quarta-feira, 4 de março de 2009

Resquícios do Congresso do PS

De entre as "centenas" de "novas" medidas que o actual PM e candidato a uma nova maioria absoluta apresentou no congresso do PS interessaram-me particularmente duas:

1. Doze anos de escolaridade obrigatória. Esta é mais uma medida na esteira da filosofia romântica da educação do PS, que, embora em si mesma, à partida, não encerre nada de mal, teme-se que venha a piorar a escola pública real (não a virtual: a dos quadros electrónicos, a do Magalhães ou a da "cara lavada" de fresco). Alguns alunos que frequentam actualmente o ensino secundário, não obrigatório, continuam a arrastar-se pelo curriculum, desamparados quer pelas famílias quer pela sociedade, que teima em não valorizar o saber e, portanto, o esforço e a dedicação de o alcançar que necessariamente lhe vai inerente. O governo, ao invés de implementar medidas para procurar inverter esta fraca atitude geral dos portugueses perante o saber, enterrou-se em "simplexes", com Novas Oportunidades (que ainda ninguém avaliou devidamente, nem sequer um estudozito encomendado!) e acessos "rapidex" às Universidades, sobretudo privadas, cuja qualidade de ensino e cursos ministrados nem sempre se coadunam com a exigência da vida activa profissional dos nossos dias. Caso não haja uma eficaz, clara e despreconceituosa orientação vocacional no final do ensino básico, com oferta de cursos técnico-profissionais bem arquitectados, o ensino secundário, que oferece um nível de formação média e de preparação para o nível superior de estudos, tornar-se-á num pobre prolongamento do já pobre ensino básico. A democratização absoluta e cega, pela mão do socialismo cego, conduzirá a profundas injustiças, quando se nivelará por baixo para chegar a todos; o problema, é quando ficam todos lá "por baixo"! Como tenho repetido, não são apenas os alunos mais favorecidos e interessados em aprender que aprenderão menos, prejudicados por aqueles que passarão (já acontece!) o ensino secundário a serem educados (quando o professor deveria estar a ensinar e os colegas a aprender!), mas também estes, os mais desfavorecidos, não aprenderão o que poderiam/deveriam aprender.
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2. De entre a "chuva" de medidas salvíficas, únicas e absolutas, apresentadas pelo nosso timoneiro, uma houve que me pareceu boa(!): aumento das bolsas de mérito, baseadas no... aproveitamento! Este PM socialista é, de facto, um verdadeiro ecléctico ideológico: consegue virar-se para todos os lados e, sem querer (nem crer?!), até atira com umas medidas, à partida, acertadas. Subsidiar os mais desfavorecidos que queiram realmente aprender (que os há tantos por essas escolas fora, a necessitar de apoio, principalmente de um incentivo claro de futuro que passe pela formação superior) e que consigam bons resultados - daqueles mesmo "a sério" - é aquele tipo de medida educativa que realmente pode começar a inverter o triste panorâma actual português, em que o mais decisivo factor que contribui para a falta de empenho nas aprendizagens é mesmo a falta de incentivo valorativo por parte da sociedade e, neste caso, o estado, através do governo, deve empenhar-se mais. Não podem é ser esquecidos os prémios para os melhores, em absoluto, sob pena de desvirtuar os próprios critérios de qualidade e justiça.

Mas este congresso nem seria mais do que uma festa - mais importante que encontros de alto nível europeu - se não fosse uma ou outra importantíssima mensagem magnânima ao povo e digna de um verdadeiro democrata, chefe de governo de um país democrático e candidato às próximas eleições: a sua (de JS) é «a candidatura da decência»! Todos os outros são, naturalmente, bem se vê, uns encapuçados imorais, pérfidos e simples arquitectos de campanhas negras! Fantástico: ainda bem que o senhor existe, meu caro José Sócrates; senão a gente não tinha candidato sério para poder eleger!

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