quarta-feira, 30 de abril de 2008

Valor da Filosofia reconhecido por jovens americanos

Na secção de educação do The New York Times foi publicado (na edição de 6-4--2008) um artigo que dá conta do incremento bastante elevado da procura da Filosofia em vários cursos de várias universidades americanas, com depoimentos de jovens estudantes que reconhecem o valor, pelo menos instrumental, das competências e conhecimentos filosóficos.

Não resisto a citar aqui um excerto desse artigo:

«Once scoffed at as a luxury major, philosophy is being embraced at Rutgers and other universities by a new generation of college students who are drawing modern-day lessons from the age-old discipline as they try to make sense of their world, from the morality of the war in Iraq to the latest political scandal. The economic downturn has done little, if anything, to dampen this enthusiasm among students, who say that what they learn in class can translate into practical skills and careers. On many campuses, debate over modern issues like war and technology is emphasized over the study of classic ancient texts.» (Winnie Hu, "In a New Generation of College Students, Many Opt for the Life Examined")

A aprendizagem da Filosofia (mesmo que não recorrendo, necessariamente, aos grandes textos antigos da filosofia, embora tal suscite outro debate!) é, de facto, central num curriculum moderno, completo e equilibrado, dada a sua vocação organizadora dos saberes, orientadoras de vivências e formadora de competências críticas, problematizadoras, analíticas e compreensivas, que em muito engrandecem o ser humano enquanto ser humano, mas também o preparam para a vida activa profissionalmente hoje intelectualmente bastante exigente, mesmo em áreas que, tradicionalmente, não seriam, supostamente, tão exigentes.

Uma forma de reconhecer adequadamente em Portugal esse – afinal hoje realmente incontestável – valor formativo da Filosofia passaria por um reconhecimento institucional inequívoco da importância da disciplina no ensino secundário, através:

1. da sua inclusão como opção no 12.º ano dos cursos científico-tecnológicos,

2. bem como pela inclusão de um exame nacional de conhecimentos e competências filosóficas, no final do ensino secundário (11.º ano). (Medidas já propostas pela Sociedade Portuguesa de Filosofia.)

No caso da primeira medida, as competências e conhecimentos filosóficos seriam justamente alargados aos alunos dos cursos científico-tecnológicos do 12.º ano, que muito beneficiariam com um programa que envolvesse o aprofundamento de, por exemplo, temáticas de Ética Aplicada e Filosofia da Ciência e da Tecnologia.

No caso da segunda medida, ser examinado a uma disciplina de Português ou Matemática é uma exigência ditada pela importância destas disciplinas na formação dos alunos no final daquele ciclo de ensino; fazer o mesmo na disciplina de filosofia seria conceder-lhe, por aquela via, a mesma importância, cada vez mais reconhecida internacionalmente, não só pelos meios académicos, como também empresarias e, agora também, pelos próprios jovens, que sentem a necessidade de estar munidos de instrumentos intelectuais que os tornem capazes de melhor compreender o mundo, bem como para estarem mais bem preparados para evoluir na sua carreira profissional.

1 comentário:

Francisco Castelo Branco disse...

Ola! Vi o seu blogue e gostei bastante. Tem muito conteudo e bastante interesse......
Tenho um blogue . É www.olhardireito.blogspot.com ..... Gostava que o visitasse e desse uma opinião....

Obrigado pela atençao

Cumprimentos