quinta-feira, 1 de julho de 2010

Errância política

A esmagadora maioria dos accionistas da PT votou favoravelmente diante da choruda oferta da telefónica pela Vivo. José Sócrates fez accionar a “bomba atómica”: o Estado impediu, através da sua “golden share”, o negócio. Sócrates alega "interesse nacional", para esta interferência, no mínimo discutível, no mercado. Se bem que a Vivo representa cerca de 40% das receitas da PT, também é relevante o facto deste encaixe financeiro poder resolver o problema das dívidas da PT e o problema da grande dificuldade de acesso ao crédito por falta de liquidez dos bancos.

A reacção internacional é claramente reprovadora da “mão demasiado visível” do governo de Sócrates, com o Financial Times à cabeça na crítica mais contundente:
.
.
Com este veto político do Estado, José Sócrates só precipita a PT – o que, pelos vistos, não irá contra o dito "interesse nacional" – para o risco de sofrer uma OPA da Telefónica!

Isto revela que Sócrates, na ausência de ideias claras sobre a forma mais equilibrada de combater a crise económica e financeira, decide atrapalhadamente por uma espécie de economia planificada, bem ao jeito socialista (para não dizer comunista), disfarçada de mão reguladora e supostamente interessada num difuso "interesse nacional". Quando o Estado interfere desta forma na liberdade do mercado só se vislumbra uma de duas coisas: ou o negócio era escuso e inequivocamente lesivo do interesse nacional ou o Estado, com este governo ao leme, gosta de controlar as grandes empresas e a economia, muito para além do desejável, pois não é nada benéfico para a confiança dos investidores. Não sei porquê, mas parece mais plausível a segunda hipótese.

Sem comentários: