Luís Amado, entre outros aflitos, quer a ajuda do PSD para um governo de coligação. Coisa apenas possível – como ele e muitos outros dentro do PS sabem muito bem – sem a presença de Sócrates. Teria que se ir embora e para bem longe.
Seria ridículo pensar que o PSD, única alternativa minimamente decente, fosse entrar no atoleiro governativo deste PS e afundar-se com ele no desgoverno do país. Se Sócrates e os seus acólitos têm passado estes últimos anos numa governação ilusionista e depauperadora do futuro dos portugueses, cometendo erros (políticos e não políticos) atrás de erros, nada melhor para a sua sobrevivência futura, como partido do arco do poder, do que continuar a iludir, agora com a ajuda do maior partido da oposição, para depois conseguir partilhar e mesmo diluir responsabilidades.
O PS vai mesmo cair nas ruas da amargura nos próximos anos, pois Sócrates não sairá tão facilmente, dado que nem pode permitir que se descubram mais maleitas, nem tem para onde ir. E o PSD de Passos Coelho estará plenamente consciente que só irá para o poder pela mão dos eleitores.
E o país? Parece que a situação exige um compromisso para executar (e não apenas aprovar) este e outros orçamentos austeros. Mas quem disse que isso não possa ou deva ser feito pelo partido eleito democraticamente para governar?
Esta teoria da ajuda – anda cá ajudar o que eu, irresponsavelmente, estraguei durante estes anos! – é tão perniciosa quanto subtil, pois cria a ideia de que é uma inevitabilidade para o país, quando é apenas uma tábua de salvação para um partido político que tem passado os últimos anos a oferecer, escandalosamente, favores e a aumentar o seu poder (político e económico), em lugar de governar o país com seriedade e verdade.
O país ganhará, pois, muito mais com uma clarificação democrática, no devido tempo. Afinal, espera-nos trabalho árduo para reorganizar a casa, o que terá que ser feito com rigor, clarividência e a salvo de outros interesses meramente partidários e pessoais de gente excêntrica com pouca paciência para uma democracia exigente e sem vontade de trabalhar com mérito para o bem público.
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