segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Exames - ora sim, ora não!

O ME está em plena forma. Ao que parece, vem agora experimentar (ciência experimental, pois claro, e da boa; nada de citações de citações, isso é só para dissertações) mais um exame de filosofia no ensino secundário, através de um projecto de teste intermédio.

Claro que um exame de filosofia no final do ensino secundário parece-me ser um instrumento de avaliação de conhecimentos e competências do aluno, da forma como os programas estão a ser implementados e, portanto, de avaliação do sistema em geral, extremamente importante. É até um instrumento bastante natural e justificado sem dificuldades, até porque se aplicaria a todos os alunos de todos os cursos de seguimento de estudos e viria a servir de prova específica para acesso a alguns cursos universitários.

A questão de fundo é só esta: o exame já existiu, já desapareceu e agora parece querer voltar à existência e com coisas sérias não se brinca.

Primeiro, esta titubeação irresponsável e quase pueril demonstra uma grande falta de rumo na 5 de Outubro. (Em época de cortes orçamentais, o volume das possibilidades engrossa...)

Depois, quanto ao conteúdo das indicações do GAVE para hipotético exame, ainda ninguém sabe qual a verdadeira intenção do ME: quando será submetido, em 22 de Fevereiro? Mas nessa altura do ano, ainda não se leecionou todas as matérias nele previstas! A que alunos? Aos do 10.º ano (problema atrás referido)? Aos do 11.º ano?

Tirante tais dúvidas, o hipotético exame parece-me relativamente equilibrado, deixando de fora matérias importantes, como temas de filosofia política contemplados no programa, mas que pode não haver tempo para leccionar (?!).

Mas não deixa de estar marcado pela infantilização crescente, que vem orientando a pedagogia deste excelso ME: para além das sempre naturalmente controversas questões de resposta de escolha múltipla e verdadeiro ou falso, contempla também a possibilidade edílica deste tipo de questões poder aparecer sob a forma de "tarefas de completamento".

É uma pena que o ME pareça estar a aplicar no ensino secundário - aliás com uma originalidade oportuníssima e sentido de futuro irrepreensível - extensões conceptuais e metodológicas do lipmaniano projecto "philosophy for children", projecto que faz todo o sentido, naturalmente, quando aplicado a crianças, mesmo, e não a jovens adolescentes que se quer que cresçam, justamente com a própria ajuda de um ensino e aprendizagem da filosofia, adequadas à sua fase etária.

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