sexta-feira, 2 de julho de 2010



Dar a pensar…

.
«Lembra-te que – como diz o ditado – um homem de boas contas é senhor da bolsa alheia. Quem for conhecido por pagar as suas contas pontualmente pode a todo o momento pedir emprestado todo o dinheiro que os amigos possam dispensar.

Isso pode ser de grande utilidade. A par do trabalho árduo e da frugalidade, nada contribui tanto para que um jovem vença na vida como a pontualidade e a rectidão em todos os seus negócios. Por isso, não conserves o dinheiro que te foi emprestado nem mais uma hora para além do prazo a que te comprometeste, para que o ressentimento do teu amigo não faça que ele te feche a bolsa para sempre.

Um homem não pode negligenciar que as mais pequenas acções têm influência sobre o seu crédito. Se o teu credor ouvir as pancadas do teu martelo às cinco horas da manhã ou às oito da noite, ficará descansado durante seis meses; mas, se te vir à mesa do bilhar ou ouvir a tua voz na taberna quando devias estar a trabalhar, então irá reclamar-te o pagamento na manhã seguinte e exigir o teu dinheiro antes que o tenhas à tua disposição.

Isso mostra também que pensas nas tuas dívidas, permitindo que te reveles um homem tão escrupuloso quanto honesto, o que aumentará o teu crédito.
(…)
Tem o cuidado de não considerares como tua propriedade tudo o que possuis e de não viveres segundo este princípio. Muitas pessoas que têm crédito caem neste erro. Para o evitar mantém uma contabilidade exacta das tuas despesas e rendimentos. Se te deres ao trabalho de atender aos pormenores, isso terá consequências benéficas: descobrirás como pequenas despesas podem crescer, atingindo grandes somas, e verás o que poderia ter sido poupado e o que no futuro poderá sê-lo.»

Benjamin Franklin, “Advice to a young tradesman” (1748), in: Works, org. Sparks (Chicago, 1882) 85-89.

Sem comentários: