sexta-feira, 25 de junho de 2010

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Leituras…

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… de Pedro González Calero, A Filosofia com Humor. Um percurso pela história do pensamento nos ditos dos grandes filósofos, trad. port. de Pedro Vidal (Lisboa: Planeta Manuscrito, 2009), uma fresca resenha de pequenas histórias humorísticas dos e sobre os filósofos ao longo da história, em que o autor nos mostra como a filosofia não é necessariamente entediante e pode até ser o humor dos filósofos uma oportunidade de pensar os temas mais sérios.
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O livro, desafiador das convenções académicas em torno da seriedade da filosofia, conduz-nos desde a Antiguidade clássica, em que, por exemplo, se conta «que Antístenes, no final dos seus dias, doente e com dores, lamentava-se em voz alta da sua situação ao seu discípulo Diógenes. – Ai, quem me livrará destes males – bramava o velho Antístenes. Ao que diógenes, apresentando um punhal, replicou: – Este livrar-te-á, mestre. – Dos males, estúpido, não da vida – retorquiu Antístenes» (p. 39), até às enigmáticas deduções lógicas de Bertrnad Russell, de que ele e o Papa são a mesma pessoa (!) (p. 148-150), passando pela altamente sarcástica crítica que Schopenhauer faz da “suposta” profundidade do pensamento hegeliano:

«Sobre a suposta sabedoria de Hegel disse Schopenhauer que não passava de uma palhaçada filosófica, um palrar repugnante, um obscuro encadeamento de insensatezes e disparates que muitas vezes recordam os delírios dos alienados. No seu Parega e Paralipomena, escreveu: “Se se quiser embrutecer desde cedo um jovem e torná-lo incapaz de qualquer ideia, não há meio mais eficaz do que o assíduo estudo das obras originais de Hegel; porque essa monstruosa acumulação de palavras que se chocam e contradizem de modo a que o espírito se atormenta inutilmente tentando pensar alguma coisa enquanto as lê, até ficar cansado e murchar, aniquila nele paulatinamente a faculdade de pensar de modo tão radical que, a partir daí, passam a ter valor de pensamentos as flores retóricas insípidas e vazias de sentido (…). Se alguma vez um preceptor temer que o pupilo se torne demasiado sagaz para os seus planos, poderá evitar essa desgraça com o estudo assíduo da filosofia de Hegel.”» (p. 125)
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Uma nota final para as óptimas ilustrações dos principais filósofos, que preenchem o livro e de que é exemplo a de Nietszche, usada na capa, da autoria de Anthony Garner.

Em tempo de crises várias, há leituras esclarecedoras, mas também benfazejamente espirituosas, como esta, que nos ajudam a sobreviver.

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