sábado, 31 de março de 2007

O cartaz do desespero irracional ou o nacionalismo nos limites do xenofobismo

Um cartaz do PNR exibe em Lisboa um slogan, tão desesperado quanto irracional, contra a imigração, advogando que o "nacionalismo é solução". É claro que a imigração deve ser regulada, por uma questão de segurança: controlada a entrada de imigrantes, fiscalizados o seu vínculo laboral, as suas obrigações fiscais e as das entidades empregadoras, a fim de evitar a exploração de mão-de-obra e tráfico de pessoas, bem como garantidos todos os direitos constitucionalmente previstos. Mas o pluralismo é decididamente revelador da sensatez e razoabilidade da aceitação do outro axiológica, política, culturalmente diferente, quando a (boa) vontade é o alargamento da liberdade possível ao maior número de seres humanos, povos e culturas decentes.
Quanto à indigência, oportunismos subsidiários e marginalização, de que o presidente do referido partido político acusa os imigrantes, trata-se tão só da cartilha do fundamentalismo nacionalista, que é recorrentemente usada para justificar o xenofobismo -- trata-se de uma simplificação grotesta da realidade, pois estes desvios comportamentais (censuráveis, obviamente!) não têm, efectivamente, nacionalidade! Como se o nacionalismo político (a organização política da sociedade determinada por valores estritamente nacionais, dogmática e totalitariamente impostos) apenas permitisse tais desvios... aos nacionais! O nacionalismo não é, decididamente, a solução.
Trata-se, pois, de uma excrescência de erros político-ideológicos recentes, que abalaram tragicamente a Europa do último século e se enquadram num movimento fundamentalista que graça hoje, um pouco por todo o mundo, com especial relevância em alguns países árabes, mas que o diálogo de culturas deve esbater.
De qualquer modo, mesmo no seio da civilização que inventou a democracia e os direitos humanos, continuarão sempre a existir (ao que parece) indivíduos psicologicamente inadaptados ao outro e politicamente desesperados por uma solução para os problemas sócio-políticos, que não existe feita, mas se constrói, de modo paciente e racionalmente ponderado.
A conclusão tolerante da Procuradoria-Geral da República, de que tal infeliz cartaz, «por si só», não constitui (ainda) um crime de «discriminação racial ou religiosa» (Lusa), só demonstra a maior razoabilidade e sentido de justiça do sistema democrático de orientação liberal, na organização e arbitragem da maior liberdade possível para todos.

quarta-feira, 28 de março de 2007

Leituras...

... ou literatura para pensar o quotidiano -- ainda a propósito das crianças abandonadas.

A Criança no Tempo, de Ian McEwan, Gradiva (Lisboa 1989), apresenta-nos, numa ficção crua e fria, por vezes mesmo implacavelmente lancinante, a tragicidade do tempo, enquanto se entretecem as emoções, as relações, os conflitos e os sentimentos dramáticos experienciados pelos pais de uma criança que desaparece no bulício de um supermercado, quando acompanhava a mãe nesse quotidiano acto, tão aparentemente inofensivo e banal, de "fazer compras".
Oportunidade para reflectir na pesada inexorabilidade do tempo. Oportunidade para pensar na criança como ser indefeso, no vínculo vital, emocional e psicológico da criança face aos seus progenitores, mas também no sentimento de pertença, de quase propriedade, que os pais alimentam relativamente à criança, quer como filho biológico quer adoptado.
Se numa sociedade democrática liberal, as pessoas têm o direito e talvez mesmo o dever de pensar e manifestar a sua opinião sobre a vida pública, também é verdade que o extremar de posições opinativas, necessariamente emotivas e insuficientemente reflectidas, acerca de temática tão sensível, como a guarda de crianças abandonadas, raptadas ou de pais divorciados, pode conduzir a uma perversa banalização da justiça, como, sobretudo, constituir uma interferência traumática acrescida na psicologia do desenvolvimento da criança envolvida.
Cuidado, pois, com os excessos -- a justiça sempre exigiu uma serena e prudente ponderação de circunstâncias, factos, interesses e leis que espelham os valores mais considerados numa sociedade bem ordenada.

O (simples) "caso Salazar" ou as diabruras da democracia!

