sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Atentar a democracia

O afastamento de José Eduardo Moniz e, agora, Manuela Moura Guedes da incómoda TVI deixam algumas preocupações. Claro que o "famoso" "Jornal Nacional" não tinha a qualidade jornalística que se exige quando se procura informação de qualidade. Mas o facto de ter incomodado o PM José Sócrates durante tanto tempo precipitou uma das decisões mais estranhas dos últimos tempos.
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Não é compreensível, do ponto de vista comercial, suspender um telejornal líder de audiências a um mês das eleições legislativas. É, no mínimo, absurdo. Depois, trata-se de mais um caso em que os "amigos do poder", que almejam, em breve, uma escalada, um lugar, "trocam os pés pelas mãos" numa decisão censória inédita no Portugal democrático e muito característica de um país de terceiro mundo. Como em casos anteriores, os protagonistas leram o estilo autoritário e a atitude algo totalitarista de José Sócrates e tomaram uma decisão politicamente perigosa.
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Não se vê como possa persistir uma democracia em que se amordaçam órgãos de comunicação ou se silenciam linhas editoriais e se atenta declaradamente contra a liberdade de expressão e de imprensa, pilar fundamental de uma verdadeira e sã democracia liberal. Seria preferível viver num país em que não houvesse lugar para este "Jornal Nacional" conduzido por Manuela Moura Guedes. Mas mais preferível seria que isso acontece por força de um "mercado" livre da comunicação social e por livre "imposição" da qualidade das hipotéticas exigentes audiências. No contexto sócio-cultural português contemporâneo é aberrante e perigoso para a democracia e credibilidade dos principais protagonistas políticos que tal "Jornal Nacional", pura e simplesmente, se eclipse num acto de magia negra.
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A democracia não só não ganha nada, como perde de forma brutal. O PS e José Sócrates perdem, com toda a certeza. Quem atrai amigos desta craveira intelectual e política não poderá almejar um futuro muito risonho.

3 comentários:

Unknown disse...

Discordo totalmente. O próprio José Sócrates afirmou, e com razão, que quem ia sofrer com este caso seria ele e o PS. Ora, toda a gente sabe que a Manuela Moura Guedes dedicava o seu tempo a atazanar o primeiro ministro por isto e por aquilo quando nem sequer sabia fazer jornalismo de qualidade. E não me surpreenderia nada que fosse mesmo o lider da Media Capital(acho que é esta a empresa, eheh) a ter ordenado o encerramento sem a cunha de José Sócrates. Afinal de contas, aquilo era o cantinho da opinião da Manuela Moura Guedes, e não uma ferramenta democrática que fornece informação objectiva como deveria ser. Pode ser um bocadinho ingénuo da minha parte mas pesando os prós e os contras, era muito mais facil para o primeiro ministro deixar andar esta situação do que meter a cunha ao chefe dela para fechar o jornal porque toda a gente sabe a palhaçada que aquilo era e assim como aconteceu as suspeitas recaem sobre José Sócrates.

Abraço.

Rui Ramos disse...

A verdade é que o Jornal de Sexta da MMG tinha um audiencia bastante e boa, e a Prisa, grupo que detem a Média Capital, que detem a TVI está em maus lençóis monetariamente pois precisam de uma injecçao de 300 milhoes de euros para continuar no activo ou coisa assim, como tal era mais obvio encerrar (por parte do presisente do grupo) o Sempre a Somar que tem sempre os mesmo 10 ou 12 a assistir, do que um JN que teria uma audiencia consideravel.
Eu nunca gostei deste programa, mas a verdade era que ele metia em causa os interesses de muita gente e politicamente era considerado anti-PS. Ora se não me engano, o José Eduardo Moniz é ou era militante do PSD e não bastou o fantástico trabalho que desenvolveu na TVI durante uns bons anos para o manterem lá. O programa da Manuela é verdade que não passava de 30% ou menos de informação objectiva e o resto era tudo subjectivo, mas durnate quase todos os noticiários temos comentadores a darem a sua opinião e até agora não foram despedidos por isso. OS mesmos que referem o "anti-governo PS" da TVI tambem referem o "pro-governo PS" do canal público português a RTP, que defende a unhas cerradas o Governo do PM Sócrates. Durante muito tempo existiu esta guerra entre noticiários, pelo menos muita gente viu, e parece que um já foi abatido, razões podem-se especular muitas devido aos factos que há mas a verdade não me parece que venha ao de cima.
Agora que a MMG se foi o PM pode estar descansado em relação ao Freeport e às promessas que nunca pensou em cumprir. Não obstante foi-lhe retirado da frente um grande adversário nas eleições, que era a influência que MMG poderia possuir na classe mais idosa portuguesa, nauqeles que vêem o jornal e vão a deita, e que se a televisao disser que a guerra é boa eles concordam.

Um abraço

Miguel Portugal disse...

Meus caros Edgar e Rui: parece-me claro que este caso é suficientemente grave por ser atentatório do bom funcionamento de uma democracia minimamente saudável; quer tenha havido interferência directa ou não de José Sócrates, o que é facto é que este episódio reforçou as preocupações com o estado do regime democrático em Portugal, às mãos deste governo socialista, e isso é, no mínimo, preocupante.

Um grande abraço e um bom ano lectivo para todos!