A novela negra das alegadas escutas em Belém está a colocar em causa o sereno estilo presidencial de Cavaco Silva, a mordiscar a estratégia eleitoral do PSD e, pior, a tentar delapidar as orientações jornalísticas, apesar de tudo, de referência, do jornal Público.
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O Editorial de hoje de José Manuel Fernandes parece-me bastante equilibrado (ao contrário da ideia, naturalmente exagerada, de que poderia estar a ser vigiado pelo SIS!) e esclarecedor: afinal, o Público publicou o que deveria ter publicado (suspeitas, vindas de Belém, de que a Presidência da República estaria a ser escutada) e não publicou o que não deveria ter publicado, por falta de matéria de facto. Coisa que, isso sim eticamente questionável, que o DN não fez, publicando matéria de comunicação interna do jornal Público, que, sabe-se lá como, foi parar àquele diário centenário.
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Quem precisa de manobras de diversão, como o PS de José Sócrates, para afastar as pessoas dos verdadeiros problemas, que estão em questão nas eleições de 27 de Setembro, tudo isto é ouro sobre azul. Até já se diz que Cavaco, que "andava com MFL ao colo", lhe terá agora "retirado o tapete" da "asfixia democrática"! No entanto, continuam a existir factos que indicam uma intromissão ilegítima e democraticamente perigosa do governo na comunicação social (caso "Moniz" e "Jornal de Sexta") e, como MFL já reagiu, a campanha do PSD continua imune a casos devidamente "cozinhados" para corroer o discurso da, ainda assim, consistente oposição do PSD, mas que são irrelevantes para o cabal esclarecimento dos eleitores diante dos desafios do país.
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Mais uma vez, não basta escutar - é necessário ler e, sobretudo, pensar.
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