Num concurso televisivo sobre o melhor português (critério, no mínimo, estranho de eleição do "melhor" português!), 200.000 pessoas elegem Salazar, outras asseguram o segundo lugar a Cunhal. Dos votantes (e de tantos outros), quem quer saber do Pessoa ou do Aristides?! Portugueses?! Talvez (o primeiro até em inglês escreveu! E o segundo, não seria judeu?!).
Claro que a cultura televisiva, suave, embora não inofensiva, não permite obviamente um aprofundamento cultural sereno e criterioso da consciência histórica (coisa que só estragaria o espectáculo, embora melhorasse substancialmente a vida das pessoas). Tratou-se apenas de um concurso de televisão. Mas não podemos escamotear, por muito que custe a tanta gente (qualquer pessoa politicamente esclarecida e lúcida não pode deixar de seriamente se incluir neste grupo), que tal votação pode perfeitamente expressar um profundo, embora naturalmente irracional, descontentamento por 25 anos de democracia... por cumprir!
Num país (quase) democrático, um Ministro da Cultura, a par (?!) de alguns revolucionários apavorados (com a tumba, ao invés de estarem atentos aos vivos!), recusa (cruzes, credo?!) um apoio (não se sabe de que tipo) a uma casa-museu... do "melhor português de sempre"!!!
É claro, e simples, que o interesse, apenas histórico-cultural (não vejo outro) num museu Salazar deve ser avaliado objectivamente, tendo em conta a relevância histórica de, repito, um acesso democrático ao contraponto do regime democrático, que não deve ser esquecido!
Em suma e caso arrumado: Salazar não é o melhor português de sempre; qualquer pessoa pode livremente assim considerá-lo; assim considerá-lo, deve exigir reflexão profunda a todos os democratas; e quanto a um museu... é como na Ota - que se decida com base em informação científica, objectiva... e não sejamos piores que o "pior português de sempre"!

segunda-feira, 26 de março de 2007

Pequeno tributo a Miguel Baptista Pereira

Deixou-nos no passado dia 5 de Março, um dos maiores filósofos portugueses do séc. XX. Quem teve o privilégio de o ouvir e ler (para um pequeno exemplo), de se deixar extasiar com a fortaleza do seu pensamento vívido, não poderá deixar de lhe prestar uma sempre pobre homenagem face ao avultado imenso da sua generosidade intelectual, cujo pensamento nos conduzia, de modo incomparavelmente aprofundado, pelos temas mais permentes do tempo que nos percorre.
Um dia, pela tarde, nas suas aulas de Antropologia Filosófica, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, interpelou os seus alunos, mais ou menos assim: "imagine-se a quantidade de cérebros humanos, que deixaram de funcionar, sem terem sido plenamente utilizados!" Como seria bom para cada um e para a humanidade, se um maior número de pessoas pensasse mais profunda, serena, mas rigorosa e sistematicamente...! Que para tal contribua um bom sistema de ensino! O doutor sereno mas transbordante é modelo mais que reconhecido (ver, por exemplo, aqui e aqui) de pensamento profundo, investigação rigorosa e ensino sério.

sábado, 24 de março de 2007

Nos 50 anos da União Europeia...

...a força de Álvaro de Campos, ainda assim oportuna, a lembrar a potência humana que está ainda aquém do possível. Releia-se.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Reacção desproporcionada

Perante a notícia do Público de ontem, segundo a qual haverá várias falhas no processo de equivalência e conclusão da licenciatura de José Sócrates na Universidade Independente, o PM protagonizou uma reacção algo precipitada, empolando até a questão, ao acusar tudo e todos – jornalista, jornal, autores de blogues (um exemplo) – de produzirem insinuações difamatórias!
Teria sido de maior sentido de estado, uma declaração serena, mas inequívoca, de alguém do gabinete do PM, que apresentasse contra-argumentos claros, ponto por ponto, e desfizesse as dúvidas. Numa sociedade democrática e liberal, a cidadania exigente nutre-se, muito naturalmente, de troca razoável de argumentos esclarecedores.
De qualquer modo, é bem verdade que nenhum grau académico é condição necessária para uma governação democrática competente. Mas é igualmente verdade que seria bastante desagradável precisamente este chefe de governo não ser um modelo das políticas de formação, qualificação e excelência, que, acertadamente, promove!

quinta-feira, 22 de março de 2007

Ainda o PODER DEMOLIDOR da poesia! (Mas... cuidado!)

«(...)
A Europa tem sede de que se crie, tem fome de futuro!
A Europa quer grandes Poetas, quer grandes Estadistas, quer grandes Generais!
Quer o Político que construa conscientemente os destinos inconscientes do seu Povo!
Quer o poeta que busque a Imortalidade ardentemente, e não se importe com a fama, que é para as actrizes e para os produtos farmacêuticos!
Quer o General que combata pelo Triunfo Construtivo, não pela vitória em que apenas se derrotam os outros!
A Europa quer muitos destes Políticos, muitos destes Poetas, muitos destes Generais!
(...)»
Álvaro de Campos, Ultimatum, Ed. Nova Ática (Lisboa 2006) 9.

