quarta-feira, 28 de março de 2007

O (simples) "caso Salazar" ou as diabruras da democracia!

Num concurso televisivo sobre o melhor português (critério, no mínimo, estranho de eleição do "melhor" português!), 200.000 pessoas elegem Salazar, outras asseguram o segundo lugar a Cunhal. Dos votantes (e de tantos outros), quem quer saber do Pessoa ou do Aristides?! Portugueses?! Talvez (o primeiro até em inglês escreveu! E o segundo, não seria judeu?!).
Claro que a cultura televisiva, suave, embora não inofensiva, não permite obviamente um aprofundamento cultural sereno e criterioso da consciência histórica (coisa que só estragaria o espectáculo, embora melhorasse substancialmente a vida das pessoas). Tratou-se apenas de um concurso de televisão. Mas não podemos escamotear, por muito que custe a tanta gente (qualquer pessoa politicamente esclarecida e lúcida não pode deixar de seriamente se incluir neste grupo), que tal votação pode perfeitamente expressar um profundo, embora naturalmente irracional, descontentamento por 25 anos de democracia... por cumprir!
Num país (quase) democrático, um Ministro da Cultura, a par (?!) de alguns revolucionários apavorados (com a tumba, ao invés de estarem atentos aos vivos!), recusa (cruzes, credo?!) um apoio (não se sabe de que tipo) a uma casa-museu... do "melhor português de sempre"!!!
É claro, e simples, que o interesse, apenas histórico-cultural (não vejo outro) num museu Salazar deve ser avaliado objectivamente, tendo em conta a relevância histórica de, repito, um acesso democrático ao contraponto do regime democrático, que não deve ser esquecido!
Em suma e caso arrumado: Salazar não é o melhor português de sempre; qualquer pessoa pode livremente assim considerá-lo; assim considerá-lo, deve exigir reflexão profunda a todos os democratas; e quanto a um museu... é como na Ota - que se decida com base em informação científica, objectiva... e não sejamos piores que o "pior português de sempre"!