Numa classificação muito divulgada, embora não única, na Ciência Política, os partidos políticos podem ser classificados em partidos de quadros e partidos de massas:
1. Os partidos de quadros surgiram na época da alvorada do sufrágio universal – num ambiente liberal, portanto – e têm como fito reunir pessoas ilustres para preparar eleições; são essencialmente partidos de notáveis, de individualidades com certa identidade de opiniões, que se reúnem para preparar eleições; por isso são partidos flexíveis, sem disciplina rígida e pouco estruturados, em que predomina a preocupação com a qualidade dos seus membros efectivos em detrimento da quantidade.
Actualmente, os principais partidos norte-americanos, os partidos liberais europeus e os partidos conservadores ainda se aproximam deste esquema, uma vez que os parlamentares destes partidos gozam de uma independência pessoal razoável na sua acção, a máquina partidária é flexível e o número de pessoas que intervêm nas decisões não é elevado.
2. Por outro lado, os partidos de massas aparecem numa fase histórica de consolidação do sufrágio universal – à medida que o eleitorado se alarga e que os cidadãos mais passivos do regime liberal se tornam mais reivindicativos e participantes na vida pública, organizam-se partidos de massas, baseados em amplas camadas de aderentes e de militantes e com programas mais definidos e delineados. São, assim, partidos mais centralizados, disciplinados e que procuram recrutar e formar o máximo de militantes activos, vivendo das secções de base territorial (as tão “importantes” “bases”!).
Os partidos socialistas foram os primeiros a adquirir esta forma, que viria a ter uma maior sofisticação nos partidos comunistas e viria a ser copiada pelos partidos fascistas (principalmente o partido nacional-socialista alemão e o partido fascista italiano).
Tornar o PSD ou qualquer outro partido com aspirações governativas num partido estritamente de massas é mau, pelo menos, por duas ordens de razão:
1. Porque numa era em que a política se tornou, irremediavelmente, (pelo menos) mesclada de tecnocracia é incontornável a necessidade de atrair quadros técnicos profissionalmente competentes e com a sabedoria político-partidária acumulada suficiente para travar batalhas eleitorais e governar em contexto muito politicamente difícil e pragmaticamente exigente, como é o contexto das sociedades contemporâneas com os seus problemas económicos, ecológicos, sociais, com especial relevo para a complexidade específica da sociedade portuguesa, que é uma sociedade ainda em vias de desenvolvimento/modernização.
2. Porque seria (já o é, de certo modo!) também uma forma de tornar mais comum e eticamente pseudojustificado o clientelismo de quem vive grudado no oportunismo político-partidário do cargo fácil – com as consequentes falhas governativas daí decorrentes, que têm atrasado o país –, e de quem não tem a independência profissional e intelectual e, tantas vezes, nem sequer a competência política, para contribuir, isso sim, com o despojamento e desinteresse fundamental para alcançar o bem comum.
Numa fase de suposto esvaziamento intelectual, ideológico e, portanto, político da política e dos (alguns) partidos políticos, talvez não fosse má ideia reorganizar, clarificar e assumir algumas ideias básicas, principalmente quando se pretende assumir a responsabilidade do poder.
1. Os partidos de quadros surgiram na época da alvorada do sufrágio universal – num ambiente liberal, portanto – e têm como fito reunir pessoas ilustres para preparar eleições; são essencialmente partidos de notáveis, de individualidades com certa identidade de opiniões, que se reúnem para preparar eleições; por isso são partidos flexíveis, sem disciplina rígida e pouco estruturados, em que predomina a preocupação com a qualidade dos seus membros efectivos em detrimento da quantidade.
Actualmente, os principais partidos norte-americanos, os partidos liberais europeus e os partidos conservadores ainda se aproximam deste esquema, uma vez que os parlamentares destes partidos gozam de uma independência pessoal razoável na sua acção, a máquina partidária é flexível e o número de pessoas que intervêm nas decisões não é elevado.
2. Por outro lado, os partidos de massas aparecem numa fase histórica de consolidação do sufrágio universal – à medida que o eleitorado se alarga e que os cidadãos mais passivos do regime liberal se tornam mais reivindicativos e participantes na vida pública, organizam-se partidos de massas, baseados em amplas camadas de aderentes e de militantes e com programas mais definidos e delineados. São, assim, partidos mais centralizados, disciplinados e que procuram recrutar e formar o máximo de militantes activos, vivendo das secções de base territorial (as tão “importantes” “bases”!).
Os partidos socialistas foram os primeiros a adquirir esta forma, que viria a ter uma maior sofisticação nos partidos comunistas e viria a ser copiada pelos partidos fascistas (principalmente o partido nacional-socialista alemão e o partido fascista italiano).
Tornar o PSD ou qualquer outro partido com aspirações governativas num partido estritamente de massas é mau, pelo menos, por duas ordens de razão:
1. Porque numa era em que a política se tornou, irremediavelmente, (pelo menos) mesclada de tecnocracia é incontornável a necessidade de atrair quadros técnicos profissionalmente competentes e com a sabedoria político-partidária acumulada suficiente para travar batalhas eleitorais e governar em contexto muito politicamente difícil e pragmaticamente exigente, como é o contexto das sociedades contemporâneas com os seus problemas económicos, ecológicos, sociais, com especial relevo para a complexidade específica da sociedade portuguesa, que é uma sociedade ainda em vias de desenvolvimento/modernização.
2. Porque seria (já o é, de certo modo!) também uma forma de tornar mais comum e eticamente pseudojustificado o clientelismo de quem vive grudado no oportunismo político-partidário do cargo fácil – com as consequentes falhas governativas daí decorrentes, que têm atrasado o país –, e de quem não tem a independência profissional e intelectual e, tantas vezes, nem sequer a competência política, para contribuir, isso sim, com o despojamento e desinteresse fundamental para alcançar o bem comum.
Numa fase de suposto esvaziamento intelectual, ideológico e, portanto, político da política e dos (alguns) partidos políticos, talvez não fosse má ideia reorganizar, clarificar e assumir algumas ideias básicas, principalmente quando se pretende assumir a responsabilidade do poder.
4 comentários:
Muito bem Elaborado o Conteúdo
Muito bem trabalhado. Concordo com Thaty. Mas eu acho que você também tem que contar como antes as pessoas também se reuniram em bares e falavam sobre política . Os bares foram lugares onde as pessoas se reuniam para discutir. Algo como os bares, onde os motoristas de táxi vão agora. Eu sei de alguns restaurantes em alphaville onde as pessoas vão para armar debates políticos. É o mesmo estilo que foi usado antes, essas pessoas são homens mais velhos que discutem sobre a política nacional e internacional. E sobre qualquer coisa.
Ótimo texto! Mas ainda resta uma dúvida: os atuais partidos brasileiros, em geral, se enquadrariam em qual classificação?
Os partidos são meros instrumentos de elites ocultas com programas de governo com soluções para tudo e todos que nunca serão realizados, tudo se deve ao cepticismo dos partidos políticos não funcionais que disputam dinheiros públicos e empregos públicos minados pelas clientelas e famílias partidárias. Quanto mais os partidos estão elitistas mais se afastam das massas e servem lobis e interesses. Partidos de massas já não existem, mas sim partidos de quadros ou elites, catch-all-Parties e de cartel. Os partidos novos são formados por elementos que se desagregaram de outros partidos, principalmente de partidos de quadros, onde nunca conseguiram chegar a cargos de poder.
Enviar um comentário