quarta-feira, 21 de março de 2007

O poder encantatório da poesia

A poesia de Homero foi a cartilha da Grécia, primeiro pelos seus recitadores profissionais, os homéridas, depois com o surgimento do livro como objecto comercial. A poesia na Grécia Antiga tinha um forte poder educativo, pois envolvia aspectos éticos e não apenas estéticos, com conteúdo normativo e forma artística – abordava o humano em toda a sua profundidade e nutria-se de um ethos, de um anseio espiritual, de uma concepção do humano capaz de se tornar numa obrigação e num dever. Acresce o poder que a expressão artística detém, através da força emocional capaz de motivar os homens, como meio para transmitir os valores mais elevados.
Platão – como já Heraclito e Xenófanes –, apesar de assumir, como grego que era, o papel educativo de uma certa poesia, critica sobretudo a concepção clássica que via na palavra do poeta uma norma (os gregos abusaram do argumento de autoridade, ao socorrerem-se, amiúde, dos poetas!). Platão mostrou que o mundo que os poetas pintam é o mundo das aparências, da ilusão, que uma filosofia, crítica, racionalmente aprofundada, facilmente destrói. Há uma ética e uma metafísica mais elevadas. A episteme (o verdadeiro conhecimento) só a filosofia, não a poesia, almejará.
Platão foi, pois, o primeiro a descobrir realmente o perverso poder político da poesia, por via do livro, e chegou mesmo a propor a proibição dos poemas de Homero, por má influência.
Os sofistas recuperaram, à luz do seu relativismo gnoseológico, o poder persuasivo da poesia, propondo a ideia do poeta fingidor, que influencia todo o Ocidente, pelo menos até ao séc. XVII.
O séc. XVIII é o Século das Luzes, do esclarecimento, e a poesia foi também alvo desse foco da razão, que a arredou como irracionalismo para a dimensão estrita da estética. A modernidade procedeu à separação de ética e estética, cultivada pelos gregos.
Os românticos, como contraponto crítico da razão iluminista, voltaram a recuperar o fulgor criativo da poesia, tematizado filosoficamente pelo dionisíaco Nietzsche (ele próprio se fez poesia, como outrora os grandes pré-socráticos) num regresso desesperado aos gregos.
No séc. XX, o prolixo Heidegger bebeu em Holderlin e Nietzsche a riqueza prescrutante da poesia como inesgotável acesso hermenêutico ao ser – «a linguagem é a casa do ser» –, que se dá ocultando-se.
Sob efeito do inebriamento nietzscheano e do fascínio pela linguagem da primeira metade do século, os pensadores da pós-modernidade têm desconstruído o texto da racionalidade ocidental, conduzindo, todavia, a própria ciência, por vezes, pela mão de Alice/da poesia!
Estranho poder esse, o da poesia, que, misteriosamente enriquecedora da vida contemplativa, persiste, contudo, em furtar-se ao projecto nomológico da racionalidade humana de compreender e explicar o mundo.

No Dia Mundial da Poesia...

...a voz a «esse meu íntimo assunto poético em que além de mim age um ignotus que ainda estou para saber o que é.» Natália Correia, “Introdução” a O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, Círculo de Leitores (Lisboa 1993) p.I

O Mistério

Misterioso ciclo da poesia
que como a roda das estações
sobre o meu peito gira.
Que mão oculta move o ponteiro agora
e arrebata o meu canto na suspensão da hora?

Onde se constroem estas tempestades estes oceanos
a água que rasga a terra que fica
mais verde e mais rica?
Gera-os a esperança ou os desenganos?

Serás o desenlace dum fantasma
sempre perto sempre frio sempre a esmo
forma que dei ao medo comigo concebido
e que é o meu vulto reclina
no que nele mesmo não foi percorrido?

Ou serei eu de olhos abertos
noutras manhãs noutros países
cantando aqui de olhos fechados
a memória de tempos mais felizes?

Serás tu a abominação
o remorso do que não completei
e que completo na canção
do que não vi do que não sei?

Serás a dor que se desloca
no pedido que a boca formula
à voz que na alma canta
e que nunca nunca chega à garganta?

Ou serás apenas mediunidade
o acaso na concha retendo o mar?
A imposição doutra vontade
que em mim quer continuar?

Natália Correia, Poemas (1955)

terça-feira, 20 de março de 2007

O eixo do bem – a verdadeira oposição!

