quarta-feira, 8 de abril de 2009

A Natureza entre o bem e o mal

(daqui)

O sismo em Itália e as suas réplicas, que abanam a terra e fazem centenas de vítimas e milhares de desalojados, faz pensar na ideia de Natureza, que o homem contemporâneo tem. (Não tem?)

Desde a divisa baconiana “o saber é poder”, fortalecida pelo cogito cartesiano, pelo desenvolvimento das ciências da Natureza e das tecnologias, que caracterizam a modernidade, que a relação do homem com a Natureza se tem alicerçado na ideia de domínio, da natureza desprovida de valor pelo saber crescente do homem. Claro que este paradigma relacional fez emergir problemas ecológicos, que se constituem não apenas como o reverso da medalha, mas como um reverso alarmante corrosivo, que em breve, caso não ocorra uma ”revolução paradigmática”, aniquilará a outra face.

Assim, cresceram no pós-guerra do séc. XX os movimentos ecologistas, que mostraram até à exaustão a necessidade de um repensar da relação do homem com a Natureza e da inevitável inversão de rumo civilizacional.

No entanto, a questão talvez não seja assim tão simples. A Natureza não constitui apenas e tão só o húmus a preservar, mas também a besta a dominar, já que as catástrofes naturais (e não me refiro àquelas eventualmente “provocadas” pelo desenvolvimento da humanidade predadora) se têm, naturalmente, repetido e nos têm confrontado com a mega-morte – notavelmente, maremotos e terramotos.

Será a Natureza em si mesma algo de bom e, assim, detentora de valor respeitável, como advoga a deep ecology, ou, pelo contrário, deverá o homem prosseguir a difícil tarefa do seu domínio, já que se é viveiro também o é mortório? Um outro saber radicalmente “novo” (velho!) ou mais saber para poder continuar a dominar? Necessário é encontrar uma racionalidade prudencial, que promova o saber e um domínio científico e técnico mitigado, reduzido ao necessário, ao invés de uma revolucionária mudança, que precipitasse a humanidade num outro abismo. Porque, afinal, a Natureza não é assim tão boa quanto uma abordagem romântica dos problemas ecológicos tem feito crer.

1 comentário:

MCF disse...

Para mim não há Deus nem Diabo, há Natureza e Natureza!

Penso que o Homem nao será capaz de dominar a Natureza, provavelmente iria destruí-la por completo, e assim iríamo-nos destruir a nós é claro!