O PS de Sócrates continua intransigente, teimoso e despudoradamente tacticista – como se a culpa fosse, não dos maus orçamentos, actual e anteriores e suas execuções, mas do PSD, que deveria aceitar este a todo o custo (leia-se: com custos irremediáveis para o país), até antes mesmo de serem conhecidas as suas linhas gerais. O único argumento relevante do governo para não aceitar o acordo que parecia estar “quase”, revela exactamente aquelas características completamente irresponsáveis – era o PSD que deveria, supostamente, apresentar medidas concretas para cortar mais na despesa, como se não fosse o governo que governasse, como se não fosse o governo a ter o poder executivo para, portanto, pensar e executar tais medidas concretas. (Estrategicamente, até há quem pense que «o melhor que o PS deve fazer neste momento é ir a correr aceitar as propostas do PSD», para ter com quem partilhar as responsabilidades do colapso!)
O PSD, apesar de ter optado por uma estratégia de risco (tanto para o partido, como para o país), ainda assim tem mais razões para continuar a pressionar o governo a negociar e esperar um orçamento menos mau.
Ninguém, de bom senso e com sentido de responsabilidade, aceitará este tipo de argumentação falaciosa e este jogo político sujo, sobretudo, da parte do governo e do partido que o apoia. Nem mercados, nem parceiros europeus ("Talks on Portuguese budget collapse", no Financial Times); nem mesmo, certamente, parte do próprio PS; nem, naturalmente, os eleitores, que já dão ampla maioria ao PSD nas suas intenções de voto!
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