“O eixo do mal” não é mau, mas nem sempre é suficiente-mente agradável e contundente.
Mas o último programa talvez tenha até conseguido recuperar o espírito crítico e a consciência política de muitos sonâmbulos, pois foi, há que admiti-lo, um verdadeiro antídoto benfazejo da actual desgovernabilidade socialista, disfarçada de democracia de serviço público, de um país onde ainda há quem se preocupe com um museu Salazar (agora inofensivo), quando o verdadeiro museu a apupar está vivo: na educação “perdi os professores, mas ganhei a população”, na saúde “está tudo bem”, nas obras públicas o prazo de validade de meia dúzia de anos para a Ota é “um pequeno problema sem importância”, pois trata-se de “um projecto pessoal” do Ministro, na economia “estamos no bom caminho”...!
Onde é que pára a oposição alternativa?!
A ver.

sexta-feira, 16 de março de 2007

A mística da velocidade e o aquecimento global

A mística da velocidade consiste na sensação de se estar em dois locais ao mesmo tempo. De facto, as máquinas tecnologicamente avançadas de hoje (o automóvel, o comboio de alta velocidade, o avião e... a nave espacial!), permitem ao homem deslocar-se velozmente, criando a sensação de que pode encortar o espaço e diminuir o tempo. Trata-se de uma dupla ilusão: a anulação do espaço e do tempo! (Leia-se, a propósito, o arquitecto-filósofo Paul Virillio [para aguçar o apetite...!].)
Mas, os alemães, apesar de amantes da liberdade, começam a pensar limitar a velocidade nas suas autobahn, dado que a emissão de dióxido de carbono (que provoca efeito de estufa) aumenta exponencialmente com o aumento da velocidade dos seus potentes automóveis.
Pois é...! Trata-se da consciência da inevitabilidade de sobrepôr outra mística, a da resolução de problemas (neste caso, ambientais), à mística da velocidade!
Nós, por cá, também estamos a pensar nisso, claro!

quinta-feira, 15 de março de 2007

Até os marxistas defendem a instrução disciplinada!

António Gramsci, um dos mais reputados filósofos marxistas, acompanhando a educação dos seus filhos da prisão, através de correspondência, criticava deste modo os métodos laxistas que começavam a ser introduzidos nas escolas:

«(...) os rapazes (...) precisam de contrair certos hábitos de diligência, exactidão, compostura -- também física -- e de concentração psíquica sobre determinadas matérias, o que sem uma repetição mecânica de disciplinas e métodos apropriados não poderá adquirir-se.»
António Gramsci, A Formação dos Intelectuais, Ed. Fronteira (Amadora 1976) 118.

Será, por isso, Gramsci um conservador ao serviço do status quo... da Itália fascista?!! É claro que não. É apenas um intelectual verdadeiramente interessado na instrução para todos!

terça-feira, 13 de março de 2007

Escola inclusiva, mas sem excluir os saberes da escola!

A escola deve estar aberta a todos e, portanto, deve ser inclusiva -- o que é, hoje, numa sociedade democrática moderna, um completo truísmo! O que é preciso é, pois, tornar a escola verdadeiramente acessível a todos, o que significa ensinar e fazer aprender realmente o que está aí para aprender, com o máximo de rigor (todos merecem!), com todas as estratégias adequadas, ao invés de simplesmente descer ao nível em que se encontram os alunos (mais desfavore-cidos) e aí permanecer mais ou menos ao longo de toda a escolarização (pelo menos na obrigatória)!
Ou seja, a escola não deve deixar de ser escola (tempo e espaço de transmissão de saberes científicos, tecnológicos, humanísticos e técnico-profissionais), para, ao invés, ser absoluta, incondicional, cega e tresloucadamente inclusiva -- incluindo, não só, todos, mas também todos os modos de ser e estar desviantes ou culturalmente empobrecidos e... acabando por não ter tempo de ensinar nada!
É um erro pensar que a cultura escolar dominante (em suma: querer que, senão todos, o maior número, aprendam o mais e melhor possível!) perpetua maleficamente as desigualdades e que o correcto seria descer o nível de exigência (i.e., o nível cultural) para chegar aos mais desfavorecidos. E acresce que esta ilusão tende a perpetuar-se, pois as pessoas (os mais desfavorecidos -- os que necessitam de verdadeira cultura escolar) é isso que acriticamente desejam, hoje, ouvir. A isto se chama demagogia!
Ou seja, a filosofia da educação (romântismo e construtivismo ingénuo) que orienta o socialismo educacional, na prática, ao defender um respeito quase pueril pelo estado cultural de origem do aluno, aí permanecendo, é uma forte negação das suas próprias (e louváveis!) finalidades -- aperfeiçoar todos, dando especial atenção aos mais desfavorecidos. No fundo, recalca todos, especialmente os mais desfavorecidos, para as profundezas dos seus particulares universos culturais empobrecidos ou atira-os, sem instrumentos críticos, para a sociedade da informação superficial ou de consumo manipulatório.
É necessário analisar com rigor o que se perde e quem mais perde com uma escola excessivamente permissiva, desqualificadora e deformadora: se todos perdem com o "nivelamento por baixo" ou se são menos os que perdem com uma escola mais exigente, em atitudes e comportamentos, em competências e em conhecimentos. Não basta dizer "venham todos"; é preciso dizer "venham todos aprender de facto", o que para tal é condição sine qua non apostar nas condições de educabilidade, em causa em muitíssimas escolas do país.
Em suma: igualdade de oportunidades, mas não igualdade forçada e artificiosa ad aeternum!

segunda-feira, 12 de março de 2007

Fundamentos da educação liberal – “três” pequenos exemplos!

