Mirandela. Agosto de 2008, era moderna (!?). Um grupo de turistas, depois de se deleitar com a frugalidade dos espaços verdes, de lazer e desporto e do património arquitectónico da Princesa do Tua, de ter degostado os seus típicos fumeiro, queijaria e uma nova cozinha sustentada no melhor azeite virgem extra do mundo, resolve fruir os prazeres de uma serena viagem de comboio por uma das mais belas linhas férreas do mundo. Azar! Descarrilou!
Num lapso de tempo de cerca de um ano e meio, mais um (o quarto!) descarrilamento de uma composição do metro de superfície de Mirandela ao serviço da CP na linha ferroviária do Tua. Mais uma vítima mortal. E mais displicência nas declarações oficiais, designadamente do director de comunicação da CP, que, no meio de profícua verborreia politicamente correcta, comunica a profunda ideia de que a vida é um risco constante e que este descarrilamento faz parte das coisas que podem acontecer numa linha férrea… da CP!
Em lugar de comunicar a ideia de que tudo se fará para apurar as causas e as responsabilidades de mais um misterioso acidente ferroviário numa linha em vias de extinção devido à construção da barragem do Tua, e, portanto, transmitindo aos utentes da CP a ideia de que esta empresa tudo fará para assegurar as condições de segurança necessárias à circulação ferroviária em “todas” as linhas do país, comunica, ao invés, a trágica ideia romântica de que é, naturalmente, arriscado viajar em composições ferroviárias da CP ou ao serviço da CP!
Descarrilou mais um comboio na pequena, remota e insignificante linha transmontana do Tua?! Bom… “c’est la vie!” Mas, bom, também é mais uma prova do terceiro-mundismo que teima em caracterizar a forma como o nosso estado (e a nossa sociedade) está (des)organizado. E, ao que tudo indica, é mais uma estranha coincidência na novela dos interesses obscuros em torno da construção compulsiva de uma barragem que, de forma demasiado simplista (para não dizer simplória!), inviabilizará uma linha ferroviária de enorme valia histórico-patrimonial e paisagística e, portanto, de valor acrescentado em termos turísticos para uma região em que o turismo é demasiado importante.
Mas talvez ainda venha a suar um “jamais!” da parte da tutela, relativamente a acidentes completamente injustificados numa linha que teve mais acidentes neste ano e meio que talvez em todo a sua história de mais de um século! Mas, por favor, que ninguém se demita, que isso é característico de países desenvolvidos!
Quem inteligente, com espírito crítico e cultura política (que os há por estas bandas!) fica a aguardar (sentado, claro, para se não cansar!) pelo resultado atempado de mais um inquérito de apuramento de factos e de responsabilidades (ainda faltam dois, dos três acidentes anteriores!). Ou ninguém – como nos países do terceiro mundo – é responsável pelo que aconteceu? Mas também pessoas com aquelas características definidoras de uma cidadania consciente de mundo (que os há muitos por esse Portugal fora), sempre poderão pensar (e agir nesse sentido!) que uma empresa ferroviária que permite mais um estranho descarrilamento ferroviário nesta linha e cujo director de comunicação é capaz de comunicar aquela ideia justificativa completamente medíocre, irresponsável e desrespeitadora dos seus destinatários, merecerá um boicote aos seus serviços por esse país fora… Tal acto não seria apenas uma questão de prudência; seria, sobretudo, uma afirmação de cidadania digna.
Seja crítico – não viaje na CP!
Num lapso de tempo de cerca de um ano e meio, mais um (o quarto!) descarrilamento de uma composição do metro de superfície de Mirandela ao serviço da CP na linha ferroviária do Tua. Mais uma vítima mortal. E mais displicência nas declarações oficiais, designadamente do director de comunicação da CP, que, no meio de profícua verborreia politicamente correcta, comunica a profunda ideia de que a vida é um risco constante e que este descarrilamento faz parte das coisas que podem acontecer numa linha férrea… da CP!
Em lugar de comunicar a ideia de que tudo se fará para apurar as causas e as responsabilidades de mais um misterioso acidente ferroviário numa linha em vias de extinção devido à construção da barragem do Tua, e, portanto, transmitindo aos utentes da CP a ideia de que esta empresa tudo fará para assegurar as condições de segurança necessárias à circulação ferroviária em “todas” as linhas do país, comunica, ao invés, a trágica ideia romântica de que é, naturalmente, arriscado viajar em composições ferroviárias da CP ou ao serviço da CP!
Descarrilou mais um comboio na pequena, remota e insignificante linha transmontana do Tua?! Bom… “c’est la vie!” Mas, bom, também é mais uma prova do terceiro-mundismo que teima em caracterizar a forma como o nosso estado (e a nossa sociedade) está (des)organizado. E, ao que tudo indica, é mais uma estranha coincidência na novela dos interesses obscuros em torno da construção compulsiva de uma barragem que, de forma demasiado simplista (para não dizer simplória!), inviabilizará uma linha ferroviária de enorme valia histórico-patrimonial e paisagística e, portanto, de valor acrescentado em termos turísticos para uma região em que o turismo é demasiado importante.
Mas talvez ainda venha a suar um “jamais!” da parte da tutela, relativamente a acidentes completamente injustificados numa linha que teve mais acidentes neste ano e meio que talvez em todo a sua história de mais de um século! Mas, por favor, que ninguém se demita, que isso é característico de países desenvolvidos!
Quem inteligente, com espírito crítico e cultura política (que os há por estas bandas!) fica a aguardar (sentado, claro, para se não cansar!) pelo resultado atempado de mais um inquérito de apuramento de factos e de responsabilidades (ainda faltam dois, dos três acidentes anteriores!). Ou ninguém – como nos países do terceiro mundo – é responsável pelo que aconteceu? Mas também pessoas com aquelas características definidoras de uma cidadania consciente de mundo (que os há muitos por esse Portugal fora), sempre poderão pensar (e agir nesse sentido!) que uma empresa ferroviária que permite mais um estranho descarrilamento ferroviário nesta linha e cujo director de comunicação é capaz de comunicar aquela ideia justificativa completamente medíocre, irresponsável e desrespeitadora dos seus destinatários, merecerá um boicote aos seus serviços por esse país fora… Tal acto não seria apenas uma questão de prudência; seria, sobretudo, uma afirmação de cidadania digna.
Seja crítico – não viaje na CP!
2 comentários:
''Seja Crítico - Nao viaje na CP''
É essa a ideia mesmo... Ao viajar-mos nos comboios da CP, só estamos a dar dinheiro para viajar-mos pelas portas da morte... o que nao deixa de ser interessante, certamente os turistas iram voltar a visitar Mirandela!!!
Já agora, era interessante saber se o Director da CP viaja de comboio ou de Mercedez...
É claro que apelar às pessoas para que não viajem na CP é impetuoso. Mas, pelo menos, espero que faça pensar na situação completamente inusitada da famigerada linha ferrea do Tua!
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