quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Dar a pensar…

2.
«Mas a liberdade económica funciona mesmo? E compensa? O que nos dizem os dados empíricos? (…) A relação [entre democracia económica e o PIB per capita] é estatisticamente significativa: (…) os países mais livres são também os mais ricos.
(…)
Vejamos (…) uma comparação directa entre dois países: Portugal e Irlanda. Há 19 anos, estes dois países tinham valores de PIB per capita semelhantes. Depois a Irlanda passou por uma autêntica revolução de liberdade entre meados e finais dos anos 90. Portugal, pelo contrário, desceu da posição 38, que ocupava em 1995, para o lugar 46.º, em 2004, e para o lugar 62.º, em 2010, no índice de liberdade económica [produzido anualmente, desde os anos 60, pela Fundação Heritage, de Washington]. O resultado? (…) o PIB per capita da Irlanda é agora 167% do de Portugal.
(…)
Primeiro, a liberdade económica não significa regulamentação zero, mas, sim, elevados níveis de concorrência de mercados. Com transparência, o que requer um mínimo de regulamentação, da mesma forma que a democracia política para funcionar exige algumas leis.

Segundo, a liberdade económica funciona: compensa, cria riqueza. Nos países em que a liberdade é escassa, a prosperidade está ausente.

Terceiro, a liberdade económica é um valor essencial. Mas isso não significa que seja o único. A estabilidade também é importante, tal como a solidariedade. Portanto, a partir de um determinado nível de liberdade, é preciso criar espaço para estas últimas.

Quarto, o capitalismo tem defeitos? Por favor, caro leitor… dê-me um exemplo de alguma coisa perfeita neste mundo.

A conclusão final é simples. Como os dados – ou seja, a própria realidade – mostram, é melhor vivermos com os defeitos do capitalismo do que com as pseudo virtudes das economias estatizadas. Por outras palavras, o capitalismo é o pior sistema económico, com a óbvia excepção de todos os outros. É claro!»

Jorge Vasconcellos e Sá, “Quanto vale a liberdade económica – o verdadeiro significado da liberdade económica e a evidência empírica do seu poder” Foreign Policy Ed. FP Portugal n.º 17 (Agosto/Setembro 2010) 81-82.

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