«(...) Meus Senhores, será a felicidade, seja qual for o seu género, o fim exclusivo da espécie humana? (...) Não, Meus Senhores, apelo para a melhor faceta da nossa natureza, esta nobre inquietude que nos persegue e nos atormenta, este ardor de estender as nossas luzes [lumiéres] e de desenvolver as nossas faculdades; não é apenas à felicidade, mas também ao aperfeiçoamento, que o nosso destino nos chama (...).»
Benjamin Constant, De la liberté des anciens comparée à celle des modernes (1819), trad. port. A Liberdade dos Antigos Comparada à Liberdade dos Modernos, Ed. Tenacitas (Coimbra 2001) 33-4.

«(...) o convite da educação liberal [é] o convite para se abstrair por algum tempo das pressões do momento e do lugar e para ouvir a conversação [com a cultura] em que o ser humano, desde sempre e para sempre, tem procurado compreender-se a si próprio.»
Michael Oakeshott, The Voice of Liberal Learning, Liberty Fund (Indianápolis 2001) 34.

E agora, veja-se a crítica à pedagogia romântica do bom selvagem, feita por um dos maiores filósofos marxistas de sempre! (Não estará a ser, no mínimo, liberal?!)

«O conceito de escola nova está na sua fase romântica, com um exagero na substituição dos métodos “mecânicos” pelos “naturais” (...). Antigamente, os alunos ao menos alcançavam uma certa bagagem de factos concretos. Agora, já não há nenhuma bagagem para pôr em ordem (...). O aspecto mais paradoxal de tudo isto é que a escola nova é apresentada como democrática, quando na realidade está destinada a perpetuar as diferenças sociais
António Gramsci, Cadernos da Prisão (1932) XXIX, cit. in Nuno Crato, O “Eduquês” em Discurso Directo. Uma crítica da pedagogia romântica e construtivista, Gradiva (Lisboa 92006) 33-4.

sábado, 10 de março de 2007

Crescemos 1,3%! Parabéns!!

A economia portuguesa cresceu 1,3% no último ano. Crescemos metade da média da União Europeia, 1/3 da Espanha e ficámos aquém da própria previsão do governo. Mas é um «bom sinal», estamos de parabéns!
Mais uma oportunidade perdida no sentido de mobilizar as pessoas para o esforço produtivo, que melhorará as suas vidas (a economuia é menos uma abstracção, do que um instrumento de melhoria efectiva da vida das pessoas). Em vez de um "vamos continuar a esforçar-nos, pois ainda é pouco!" ou um "queremos mais!", o nosso timoneiro faz passar a mensagem: "deixem-se ir, que vão bem!"
Ambição abaixo da média!

Os poetas amam Portugal. Os políticos deveriam melhorá-lo! (3)

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer --
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

(Fernando Pessoa, A Mensagem)

quinta-feira, 8 de março de 2007

Leituras...

...do mui rigoroso, crítico e lúcido O “Eduquês” em Discurso Directo. Uma crítica da pedagogia romântica e construtivista, na sua já 9.ª edição da Gradiva (Lisboa 2006), de Nuno Crato.(1)
“Eduquês” é um termo caricatural que o próprio ex-ministro Marçal Grilo usou para classificar a linguagem esotérica, que os novos pedagogos portugueses têm usado desde a década de 1980 e que, desde então, tem sufocado o M.E.. Nas suas obras pseudo-científicas «abundam os argumentos literários e as citações de citações» (p. 66), em lugar de dados observacionais, teorias científicas e elementos de psicologia experimental. Em vez de seguirem o pragmatismo anglo-saxónico, mais rigoroso e, por isso, menos permeável à moda do “ensino centrado no aluno”, escolheram a retórica da pedagogia francesa de inspiração romântica e pós-moderna.
Apesar de esporadicamente refutada por alguns intelectuais em textos publicados na imprensa, na blogosfera ou em algumas obras mais sistemáticas – como é o caso de Maria Filomena Mónica (Os Filhos de Rousseau: Ensaios sobre os exames) ou do ex-ministro David Justino [volta, estás perdoado!] (No Silêncio Somos Todos Iguais) – esta retórica foi-se avolumando, foi persuadindo espíritos mais incautos (designadamente, por via da formação inicial de professores) e instalou-se ao serviço da ideologia dominante.
O objectivo é, pois, para os novos pedagogos portugueses engajados, servir a utopia da igualdade forçada, a igualdade de facto, artificiosamente absoluta, à custa da perda de acesso ao saber universal científico, filosófico, artístico, aniquilando assim as verdadeiras possibilidades de emancipação, de esclarecimento, que poderiam sorrir a muitos jovens – incluindo os mais desfavorecidos – que frequentam hoje as nossas escolas.
O autor consegue, numa pequena obra bem informada (argumentado com base em fontes credíveis) e equilibrada (tanto se mune do filósofo liberal Oakeshott, como do marxista Gramsci!), desmontar facilmente toda a retórica da pedagogia romântica e construtivista radical, que inebriou muitos pedagogos portugueses e precipita a escola e o ensino em Portugal no abismo do irracionalismo pós-moderno.
Eis como a “moda” pode atingir a (pseudo)ciência! Mas eis também como o discurso racional e sapiencialmente fundado aí está, verdadeiramente esclarecedor – às vezes é preciso arrumar a casa, limpar o pó que oculta o brilho dos móveis e mudar a decoração!
Assim pudesse ser lido – e compreendido, claro!

