quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve de protesto - ponto final, parágrafo

Um dos desabafos que mais ecoam sempre que se avizinha uma greve é a de que aderir a ela não trará as alterações à realidade política que se espera. Se acrescentarmos o argumento económico de que uma greve geral, com uma ampla adesão, como a que decorre hoje, traz avultados prejuízos para o país (estima-se em 500 milhões de euros) e aderir a uma greve geral parece um sacrilégio irresponsável.

Parece. Mas talvez não seja. Se esta greve traz prejuízos económicos para o país, é bom lembrar que ela se fará, sobretudo, como acto de protesto colectivo contra, precisamente, os prejuízos económicos, financeiros e sociais provocados por políticas erradas, durante demasiado tempo, principalmente por estes últimos governos, que acrescentaram a perfídia da ilusão e engrossaram o aproveitamento pessoal da situação de hegemonia de poder.

O mesmo vale para o facto de a greve, por si mesma, não fazer reverter a situação: ela serve para mostrar o descontentamento massivo e decisivo face aos reiterados erros políticos. Serve para marcar um decisivo ponto final, com mudança de parágrafo.

Não é uma greve ideológica -- dos "trabalhadores", dos oprimidos e excluídos do sistema capitalista, bode expiatório de todos os males. Não. É uma greve democrática, de protesto -- de todos quantos compreendem a necessidade de mudanças políticas estruturais urgentes. Depois, há que recomeçar, com verdade, empenho, competência e esforço -- de todos.

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