros de outro país. Nos EUA, desde a presidência de G.W. Bush, com algumas experiências efectuadas no Iraque e no Irão, debate-se sobre a possibilidade de desenvolver esse tipo de armas on line, com efeito defensivo, na tentativa de construir melhores defesas contra esses ataques e criar uma nova geração de armas online.

«As inovações mais exóticas que estão a ser consideradas permitiriam a um programador do Pentágono entrar sub-repticiamente num servidor russo ou chinês, por exemplo, e destruir um botnet - um programa potencialmente destrutivo usado para infectar computadores de uma vasta rede, que pode ser controlada clandestinamente - antes de este software nocivo poder ser libertado nos Estados Unidos. Os serviços secretos poderiam também activar um código malicioso que é secretamente incorporado em chips de computador durante o seu fabrico, permitindo aos Estados Unidos controlar os computadores dos inimigos por controlo remoto activado sobre a internet. Este, claro, é precisamente o tipo de ataque que os responsáveis receiam poder ser lançado contra alvos norte-americanos através de chips ou computadores fabricados na China.» (Via “i”.)

Ora, a questão que se coloca é a de saber até que ponto será legítimo o uso de um tipo de arma e de guerra assustadoramente desigual, tentacularmente dissimulada e que pode pôr em risco, de modo avassalador, bens e serviços essenciais e assim afectar a segurança e vida de milhões de pessoas, quando não minar, totalitariamente, a liberdade individual de um vasto número de cidadãos do mundo. A guerra, como actividade humana, também têm regras eticamente determinadas!

Depois da prisão sem julgamento e da tortura da Guantanamo de Bush, os E.U.A. de Obama enfrentam uma nova problemática, com contornos éticos altamente complexos, sobre a sua política de defesa.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Justiça à vista?! E... política? Por vir.

As suspeitas parecem confirmar-se: houve mesmo pressões ilegítimas de Lopes da Mota aos magistrados que investigam o processo "Freeport", em que está envolvido José Sócrates. Do ponto de vista jurídico, com todas as naturalmente legítimas garantias, o processo está longe de estar concluído; em Portugal, mais uma vez se vai ficar à espera (é melhor esperar sentado?!) de... justiça! Mas do ponto de vista político, há, pelo menos, uma conclusão que se pode retirar: é evidentemente notória, mais uma vez, a existência de uma clara filigrana de poder dominador nos meandros governativos em Portugal, que visam a manutenção, à margem da lei e dos mais elementares princípios éticos, da hegemonia política de um partido e dos interesses de um grupo de pessoas. Quanto a política... ainda por vir!

domingo, 10 de maio de 2009

Diferenças (sem lugar a interpretações!)

Na entrevista que deu a Maria João Avillez, no novo jornal “i”, edição de ontem (Sábado), MFL foi muito clara, na resposta a uma das questões fulcrais que se devem fazer a um(a) candidato(a) a PM:

«Dê-me duas, três razões que ditem uma preferência no voto no PSD liderado por si e não no PS de Sócrates?
Um: o facto de considerar que, tal como tenho insistido, há aqui uma política de verdade. Detesto política de fantasia. Dois: não faço promessas que nunca pensarei executar. Três: acredito que o projecto do PSD para o país é aquele que conduzirá ao seu crescimento e ao bom combate contra a crise. O PS já provou o contrário.»

Haverá interpretações possíveis, caros exegetas ocultos de serviço? Firme, mas serenamente – para marcar a diferença, até no estilo, com o seu rival José Sócrates –, a líder do PSD não mais poderá ser acusada, por quem esteja de boa fé, de falta de clareza na apresentação das suas políticas. A diferença para Sócrates e o PS é evidente.

“i” de jornal

O novo jornal “i” é uma muito agradável surpresa, quer na sua edição impressa, quer na muito boa edição on line. Num formato de papel que faltava em Portugal, com um grafismo atraente, com secções de profundidade necessária (por exemplo, o “ensaio” aos sábados, de João Carlos Espada, no “Zoom”) e uma interessante parceria com o imponente New York Times, talvez coloque mais um ponto nos iis dos jornais de informação de qualidade em Portugal.

A política (e os políticos) Maizena!