(1) Doutorado em Matemática Aplicada nos E.U.A., onde trabalhou vários anos como professor e investigador, Nuno Crato é actualmente Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, professor no ISEG em Lisboa, investigador e divulgador científico.

Campanha pela formação dos jovens!

A Ministra da Educação anunciou hoje uma campanha de sensibilização para a formação, principalmente profissional, dos jovens.
Utilizando modelos mediáticos (figuras do futebol, moda, música...), que cativam os jovens, a campanha irá fazer passar a ideia de que é necessário aprender e ter uma formação científica, técnica ou profissional de base para se "ser alguém". Louvável.
Mas depois, no final da campanha, eis que surgirá um slogan confuso e estéril: "vamos todos melhorar a escola!" É claro que há coisas a mudar na escola (algumas mudanças estão já em curso, com o novo sistema de avaliação), embora haja outras a fazer (qualquer instituição necessita de vigilância constante nos seus processos organizativos, muito mais a nossa instituição educativa!) Mas o que seria consequente e absolutamente necessário era persuadir agora, directamente, pais e encarregados de educação a esforçarem-se decisivamente por orientar, de forma mais eficaz, os seus educandos, no sentido da inquestionavelmente salvífica formação! A escola melhorava, porque melhoravam as aprendizagens efectivas dos alunos! (E não basta aprender inglês, a fazer contas ou a trabalhar em grupo!!)
Politicamente era mesmo fácil, querendo-se, convencer o "eleitorado", que agora, depois de exigir esforços e alterações aos professores, era chegada a hora de responsabilizar os pais, afinal por aquilo que mais prezam e lhes diz respeito - a educabilidade dos seus filhos!
Mas, em vez de um "Vamos agora ajudar os nossos filhos a ter sucesso na escola!", mais retórica para confundir: 1. como se (apenas) a escola é que estivesse mal; 2. como se fossem mesmo todos a precisar de melhorar!

Os poetas amam Portugal. Os políticos deveriam melhorá-lo! (2)

Portugal

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,
a rechinante sardinha,
a desancada varina,
o plumitivo ladrilhado de lindos adjectivos,
a muda queixa amendoada
duns olhos pestanítidos
se fosses só a cegarrega do estio, dos estilos,
o ferrugento cão asmático das praias,
o grilo engaiolado, a grila no lábio,
o calendário na parede, o emblema na lapela,
ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!

Doceiras de Amarante, barristas de Barcelos,
rendeiras de Viana, toureiros da Golegã,
não há “papo-de-anjo” que seja o meu derriço,
galo que cante a cores na minha prateleira,
alvura arrendada para o meu devaneio,
bandarilha que possa enfeitar-me o cachaço.
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...

(Alexandre O’Neill)

quarta-feira, 7 de março de 2007

Os poetas amam Portugal. Os políticos deveriam melhorá-lo! (1)

