quinta-feira, 5 de julho de 2007

Professor... até à morte!








Que tipo de sacrifícios estão implicados na profissão docente? Será que ser professor, hoje, em Portugal, implica ensinar até ao leito de morte?! Será uma função assim tão importante, que a sociedade não se possa dar ao luxo de dispensar tão importantes peças estruturantes e, assim, o estado tenha de manter esses funcionários em funções... até que soem as trombetas?

Bom, mas isso seria atribuir uma importância tal a esta malvada profissão (são mesmo todos maus!), que qualquer governo minimamente consciente da sua virtuosa função reformaria o que teria que reformar (talvez bastante!) no sistema educativo, sem excluir, embora exigindo melhor, os ditos cujos! Mas é um desígnio nacional elevar o nível de formação dos portugueses! Só não se percebe como é que isso se fará... sem os professores! Ou evitar o já trágico esvaziamento de conhecimentos e competências dos alunos pré-universitários (com cada vez menos exames!) se faz contra os professores, por muitas correcções que haja a fazer? Ou será que, por exemplo, as “novas oportunidades” não dependem de “professores” realmente qualificados para, ao invés de alimentarem ilusões, transformarem a benfazeja vontade de aprender e potencial adquirido pelas pessoas em efectivo conhecimento e competências?

Mais uma vítima, pois, da surrealista política educativa e administrativa do dito estado-providência em Portugal: um professor a quem lhe foi negada uma aposentação antecipada, pelo cancro lhe ter subtraído a voz para ensinar, acabando por falecer antes que alguém (acólitos de Hipócrates ou vítimas fáceis de outras artes manipulatórias ou totalitaristas?!) desse por isso!! É claro que a Caixa Geral de Aposentações precisa de dinheiro para poder assegurar outras tão importantes quão exponencialmente chorudas reformas!

Trata-se de mais uma aberrante injustiça e vergonhoso atentado contra o bem-estar mínimo de um funcionário do estado, doente em fase terminal – características somente enquadráveis num estado não democrático (em que não se governa com os olhos postos nos mais fundamentais valores da liberdade, igualdade e justiça) dum país do chamado terceiro mundo, ao que parece, não muito distante deste nosso, o que é totalmente indesejável, mas cuja queda será, assim, muito difícil evitar!

Agora imagine-se um médico cirurgião solicitar aposentação antecipada e ser obrigado a operar com profunda incapacidade nos seus membros superiores! Ou que dizer de um juiz ser obrigado a julgar com, digamos, profundos distúrbios de memória resultantes de doença de Alzheimer?!

Mas nada disto parece ser importante, já que quem de direito não subiu ainda a terreiro para dar uma explicação. E, de qualquer modo, o povo sempre dirá qualquer coisa como: “bem hajam”! Pois, não há certamente cidadão que se não reveja nestas políticas extraordinariamente messiânicas, de um divino sentido de oportunidade e de uma coerência férrea com os princípios constitucionais mais nobres, virtudes muito pouco acessíveis ao comum dos mortais!

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