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Qualquer estudante de Filosofia do 11.º ano do ensino secundário sabe que um argumento ad hominem é um argumento contra a pessoa, alegando a sua idade, sexo, nacionalidade, etnia, cultura ou outra característica, normalmente irrelevante e preconceituosa, como sendo uma razão para não se aceitar as suas ideias. Como tais características não são relevantes para avaliar as ideias, não constituem nunca razões para as rejeitar. Esses argumentos são, pois, falaciosos – parecem bons, mas são maus, uma vez que em vez de apresentarem razões que refutam as ideias, tentam atacar a pessoa que as defende.

Foi o que fez (não saberá isto?!) o Ministro da Economia, Manuel Pinho, contra Paulo Rangel e a sua crítica aos programas contra o desemprego defendidos pelo recém-socialista Basílio Horta. Ao invés de apresentar razões para se não aceitar o argumento e proposta de Rangel, resolveu fazer uma graçola infeliz, sobretudo para um Ministro da República: “Paulo Rangel ainda tem que comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta”. (Esta frase alimenta mesmo… vergonha e afastamento da política!)

Quando se apresentaram as legítimas suspeitas pela forma como José Sócrates tinha obtido a sua licenciatura ou tinha projectado belíssimas casas na Covilhã ou, mais recentemente, no "caso Freeport", toda a gente, de calcanhares elevados, se pôs de bicos de pés – é um ataque à pessoa! (São as "forças ocultas"!!) Agora, até um Ministro da República não só exibe a sua incompetência política – quando não é capaz de utilizar qualquer argumento para rebater as propostas de Paulo Rangel para resolver o desemprego na Europa –, como mostra a sua (falta de) ética política: ou não sabe que está a utilizar um argumento contra a pessoa (nem sequer é capaz de apreciar a rudeza do mesmo!) ou então, o que é pior, mas naturalmente mais provável, fê-lo intencionalmente.

Argumenta-se falaciosamente quando o auditório tem menos instrumentos capazes de avaliar bons argumentos, pois assim os maus argumentos travestidos de bons argumentos (as falácias) ainda podem ter algum sucesso manipulador. Paulo Rangel prefere respeitar os portugueses e continuar a argumentar e a apresentar propostas... sem precisar de baixar o nível!

terça-feira, 5 de maio de 2009

A estratégia do bloco central!

Primeiro, foi aquilo que muitos quiseram que Manuela Ferreira Leite tivesse dito, interpretando, a la carte, as suas palavras numa entrevista a Mário Crespo, na SIC, como desejando ela um qualquer arranjo com o PS, quando MFL não o disse e teve que vir logo desmentir, ontem mais uma vez, de forma inequívoca. Depois, foi a vez do incómodo (mas, no seu partido, ninguém lhe liga!) deputado anti-corrupção do PS, João Cravinho, que veio sustentar a necessidade de um Bloco Central como reunião de esforços e interesses para mais eficaz combate à crise, coisa que o PS de Sócrates não parece estar a conseguir (muito menos em fase pré-eleitoral!). Agora é a vez do ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, vir afirmar a possibilidade do Bloco Central, que não gosta (mas quem é que gosta!; como se fosse uma questão de “gosto”), caso não haja uma maioria absoluta.

No desespero do PS em tentar chegar à maioria absoluta, com o PSD a subir nas sondagens, a estratégia política de recurso do PS parece ser a de tentar apelar ao medo dos governos minoritários, bem como do fantasma (sim, fantasma, mas como os fantasmas não existem…!) do Bloco Central para tentar – a todo o custo, portanto – ir buscar mais votos ao centro. Com a vantagem de fazer parecer que estão a ser muito responsáveis, abrindo-se a uma coligação para salvar o país, mesmo à custa da perda de hegemonia dominadora tentacular do partido sobre as estruturas de poder.

Como apelar ao medo é sempre um mau argumento, mesmo que pareça bom, trata-se de mais uma estratégia desesperada de propaganda enganosa (passo a redundância!), que visa manipular em vez de convencer, com a perfida "vantagem" acrescida de, como também é já marca d'água da política do PS de José Sócrates, afastar a opinião pública dos grandes problemas do país, que importa agora discutir.