segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A vida não é um jogo!

A sociedade de livre iniciativa e consumo é uma sociedade onde impera a liberdade como valor fundamental, que organiza essa mesma sociedade e a ordena do ponto de vista da justiça. Mas a liberdade justa é uma liberdade igual para todos, em que a liberdade deve naturalmente ser limitada, embora apenas pela própria liberdade!

Os jogos electrónicos, a par de outros produtos para jovens, são cada vez mais atraentes. A finalidade da maioria não é ajudar o jovem a crescer, mas é sim vender a maior quantidade possível de unidades. Isso, à partida, não encerra qualquer mal: aumentando as vendas, aumenta o emprego; aumentando o emprego, diminui a precaridade económica e social. No entanto, não parece haver dúvidas que as crianças e os jovens adolescentes devem ser preservados nas suas especificidades desenvolvimentais (conhecimento científico e tratados internacionais já bastam!) e não tratados pura e simplesmente como alvos a manipular, no sentido de comprarem os jogos.

A mais recente polémica (veja-se mais detalhes aqui) -- embora, mesmo apesar do conflito de valores, não se veja muito bem qual a dúvida -- é com um jogo de telemóvel para raparigas, em que a protagonista se apresenta com um role de vícios (ou invirtudes, como se queira!), como por exemplo consumir drogas, enganar professores, práticas sexuais estranhas... com o intuito de ganhar popularidade! Eis a imagem estereotipada de mulher profissional, social e sexualmente popular, a continuar a fazer vítimas junto das jovens a aguardar por modelos a imitar!
O incrível desta triste história, é que a empresa responsável pelo belo produto travestiu o engodo comercial -- altamente atractivo para as jovens presas fáceis da sua naturalmente insegura e curiosa adolescência --, com uma justificação fantástica: o jogo deve causar uma reflexão por parte das jovens, já que todas as acções desviantes praticadas pela protagonista são para serem compreendidas de forma irónica!! Fantástica (galardoável), a ousadia pedagógica!! Mas, lamentável, a falácia, e triste, a ignorância!

No entanto, quiçá não será esta uma fatal prenda no sapato desapertado de tantas pobres e abandonadas jovens por este melhor mundo fora! A vida não é, decididamente, um jogo.

2 comentários:

Anónimo disse...

Comentário que retrata bastante bem a realidade dos jogos.
Mas eu venho aqui com o propósito de propor um comentário sobre a mente.Sera bastante oportuno dado que o teste se aproxima.

Cumprimentos

Miguel Portugal disse...

Meu caro Bernardo
Muito em breve iremos, pois, procurar relembrar os tópicos fundamentais dessa problemática complexa, que é a mente.
Obrigado pelo comentário.
Até breve