Neste momento, os professores portugueses estão preocupados com as alterações ao modelo de ADD. Alguns talvez excessivamente preocupados, quando talvez não estejam a ter o distanciamento crítico e serenidade necessários, que lhes permita verificar, sem mediação cega de sindicatos ou opinion makers, que as alterações propostas pelo governo talvez sejam, em geral, boas ou, pelo menos, que vão no bom sentido.
A minha posição é a de que estas alterações estão no bom caminho e que agora deveríamos passar a concentrar-nos noutras reformas de fundo no sistema educativo. O modelo de avaliação que começa agora a ser delineado vai no sentido de outros modelos há muito em vigor noutros países e, como naqueles, tem o intuito fundamental de contribuir para a melhoria do profissionalismo docente e, inevitavelmente, para a diferenciação qualitativa, promovendo e premiando a excelência. Melhorará o ensino e aprendizagem e dignificará a profissão.
A comparação com outros países é sempre uma forma de não nos sentirmos solitários. E num mundo globalizado, não parece colher mais o argumento das diferenças culturais e costumeiras dos portugueses, que só nos empurra para um país comodista, atrasado e pobre. Por exemplo, nos E.U.A., a preocupação é hoje a de melhorar os sistemas de avaliação de professores, muito semelhantes ao que está a nascer entre nós, sobretudo porque, veja-se, se pretende que o sistema de remuneração dos professores se baseie no desempenho profissional e não, como até agora tem acontecido, no tempo de serviço e graduação académica!
Veja-se um excerto de uma entrevista a Grover Whitehurst, director do Brookings' Brown Center on Education Policy (um think tank baseado em Washington, D.C.). E veja-se como nós estamos noutra fase, anterior (para não dizer atrasada!), da discussão – preocupados se somos ou não avaliados e como e porquê, quando deveríamos estar a passar esta página com alguma celeridade, com os olhos postos noutros aspectos essenciais do sistema educativo que exigem ser adaptados a um mundo exigente em que vivemos.
Seria, no mínimo, polémico em Portugal, não seria?! Mas talvez mais justo e motivador em termos profissionais, não? Talvez fosse bom tentar reflectir directamente nas ideias, com algum distanciamento e de modo menos preconceituoso e menos agarrado a bengalas cómodas (hábitos, sindicatos, partidos políticos…), para evoluirmos e fazermos evoluir o sistema educativo em Portugal.
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