domingo, 11 de dezembro de 2011

Leituras…

...de Murcho, D. (2011). 7 Ideias Filosóficas Que Toda a Gente Deveria Conhecer. Lisboa: Bizâncio. Trata-se de uma introdução à filosofia através de sete das mais visíveis teorias filosóficas da história, algumas delas que andam até na boca de muitas pessoas, como slogans elegantes e “profundos”, sinais exteriores de erudição, mas tantas vezes incompreendidas e mal usadas – a ser assim, de nada servem. O A. dá-nos a oportunidade de com ele pensar o significado mais exato dessas ideias, a sua importância histórica, mas, sobretudo, intemporal, e proporcionando uma compreensão bastante acessível ao neófito (ou a quem estiver suficientemente maduro para perceber que, afinal, necessita dessa compreensão!).

“Penso, logo existo”, “só sei que nada sei”, “no meio é que está a virtude”, “a guerra de todos contra todos”, “o despertar do sono dogmático”, “uma rosa com outro nome” e “maior do que o qual nada pode ser pensado” são as sete ideias que D. Murcho escolheu como indispensáveis para dar a conhecer ao grande público. Iniciando cada capítulo com uma breve, mas muito útil, contextualização histórica, o autor discute os aspetos centrais de teorias de Descartes, Sócrates, Aristóteles, Hobbes, Kant, Frege, S. Anselmo, entre outros, procedendo a uma facilitadora e esclarecedora abordagem da área da filosofia em que se enquadram, aproveitando assim para mostrar um leque de temas-problemas nodais da filosofia.

Este opúsculo acessível a qualquer pessoa que se predisponha a gastar menos de uma centena de minutos a lê-lo (nos transportes públicos, na fila de espera, antes de adormecer…) termina com uma defesa de uma das teses favoritas do autor – qual leitmotiv para a sua divulgação – acerca da filosofia: a filosofia é uma área do saber com características próprias, com problemas próprios e com um modo de acesso próprio e, por isso, com uma abordagem histórica (via tantas vezes percorrido) não se acede à filosofia, apenas à sua história; para se aceder à filosofia é preciso discutir os seus problemas, analisar as suas teorias e avaliar criticamente os seus argumentos. Exige de nós “algum” esforço intelectual, mas é um esforço benfazejo e aprazível, se pensarmos, senão em certezas (inacessíveis), ao menos (o que já é muito) no esclarecimento que nos proporciona diante das nossas mais assombrosas perplexidades.

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