terça-feira, 16 de junho de 2009

Nervosismo político

O PM José Sócrates confundiu ontem, à entrada da Comissão Política do PS, os conceitos de maioria absoluta e maioria parlamentar. Afinal, resume-se a uma questão aritmética simples: a maioria absoluta é uma maioria com 50% dos votos mais um (de um ou mais partidos coligados), enquanto que uma maioria parlamentar é constituída pelo partido mais votado (ou uma coligação de partidos), não tendo que ser uma maioria absoluta, podendo ser apenas relativa.
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Não foi apenas uma gafe. Trata-se de um nervosismo político que começa, naturalmente e por força das circunstâncias políticas, a afectar José Sócrates, um político inteligente que, apesar de tudo, não cometeria, a não ser havendo uma forte razão para tal, tão grosseira falha conceptual, muito facilmente evitável. O que está em jogo é que o PS tem, num curto lapso de tempo útil para as legislativas, um grande problema: o que fazer para retomar um discurso ganhador, triunfante e arrogante, que tem caracterizado a governação e o estilo de José Sócrates, quando o que agora o PS terá de fazer (como se estivesse na oposição!) é ter de galvanizar vontades descontentes, recuperar votos, explicar reformas mal conduzidas para, pelo menos, ter uma maioria parlamentar.
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Curioso será assistir, doravante, a um José Sócrates "humilde", "pedagógico", "próximo" e "empático" a explicar muito bem às pessoas que, apesar de ter falhado, não voltará a falhar!
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O que José Sócrates quiz dizer é mesmo isso: dêem-me, pelo menos, uma maioria parlamentar, que agora é que vou mesmo fazer tudo bem! Nesta fase, mais vezes acontecerá alguém ter que vir a terreiro explicar o que José Sócrates quiz dizer! (Até parece Manuela Ferreira Leite nos seus dias comunicacionalmente menos bem conseguidos.) É nervosismo político. Acontece aos melhores!

2 comentários:

Luis Melo disse...

O jornal Público noticia hoje que Sócrates confunde maioria absoluta com maioria parlamentar

Eu parece-me é que quando o PM entrou para a reunião da comissão política, ia cabisbaixo e derrotado, depois da estrondosa derrota nas eleições europeias. Sócrates "perdeu o pio" e a arrogância transformou-se de repente em humildade.

Mas bastaram umas horas dentro de uma sala com os seus pares (leia-se boys) a bajularam-no para voltar a ser o "velho" Sócrates que os portugueses conhecem: arrogante, seco, cínico e falso. A dar o dito por não dito mais uma vez.

Mais 3 pontos para José Sócrates na Superliga "incompetente-mor"

Miguel Portugal disse...

De facto, Luis Melo, será difícil para José Sócrates metamorfosear-se em humildade política; mas é mesmo o que lhe resta depois deste resultado eleitoral. Não sei se ainda vai a tempo!