domingo, 10 de maio de 2009

A política (e os políticos) Maizena!

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Qualquer estudante de Filosofia do 11.º ano do ensino secundário sabe que um argumento ad hominem é um argumento contra a pessoa, alegando a sua idade, sexo, nacionalidade, etnia, cultura ou outra característica, normalmente irrelevante e preconceituosa, como sendo uma razão para não se aceitar as suas ideias. Como tais características não são relevantes para avaliar as ideias, não constituem nunca razões para as rejeitar. Esses argumentos são, pois, falaciosos – parecem bons, mas são maus, uma vez que em vez de apresentarem razões que refutam as ideias, tentam atacar a pessoa que as defende.

Foi o que fez (não saberá isto?!) o Ministro da Economia, Manuel Pinho, contra Paulo Rangel e a sua crítica aos programas contra o desemprego defendidos pelo recém-socialista Basílio Horta. Ao invés de apresentar razões para se não aceitar o argumento e proposta de Rangel, resolveu fazer uma graçola infeliz, sobretudo para um Ministro da República: “Paulo Rangel ainda tem que comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta”. (Esta frase alimenta mesmo… vergonha e afastamento da política!)

Quando se apresentaram as legítimas suspeitas pela forma como José Sócrates tinha obtido a sua licenciatura ou tinha projectado belíssimas casas na Covilhã ou, mais recentemente, no "caso Freeport", toda a gente, de calcanhares elevados, se pôs de bicos de pés – é um ataque à pessoa! (São as "forças ocultas"!!) Agora, até um Ministro da República não só exibe a sua incompetência política – quando não é capaz de utilizar qualquer argumento para rebater as propostas de Paulo Rangel para resolver o desemprego na Europa –, como mostra a sua (falta de) ética política: ou não sabe que está a utilizar um argumento contra a pessoa (nem sequer é capaz de apreciar a rudeza do mesmo!) ou então, o que é pior, mas naturalmente mais provável, fê-lo intencionalmente.

Argumenta-se falaciosamente quando o auditório tem menos instrumentos capazes de avaliar bons argumentos, pois assim os maus argumentos travestidos de bons argumentos (as falácias) ainda podem ter algum sucesso manipulador. Paulo Rangel prefere respeitar os portugueses e continuar a argumentar e a apresentar propostas... sem precisar de baixar o nível!

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