[Sobre finalidades da educação]
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«Que tipo de sociedade vamos ter em 2025? Não será fácil responder de forma objectiva e suficientemente ampla a esta questão. Mas conhecemos algumas tendências.
Em primeiro lugar, a incerteza. Os últimos vinte anos da história mundial recolocaram o problema da reduzida visibilidade prospectiva, dificuldade característica dos períodos de obsolescência e aceleração dos processos de mudança. Fenómenos como a globalização, a inovação tecnológica contínua, as novas formas de competitividade nos mercados internacionais, o aumento de mobilidade das diferentes formas de capital, especialmente de capital humano, estão a transformar as bases da organização social, das economias e dos Estados.
(…)
É necessário preparar e educar as novas gerações para a incerteza. Como? Centrando o ensino e as aprendizagens no adquirido fundamental, a saber: diversificada formação cultural (as línguas, as literaturas, a historia, a filosofia, as artes) combinada com uma sólida cultura científica (a matemática e as ciências).
(…)
A incerteza exige, antes de mais, solidez de conhecimentos e capacidade de os mobilizar para situações novas. Essa solidez adquire-se com esforço – nomeadamente de memorização –, treino, trabalho sistemático e disciplina. A capacidade de mobilizar o conhecimento desenvolve-se através da prática de resolução de problemas, do incentivo à reflexão, do raciocínio demonstrativo, do confronto as soluções. Os dois requisitos completam-se e tornam-se indispensáveis principalmente quando sustentados em atitudes favoráveis aos processos de mudança e adaptação, nomeadamente de carácter organizacional.»
David Justino, Difícil é Educá-los (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010) 94-5.
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