quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O “animal político” na escola “grande”

Em geral os municípios aceitaram fechar escolas e concentrar os alunos (leia-se: recursos!) em mega-agrupamentos. À excepção de alguns, que não aceitaram fechar algumas escolas. A propósito, José Sócrates disse, em mais uma faustosa inauguração do ano lectivo para “povão” ver, que isso eram excepções e ele não liga a excepções. O argumento é este: se a maioria aceitou fechar escolas, é porque isso é uma boa medida (para além de ter sido eu a decidi-la, claro); o que alguns alegaram para o não fazer, não interessa, nem sequer merece atenção – a medida é boa, ponto final.

Quando um argumento é bom funciona em qualquer contexto. Testemos: como a maioria das medidas tomadas pelos governos de José Sócrates (tomemos aqui apenas a área da educação) foram prejudiciais para o país, é porque ele é um mau governante; é certo que foram tomadas algumas boas medidas (plano nacional da leitura, plano de acção para a Matemática, inglês no ensino básico ou alguma dotação tecnológica das escolas), mas isso não interessa – José Sócrates e os seus nem merecem sequer ser ouvidos; são, em absoluto e inapelavelmente, maus governantes; ponto final.

Trata-se de uma generalização precipitada, uma falácia sobejamente conhecida. Até os mais furiosos (emoções!) com o estilo ou com os erros políticos de José Sócrates e acólitos, designadamente na área da educação, devem reconhecer, como é o meu caso, de forma razoável (racionalidade), que entre o grande mau serviço público prestado ao país devem ser reconhecidas algumas excepções benfazejas.

José Sócrates não consegue fazê-lo: o seu estilo arrogante (emoções) não lhe permite sequer dialogar e repensar possíveis atendíveis excepções – seria demasiado razoável (e demasiado democrático, claro).

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