quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quem governa é o governo

Neste ping-pong infanto-irresponsável em que jogam PS e PSD em torno de um documento fundamental para um país em crise profunda (política, incluída), como é o Orçamento do Estado, o partido do governo lidera a irresponsabili-dade: aproveitando-se sempre magistral-mente da pressão, sacudindo-a, procura fazer crer que é o PSD, partido da oposição, que tem que convencer o governo que as suas propostas orçamentais são as melhores para o país, como se as suas, do governo, fossem dadas como adquiridas, como aprovadas. É esse, aliás, o significado das 24 horas de disponibilidade de Teixeira dos Santos e desta liderança das negociações agora (!) abertas pelo PS. Se isto fosse um jogo de cartas entre um grupo de atiçados machos com assistência feminina, numa dessas aldeias do interior profundo, até estava bem – havia emoções quanto baste e, a haver pugilato, só adoçaria a lide.

Mas trata-se de política – a arte de convencer os outros de que dispomos da melhor solução para os problemas comuns, do futuro de toda uma nação. Este PS de José Sócrates tem que ter paciência, porque quem governa é o governo – é o governo minoritário que tem que convencer os partidos da oposição de que a sua proposta de orçamento é a melhor, ao invés de se acantonar altiva e arrogantemente num jogo irritante de fisga oculta, quais criancinhas mimadas, a atirar ao adversário e a fazer passar a ideia de que é o PSD que tem de se “vergar” ao arbítrio do “grande timoneiro”. (Quem não sabe o que é a tão propalada, principalmente pelos partidos “socialistas”, ética republicana, aqui tem uma bela oportunidade para se esclarecer!)

Como Sócrates não vai ter paciência – porque, afinal, parece estar a actuar para o tal grupo de atiçados machos… –, está tudo nas mãos de quem não tem a mesma responsabilidade do governo, que é o PSD, que lá terá que aprovar este mau orçamento, com negociações ou sem elas. Só quem não quiser é que não vê esta brutal inversão das responsabilidades.

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