Portugal sacro-profano

Neste país sem olhos e sem boca
hábito dos rios castanheiros costumados
país palavra húmida e translúcida
palavra tensa e densa com certa espessura
(pátria de palavra apenas tem a superfície)
os comboios são mansos têm dorsos alvos
engolem povoados limpamente
tiram gente de aqui põem-na ali
retalham os campos congregam-se
dividem-se nas várias direcções
e os homens dão-lhes boas digestões:
cordeiros de metal ou talvez grilos
que mãe aperta ao peito os filhos ao ouvi-los?
Neste país do espaço raso do silêncio e solidão
solidão da vidraça solidão da chuva
país natal dos barcos e do mar
do preto como cor profissional
dos templos onde a devoção se multiplica em luzes
do natal que há no mar da póvoa de varzim
país do sino objecto inútil
única coisa a mais sobre estes dias
Aqui é que eu coisa feita de dias única razão
vou polindo o poema sensação de segurança
com a saúde de um grito ao sol
combalido tirito imito a dor
de se poder estar só e de haver casas
cuidados mastigados coisas sérias
o bafo sobre o aço como o vento na água
País poema homem
matéria para mais esquecimento
do fundo deste dia solitário e triste
após as sucessivas quebras de calor
antes da morte pequenina celular e muito pessoal
natural como descer da camioneta ao fim da rua
neste país sem olhos e sem boca
(Ruy Belo)

terça-feira, 6 de março de 2007

Museu Salazar – mais democracia e não menos democracia!

O que é um Museu? É um espaço público que reúne objectos (de arte, ciência, política) culturalmente significativos para a memória de uma sociedade. Será Salazar objecto de colecção culturalmente significativa para a sociedade portuguesa? Apenas como ícone do Estado Novo, período da História Contemporânea de Portugal cujo significado cultural e histórico sobressai como contraponto entre o antigo regime ditatorial e o regime democrático liberal.
A ser bem constituído – com base numa séria reconstituição histórica do ditador e da sua relevância histórico-política, tão rigorosa quanto o saber actual o permita – poderia constituir um acervo documental para continuado estudo histórico do Estado Novo, mas também funcionar justamente como memória de um passado político que nos levaria, a cada visita, a pensar os logros e, naturalmente, os malogros da democracia. Mas, visitando tal Museu, a maioria das pessoas (há sempre lugar a excepções) só se poderia regozijar com o regime democrático... embora por cumprir!
Repare-se que, se em vez de Salazar tivéssemos tido Fidel Castro, o Estado deveria financiar, pelas mesmas razões estritamente histórico-culturais, o “Museu Fidel”!
Ou seja, impedindo ou proibindo este tipo de iniciativas culturais, estaríamos a edificar uma “democracia” baseada num infundado protectorado de ideias! Ao invés, a verdadeira democracia deve estar aberta ao pluralismo intelectual razoável, à busca racional e livre da verdade.
Note-se que o tão criticado Salazar (mas quem o não critica por tal?!), como líder de um verdadeiro regime totalitário, esse sim, seria capaz, como profusamente foi, de tal acto de censura e de impedimento forçado de acesso à História. A verdadeira razão de ser da recusa do Museu, perderia toda a razão de ser!
E depois não é um “Museu Pinochet” nem um “Museu Hitler”! (Embora na Alemanha existam tentativas, ao que parece muito sérias, como o Museu do Nazismo, da responsabilidade do Centro de Documentação do Nazismo [EL-DE-Haus] em Colónia, para aumentar a consciência histórica, mostrando ao mundo as atrocidades do nazismo! O mesmo fenómeno está em curso na Rússia, com o início da “revelação” do Gulag e outras atrocidades do regime comunista.)
Mas terá o regime salazarista sido assim tão tragicamente cruel (sem querer, obviamente, escamotear todo o seu totalitarismo!), que tenhamos de, pura e simplesmente, o elidir desesperadamente da nossa memória colectiva e, assim, impedir a formação crítica de uma verdadeira consciência histórico-política das gerações futuras?
Para que a democracia funcione não devemos ter receio de sermos democratas – para isso, só precisamos de ser esclarecidos!

Eterna juventude...

Rumor dos fogos

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se um dia a juventude voltasse
na pele das serpentes atravessaria toda a memória
com a língua em teus cabelos dormiria no sossego
da noite transformada em pássaro de lume cortante
como a navalha de vidro que nos sinaliza a vida

sulcaria com as unhas o medo de te perder... eu
veleiro sem madrugadas nem promessas nem riqueza
apenas um vazio sem dimensão nas algibeiras
porque só aquele que nada possui e tudo partilhou
pode devassar a noite doutros corpos inocentes
sem se ferir no esplendor breve do amor

depois... mudaria de nome de casa de cidade de rio
de noite visitaria amigos que pouco dormem e têm gatos
mas aconteça o que tem de acontecer
não estou triste não tenho projectos nem ambições
guardo a fera que segrega a insónia e solta os ventos
espalho a saliva das visões pela demorada noite
onde deambula a melancolia lunar do corpo

mas se a juventude viesse novamente do fundo de mim
com suas raízes de escamas em forma de coração
e me chegasse à boca a sombra do rosto esquecido
pegaria sem hesitações no leme do frágil barco... eu
humilde e cansado piloto
que só de te sonhar me morro de aflição


