O discurso surrealista e irresponsavelmente optimista bacoco de José Sócrates, que já só iludia os mais desprevenidos, mas cuja acção subjacente tem delapidado o futuro de todos, parece ter sido interrompido. O orçamento para o próximo ano (e seguintes?) será austero – terá aumentos de impostos e, sobretudo, um pequeno corte nas despesas do estado. Tudo inevitável, tirando talvez a subida do IVA, que afectará sobretudo os mais desfavorecidos.
Podia ter sido mais tarde, caso a sua teimosia permanecesse; deveria ter sido mais cedo, caso tivesse assomado alguma réstia de sentido de realidade. Certamente, deveria ter sido mais contundente nas grandes despesas com o aparelho do estado – institutos, algumas direcções gerais, fundações, empresas municipais… todas elas canalizações para o clientelismo partidário, que não foram tocadas, mas deveriam ter sido. Os analistas nacionais e internacionais dizem todos o mesmo – está bem, mas são precisas reformas estruturais.
Foi agora, não por decisão autónoma e sapiencial de eminente estadista, como se julga Sócrates, que não é, mas porque a situação económica e, sobretudo, o maior partido da oposição assim o pressionou. Mas questionado ontem sobre o que correu mal para que houvesse necessidade destas medidas austeras, Sócrates voltou a fazer o mesmo que fez com o dinheiro dos contribuintes – em vez de usar o tempo para as devidas explicações, desperdiçou-o sem, mais uma vez, dizer a verdade aos portugueses.
Do mal, o menos – bem-vindo de regresso à terra; pelo menos para já, que tem que ser!
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