Muito pertinente reflexão de Carlos Fiolhais, a propósito do último folhetim propagandista de José Sócrates sobre a "renovada" imagem (aos seus olhos de eleito, claro) dos professores! Afinal, nem todos somos ingénuos, incrédulos ou ineptos... Se os professores mantêm hoje a confiança dos portugueses, talvez seja por terem prosseguido a sua acção sem confiarem muito nalguns políticos portugueses!
2 comentários:
Mas era justamente isto que o país estava a precisar... durante anos a fio, ninguém ouviu os professores... pudera! De papo cheio e barriga para o ar, aquilo é que era vidinha! E não pense que sou um pessimista - tenho imensos colegas e familiares que partilham da minha opinião... portanto párem com essas manifestações, a que ninguém - além de vós mesmos... - liga!!! Mas de que se queixam afinal? De quê? Era subir na carreira -e no ordenado - só pelo acumular de anos - PORQUÊ? PORQUE É QUE ISSO ESTAVA CERTO? Conheço professores com uma reforma de 400-500 contos - professores do ensino básico e secundário!!! E a minha pergunta é: PORQUÊ? Estou farto de ver os professores queixarem-se, de ver aquele triste do Mário Nogueira, com um salário bem acima das suas competências de comunicação, a lamentar-se de coisas que fazem inveja ao comum do português, que tem as mesmas ou mais habilitações!!! E vêm-me falar das competências comunicacionais dos nossos atletas?! É preciso ter lata... eu sei do que falo: eu trabalho com professores, e sempre trabalhei!!! Ninguém me conta: EU VEJO!!! férias a dar com um pau - porque para mim, não por os pés no local de trabalho, é férias... quem me dera que eu tivesse o mesmo benefício - a passearem pelos corredores com uma cara de cansados que mete medo, e sem terem feito NADA, a falarem de competência, de ensino e de aprendizagem com um distanciamento mais teórico que a teoria!!! CHEGA!!! Foram anos a fio a morfarem os salários do estado, por terem um olho em terra de cegos!!! Com o desemprego e mau pagamento de tantos licenciados, o que é que vos dá o direito de se queixarem? Lá está... era o tal espírito de classe que agora vos faz falta: era o "Sr. Professor", a grande figura da aldeia ou da vila... bem: ISSO ACABOU!!! Hoje em dia quem interessa é o aluno, e não os professores (porque nenhum professor é insubstituível!...), por isso, acho muito bem que se lhes dê trabalho: papéis para preencherem, obrigatoriedade de estarem na escola (até podem não fazer nada, mas é só para os lixar! ;-), pais a refilarem e a ameaçá-los de porrada (porque lá do alto do seu santuário imaginado, os professores falam para os pais como se fossem donos da verdade e estivessem na obrigação de os ensinar...), e putos malcriados e indisciplinados que requeiram, da parte deles, efectivamente boas competências de ensino!!! é incrível a arrogância desta gentinha ao dizer que "ensinam"... mas qual "ensinam"? As pessoas é que aprendem!!! Vocês não tem nenhum dom... aliás, o vosso único dom eram as vossas rechonchudas reformas que, um dia, se Deus quiser, também terão um fim!!! CHEGA DE ATIRAREM AREIA PARA OS OLHOS DE BOA GENTE!!!
O anónimo parece um pouco irritado com ALGUNS "professores", os que conhece, naturalmente. Apenas três notas: as emoções, como sabe, impedem-nos, muitas vezes, de pensar serena e correctamente sobre assuntos muito sérios, importantes,complexos e de consequências enormes para o futuro de gerações, como é o caso da educação; depois, é claro que à democratização da aprendizagem (muitos jovens, de famílias mais desfavorecidas, entraram na escola, felizmente) se seguiu também a democratização do ensino, ou seja, muitas pessoas licenciadas e muitas vezes apenas com cursos médios, mas de qualquer forma sem qualquer vocação, preparação pedagógica nem didáctica, entraram na escola para "ensinar"; e, finalmente, vai desculpar-me o anómino, mas a educação e o ensino são áreas que requerem tantas competências e conhecimentos como a advocacia, a medicina ou a engenharia e ser realmente professor a sério implica uma formação superior especializada, muitas vezes, naturalmente, distante dos não-especialistas.
De facto, da experiência que tenho até hoje de dez escolas diferentes que frequentei como professor, do Alentejo a Trás-os-Montes, apercebi-me de muitas falhas técnicas (errar é humano, mas falhar tecnicamente é incompetência!) cometidas por pessoas que ocupavam lugares de professores, muitos ainda acalentando esperanças nessa tradição de regalias sem obrigações de renovação profissional (o professor é um eterno estudante e a educação está em constante devir). No entanto, o que se passa hoje é que vivemos uma fase de transição no nosso sistema educativo, necessária, mas não necessariamente bem conduzida. E muitas pessoas, que não são professores, por muito que trabalhem com professores, não têm, porque não podem naturalmente ter, os conhecimentos e competências suficientes para compreender, serena, profunda e racionalmente, o que está em questão nessas mudanças e na própria filosofia geral da educação que, infelizmente, orienta as directrizes do ME. Agradeço o seu desabafo, mas convido-o a escutar um pouco melhor as vozes críticas, mas responsáveis (que não serão propriamente as de muitos professores nem "sindicalistas", naturalmente) e interessadas numa efectiva melhoria das aprendizagens de conhecimentos e competências dos alunos, que é o que está precisamente em causa para os professores que têm, apesar de tudo, a capacidade ética para pensarem no essencial - nos ALUNOS.
Enviar um comentário