(Al Berto)

segunda-feira, 5 de março de 2007

Homenagem a Cesariny

O navio de espelhos
não navega, cavalga

Seu mar é a floresta
que lhe serve de nível

Ao crepúsculo espelha
sol e lua nos flancos

(Por isso o tempo gosta
de deitar-se com ele)

Os armadores não amam
a sua rota clara

(Vista do movimento
dir-se-ia que pára)

Quando chega à cidade
nenhum cais o abriga

(O seu porão traz nada
nada leva à partida)

Vozes e ar pesado
é tudo o que transporta

(E no mastro espelhado
uma espécie de porta)

Seus dez mil capitães
têm o mesmo rosto

(A mesma cinta escura
o mesmo grau e posto)

Quando um se revolta
há dez mil insurrectos

(Como os olhos da mosca
reflectem os objectos)

E quando um deles ala
o corpo sobre os mastros
e escruta o mar do fundo

Toda a nave cavalga
(como no espaço os astros)

Do princípio do mundo
até ao fim do mundo


(Mário Cesariny)

Semana da leitura (5 a 9)

O Plano Nacional de Leitura (www.planonacionaldeleitura.gov.pt) propõe uma semana da leitura (esta – de 5 a 9).
Por um lado, as “semanas de”, tal como os “dias”, são sempre redutores – parecem encaixotar naquele tempo determinado, toda a bagagem que há para levar, como se noutros dias não houvesse nada mais para transportar...!
Mas, por outro lado, numa era de choque tecnológico é imperioso não perder oportunidades para partilhar a serenidade edificadora das humanidades. Como amante da profissão docente, farei o que sempre tenho feito (porque não agora também!): direi e darei a dizer, poesia. Como amante da leitura e, em particular, da poesia proponho, numa selecção pessoal, um poema por dia aos leitores da blogosfera.

Uma excepção na bem ordenada Dinamarca

O estranho confronto entre jovens e polícia, em Copenhaga, merece três considerações:
1. A primeira é óbvia: trata-se de uma excepção na république bien ordonnée (para usar a velha [1576] expressão de Jean Bodin), que é a Dinamarca; o que denota, não menos obviamente, que não há equilíbrio social, processo de socialização, educação e ensino absolutamente infalíveis. O conflito, a discórdia e o excesso passional espreitam, ainda assim, onde há humanidade plural e livre!
2. Mas o conflito, que redunda em excesso passional, também se evita: provavelmente o diálogo pode não ter sido frutuoso na negociação com os jovens que, ao que parece, há muito ocupavam o edifício vendido a um grupo religioso.
3. Mas há que retirar daí outra consequência, politicamente relevante: os extremismos, no caso esquerdistas, vão irremediavelmente exibindo, mesmo na mais civilizada sociedade, a larvar intolerância prática, que teima em não aceitar grupos culturalmente diversos, mesmo que sejam grupos religiosos, que deverão ser, como quaisquer outros, tolerados, desde que sustentem posições razoáveis e perfeitamente compatíveis com um estado de direito democrático e liberal.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Al Gore Gastão e a pequena causa ecológica

1. Mais uma falácia ad hominem: Al Gore defende que devemos poupar energia, evitar o consumo de combustíveis fósseis,... e contribuir assim para a resolução do problema do global warming; mas ele gasta 20 vezes mais energia na sua própria casa; logo, não devemos dar-lhe ouvidos! É claro que não é pelo facto do autor do argumento (Al Gore) não o respeitar ele próprio, na íntegra, que o argumento é mau e deva ser menosprezado! Se há algo a fazer é argumentar que o próprio Gore, tal como os Teixeira da Cunha, as Marias, os Josés, eu e tu... devemos todos reflectir na crise ecológica global e procurar alternativas ao nosso estilo ecocida de vida actual!

2. Mais uma argumentação falaciosa da qual a acção política não consegue eximir-se. Mas também não faz mal, porque nem mesmo os eleitores americanos se aperceberão todos dessa falha argumentativa e haverá sempre alguns que irão ficar a pensar, erradamente, que afinal, o mais importante – as ideias amplamente propagadas por Gore –, não são boas ideias e muito menos verdadeiras para merecerem a nossa atenção! Destino: não há nada a fazer... porque há sempre alguém que encontra alguma imperfeição nos imperfeitos políticos – eis da mais pura demagogia!

3. Como o rapaz estava a ter sucesso propagandístico (até ganhou um óscar!) era preciso contra-atacar. Trata-se da vitalidade da boa política democrática americana. Mas também é verdade que, com tal forma de fazer política (Al Gore também incluído), talvez se perca uma excelente oportunidade para, finalmente, fazer subir ao palco da política americana uma (ainda infelizmente pequena!) causa que a todos interessa, dado o evidente estado do mundo!