quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Professores de confiança, políticos nem por isso!

Muito pertinente reflexão de Carlos Fiolhais, a propósito do último folhetim propagandista de José Sócrates sobre a "renovada" imagem (aos seus olhos de eleito, claro) dos professores! Afinal, nem todos somos ingénuos, incrédulos ou ineptos... Se os professores mantêm hoje a confiança dos portugueses, talvez seja por terem prosseguido a sua acção sem confiarem muito nalguns políticos portugueses!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas era justamente isto que o país estava a precisar... durante anos a fio, ninguém ouviu os professores... pudera! De papo cheio e barriga para o ar, aquilo é que era vidinha! E não pense que sou um pessimista - tenho imensos colegas e familiares que partilham da minha opinião... portanto párem com essas manifestações, a que ninguém - além de vós mesmos... - liga!!! Mas de que se queixam afinal? De quê? Era subir na carreira -e no ordenado - só pelo acumular de anos - PORQUÊ? PORQUE É QUE ISSO ESTAVA CERTO? Conheço professores com uma reforma de 400-500 contos - professores do ensino básico e secundário!!! E a minha pergunta é: PORQUÊ? Estou farto de ver os professores queixarem-se, de ver aquele triste do Mário Nogueira, com um salário bem acima das suas competências de comunicação, a lamentar-se de coisas que fazem inveja ao comum do português, que tem as mesmas ou mais habilitações!!! E vêm-me falar das competências comunicacionais dos nossos atletas?! É preciso ter lata... eu sei do que falo: eu trabalho com professores, e sempre trabalhei!!! Ninguém me conta: EU VEJO!!! férias a dar com um pau - porque para mim, não por os pés no local de trabalho, é férias... quem me dera que eu tivesse o mesmo benefício - a passearem pelos corredores com uma cara de cansados que mete medo, e sem terem feito NADA, a falarem de competência, de ensino e de aprendizagem com um distanciamento mais teórico que a teoria!!! CHEGA!!! Foram anos a fio a morfarem os salários do estado, por terem um olho em terra de cegos!!! Com o desemprego e mau pagamento de tantos licenciados, o que é que vos dá o direito de se queixarem? Lá está... era o tal espírito de classe que agora vos faz falta: era o "Sr. Professor", a grande figura da aldeia ou da vila... bem: ISSO ACABOU!!! Hoje em dia quem interessa é o aluno, e não os professores (porque nenhum professor é insubstituível!...), por isso, acho muito bem que se lhes dê trabalho: papéis para preencherem, obrigatoriedade de estarem na escola (até podem não fazer nada, mas é só para os lixar! ;-), pais a refilarem e a ameaçá-los de porrada (porque lá do alto do seu santuário imaginado, os professores falam para os pais como se fossem donos da verdade e estivessem na obrigação de os ensinar...), e putos malcriados e indisciplinados que requeiram, da parte deles, efectivamente boas competências de ensino!!! é incrível a arrogância desta gentinha ao dizer que "ensinam"... mas qual "ensinam"? As pessoas é que aprendem!!! Vocês não tem nenhum dom... aliás, o vosso único dom eram as vossas rechonchudas reformas que, um dia, se Deus quiser, também terão um fim!!! CHEGA DE ATIRAREM AREIA PARA OS OLHOS DE BOA GENTE!!!

Miguel Portugal disse...

O anónimo parece um pouco irritado com ALGUNS "professores", os que conhece, naturalmente. Apenas três notas: as emoções, como sabe, impedem-nos, muitas vezes, de pensar serena e correctamente sobre assuntos muito sérios, importantes,complexos e de consequências enormes para o futuro de gerações, como é o caso da educação; depois, é claro que à democratização da aprendizagem (muitos jovens, de famílias mais desfavorecidas, entraram na escola, felizmente) se seguiu também a democratização do ensino, ou seja, muitas pessoas licenciadas e muitas vezes apenas com cursos médios, mas de qualquer forma sem qualquer vocação, preparação pedagógica nem didáctica, entraram na escola para "ensinar"; e, finalmente, vai desculpar-me o anómino, mas a educação e o ensino são áreas que requerem tantas competências e conhecimentos como a advocacia, a medicina ou a engenharia e ser realmente professor a sério implica uma formação superior especializada, muitas vezes, naturalmente, distante dos não-especialistas.

De facto, da experiência que tenho até hoje de dez escolas diferentes que frequentei como professor, do Alentejo a Trás-os-Montes, apercebi-me de muitas falhas técnicas (errar é humano, mas falhar tecnicamente é incompetência!) cometidas por pessoas que ocupavam lugares de professores, muitos ainda acalentando esperanças nessa tradição de regalias sem obrigações de renovação profissional (o professor é um eterno estudante e a educação está em constante devir). No entanto, o que se passa hoje é que vivemos uma fase de transição no nosso sistema educativo, necessária, mas não necessariamente bem conduzida. E muitas pessoas, que não são professores, por muito que trabalhem com professores, não têm, porque não podem naturalmente ter, os conhecimentos e competências suficientes para compreender, serena, profunda e racionalmente, o que está em questão nessas mudanças e na própria filosofia geral da educação que, infelizmente, orienta as directrizes do ME. Agradeço o seu desabafo, mas convido-o a escutar um pouco melhor as vozes críticas, mas responsáveis (que não serão propriamente as de muitos professores nem "sindicalistas", naturalmente) e interessadas numa efectiva melhoria das aprendizagens de conhecimentos e competências dos alunos, que é o que está precisamente em causa para os professores que têm, apesar de tudo, a capacidade ética para pensarem no essencial - nos ALUNOS.