terça-feira, 10 de março de 2009

50 anos! E doravante?

AFP/Getty Images
Encontro, em 1956, do Dalai Lama (segundo à direita) com Mao Zedong (no centro), o presidente da República Popular da China, numa tentativa de estabelecer relações diplomáticas.

Comemoram-se hoje cinquenta anos de governo no exílio do 14.º Dalai Lama, líder espiritual e do suposto Estado do Tibete, território anexado há meio século pela China (veja-se uma resenha dos factos, que fiz aqui). O problema que começa a preocupar o povo tibetano e, principalmente, os seus dirigentes, para além das prováveis retaliações opressivas da China a mais estas comemorações, é o da sucessão: após a morte do líder espiritual é costume procurar o seu sucessor, de entre as crianças em que possa ter reencarnado, ficando o poder nas mãos de um regente; mas a China pode aproveitar para manipular tal regente e anular decisivamente este pomo de resistência pacífica, sediada em Dharamsala, na Índia; uma escolha democrática pelo povo foi já uma hipótese avançada pelo próprio Dalai Lama, mas obrigaria a uma remodelação radical na cultura espiritual e política do "tecto do mundo".
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De qualquer modo, a personalidade do Nobel da Paz, a sua perseverança na via da resitência não-violenta, fazendo lembrar o "enorme" Ghandi, tem marcado a história, não apenas da resistência do povo tibetano à invasão cruel de uma potência imperialista, mas a história da acção política dos homens que não abrem mão da via da persuasão, fugindo sempre à revolta belicosa, mesmo em condições de grande adversidade, de profunda injustiça e brutal atropelo aos mais básicos direitos humanos, civis e políticos.
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Apesar das diferenças culturais, muito aprenderiam os povos em conflito por esse mundo fora, caso se predispuséssem a escutar, observar e reflectir.

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