sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A moral do burgo

Pacheco Pereira chama hoje a atenção, no fundo, para um dos pilares essenciais do juízo ético (para não dizer de qualquer juízo) -- a consistência. Afinal, as infelizes "palhaçadas" e a agressividade verbal que se vive no nosso parlamento não são estratégia dos ditos "irresponsáveis partidos da oposição"; são uma estratégia política inaugurada pelo PM José Sócrates no seu governo maioritário e que agora não consegue ou não quer alterar e que, portanto, prossegue, tendo mesmo sido alargada à bancada parlamentar do PS.
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A tácita falta de autoridade ética do deputado que presidiu à comissão parlamentar do "palhaço", que deveria ter suspendido de imediato tal sessão, ou do próprio Presidente da Assembleia da República, que vai permitindo a utilização de linguagem imprópria para detentores de lugares em órgãos de soberania, revelam o gradual empobrecimento e degradação da nossa democracia parlamentar. Mas isto não são "bocas regimentais legítimas"(!); é mesmo falta de polidez, vulgo falta de educação. E toca a todos, mesmo aos ditos "partidos responsáveis".

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Medina Carreira arrasa ensino em Portugal

Medina Carreira é uma daquelas vozes de tal modo incómodas que facilmente é afastado da discussão como derrotista, pessimista, "cinzentão", "bota-abaixo", entre outros termos que procuram afastar as pessoas da discussão de ideias. Desta feita, defendeu que o ensino em Portugal é uma "trafulhice" e isto não só nas ditas "novas oportunidades", mas um pouco por todo o sistema de ensino. Assim é, mas pouco parecem adiantar estas críticas, pois é sempre mais fácil, política e socialmente, iludir, dizendo que toda a gente aprende tudo e mais alguma coisa, do que, realisticamente, possibilitar a todos os jovens um verdadeiro ensino de qualidade.
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Quanto à avaliação de professores, disse outra evidência: se não se avaliam verdadeiramente os alunos, como é possível (e para que serve) avaliar professores? Com condições de um ensino real, então sim, avaliemos o trabalho docente!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Em plena Copenhaga - a tragédia do Climategate!

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«Os meios de comunicação social anglo-saxões e a blogosfera continuam cheios de informações, análises e debates acerca do Climategate. Mas em Portugal, ao contrário, os media escondem tanto quanto podem esta tragédia da ciência. A tentativa de silenciamento deste escândalo de enormes proporções, que se abateu tanto no campo científico como no campo político, não honra os media portugueses.

Convém recapitular os factos:

Um ou mais hackers, por enquanto desconhecidos, tornaram públicos quase sete mil ficheiros com cerca de mil emails da unidade de investigação CRU (Climate Research Unit) da Universidade de East Anglia, Norwich, Reino Unido.

Por sua vez, a CRU está intimamente ligada a outro centro de investigação Hadley Center (daí a existência do acrónimo HadCRU) na reconstrução do índice das temperaturas médias globais da superfície do planeta obtidas a partir de observações termométricas.

Esta informação HadCRU é difundida pelo Met Office inglês (equivalente ao nosso Instituto de Meteorologia) e, igualmente, pela Organização Meteorológica Mundial. O IPCC utiliza, oficialmente, esta informação e ignora as observações dos satélites meteorológicos.

Assim, o correio electrónico, os ficheiros e os códigos informáticos sacados pelos hackers valem uma autêntica fortuna, pois revelam a extensão conspirativa dos que tramaram o mito do aquecimento global (...)
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(Para uma rara excepção nos media portugueses sobre este Climategate, veja-se artigo muito bem informado no Expresso.)
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Parece que agora há mesmo provas, tornadas públicas, de uma manipulação política de dados científicos e de uma já apelidada alta traição à ciência por parte de muitos cientistas que estão a trabalhar para o IPCC. Mas a cimeira de Copenhaga parece indiferente a isto. É verdade que a verdade é manipulável.

sábado, 5 de dezembro de 2009



Dar a pensar…

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«Vale a pena defender as sociedades liberais, pois personificam um tipo de vida civilizada em que crenças rivais podem coexistir em paz. Quando se tornam regimes missionários, esse êxito é posto em risco. Ao fazer a guerra para promover os seus valores, na realidade as sociedades liberais existentes são corrompidas. Foi isso que aconteceu quando a tortura, cuja proibição foi resultado de uma campanha iluminista que começou no século XVIII, foi usada no início do século XXI como arma numa cruzada iluminista a favor da democracia universal. Preservar as limitações civilizacionais tão dificilmente conquistadas é menos excitante do que deitá-las fora, a fim de realizar sonhos impossíveis. O barbarismo tem um certo encanto, particularmente quando vem vestido de virtude.»
John Gray, A Morte da Utopia e o Regresso das Religiões Apocalípticas, trad. port. Freitas e Silva (Lisboa: Guerra e Paz, 2008) 255.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009