... de Maria do Carmo Vieira, O Ensino do Português (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010), na qual a autora coloca a nu as fragilidades pedagógicas das últimas reformas no sistema de ensino e as suas nefastas consequências para todos os alunos.
Reformas que começaram por - mal, na opinião da autora - destruir, de forma acrítica, tudo o que se relacionasse com a ditadura, se prolongaram com «a entrada em cena de teorias pedagógicas, decorrentes das Ciências da Educação, já contestadas e analisadas nos seus efeitos nefastos, nos anos 50 e 60 nos EUA» (p. 104), se fortaleceram com o programa "Educação e Formação 2010" elaborado pela Direcção-Geral de Educação e Cultura da Comissão Europeia e que o nosso sapiente ME facilmente abraçou.
Tais reformas introduziram no ensino do Português uma desvalorização crescente da literatura e cultura da língua em favor de aprendizagens superficiais: como ridigir um email, preencher um documento impresso e analisar textos jornalísticos. Acresce a banalização e quase supressão da avaliação e concomitante florescimento de procedimentos avaliativos infantis e infantilizantes. E para rematar, um profundo desvalorizar da formação científica de todos os professores, apostando o nosso ME em formação exclusivamente pedagógica, minada esta que está por aquelas "novas" pedagogias, embora já "envelhecidas" pela análisa crítica, objectiva, designadamente nos EUA.
A autora aponta como solução uma sólida e necessariamente mais exigente formação científica inicial e contínua, principalmente no (tão fulcral para todo o sistema) ensino básico, programas adequados às exigências crescentes de cada nivel de ensino e que valorizem os conteúdos para assim «devolver à escola a sua função historica de espaço de conhecimento, de cultura e de formação, fruto de um trabalho contínuo e empenhado de múltiplas gerações que a inércia não pode interromper» (p. 105).
Útil não só para professores de Português e outros professores, mas também para o público em geral, que queira começar a perceber exactamente o que se passa com o ensino dos seus filhos, que futuro lhes proporcionará efectivamente esta "escola" e que alternativas benfazejas existem.
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