sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre a contratação generalizada de professores pelas escolas

Numa (benvinda) fase de reforma liberalizadora do sistema educativo, seria interessante, no entanto, proceder a uma apreciação crítica adequada à nossa realidade. Por exemplo, a previsível contratação de professores directamente pelas escolas/directores é um bom sistema, em abstrato, mas não funcionará adequadamente, em particular, em muitas escolas portuguesas, porque:

- alguns directores (demasiados?) funcionam numa lógica imbecilmente partidária, amiguística, tribal até e, em geral, não percebem nada de educação e organização educativa (não mais do que qualquer outro professor mediano), para além de lhes faltar espírito de serviço e outros preceitos éticos;

- alguns autarcas (demasiados?), agora representados no Conselho Geral das escolas (conselhos de administração), também não estão lá para pensar no futuro daquelas crianças e jovens, mas no modo como vão continuar a exercer um poder cada vez mais alargado sobre os seus concidadãos ignorantes e dependentes (que bela democracia!);

- alguns pais (demasiados?), representados naquele mesmo conselho, não têm ainda capacidade e conhecimentos para exigir os melhores professores, porque não percebem o verdadeiro valor da educação para os seus filhos e, também eles, estão completamente manietados pelo poder político local, uns parecendo mesmo delirar com tal jogo deprimente e todos, de qualquer modo, incapazes de se libertarem de tais grilhões.

A não ser assim, muito naturalmente que uma maior autonomia das escolas aumentaria a qualidade do serviço prestado, pois, sendo o director alguém sapiencialmente qualificado e motivado para a área da educação e gestão escolar (e não para outra coisa qualquer!), escolheria os melhores professores para a sua escola, exigiria os melhores resultados possíveis, em constante diálogo com cada professor ou grupo de professores e, assim, estaria em posição de apresentar um verdadeiro serviço público de educação e ensino aos seus destinatários – a sociedade, em geral, e a comunidade local, em particular.

Mas isto, como é sabido, é ainda uma miragem no nosso país. De qualquer modo, também é verdade que não podemos continuar sentados, a apontar - pateticamente risonhos ou inconsequentemente zangados - as desgraças da nossa própria sociedade. É imperioso começar a desbravar caminho em direcção à civilização… por muito esforço e desalento que tal envolva!

P.S.: Texto adaptado a partir de um comentário a este post do Profblog, de Ramiro Marques.

3 comentários:

Anónimo disse...

Fala dessa forma porque deve ser do quadro e tem uma escola para leccionar. Se vivesse com a guilhotina do desemprego constante não teria esse discurso. Autonomia em Portugal é igual a favores pessoais, falta de democracia e corrupção intelectual. Para este tipo de autonomia já nos chega a Madeira
Aires

Anónimo disse...

Concordo inteiramente com o comentário anterior e acrescento - até quando esta fantochada das ofertas de escola? quando deixaremos de ver colegas com graduações imensamente inferiores às nossas com contrato renovado ano após ano, somente porque tiveram sorte em ficar colocados, já lá vão dois anos, em escolas TEIP?

António Pereira disse...

Boa tarde!
Encontra-se ao vosso dispor um “nanoguia” do novo acordo ortográfico. Pouco maior do que um cartão de crédito, basta imprimir, plastificar e guardar na carteira para momentos de aflição. Também estão disponíveis novos materiais de aplicação/treino das regras do hífen: “MISTÉRIOS DO HÍFEN” III e IV.
Tudo isto no sítio do costume: http://acordo-ortografico.blogspot.com
Boa hifenização para todos!