quinta-feira, 4 de março de 2010

Bullying terá levado ao suicídio. Vergonha!

Há suspeitas de que a criança que se atirou ao rio Tua, terça-feira, em Mirandela, estaria a ser vítima de bullying. A agressão sistemática de crianças a outras crianças mais debilitadas é um fenómeno presente um pouco por todas as escolas das sociedades contemporâneas. Este canto atrás dos montes, como qualquer outro,não é alheio ao fenómeno. A exposição excessiva das crianças à agressividade, survida nos media mas também em ambiente familiar e social, pode explicar o fenómeno. Mas certamente que a falta de uma boa autoridade na orientação do desenvolvimento psiquíca e moralmente equilibrado e adaptado das crianças explicará o resto. A boa autoridade não é o velho autoritarismo violento; a boa autoridade é aquela que sabe e, porque sabe, pode e deve orientar.
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Assistimos hoje a um impávido, embora não tão sereno, recrudescimento da violência, da agressividade, mas também da ausência de valores e princípios orientadores básicos de uma acção verdadeiramente humana por parte de muitas crianças, desde muito cedo. Esta ausência deve-se, certamente, a um crescente alheamento dos educadores, logo desde o berço, que vão exibindo inaptidão pedagógica crónica, exponencial e que se agrava de geração para geração. Acresce a ideia (ideologia do regime, já perfeita e acriticamente, por que comodamente, instalada) de que educar não é orientar, mas apenas dialogar, contratualizar (quando o é!), permitir. Todo este laxismo e absentismo educativo, que acenta numa falseada ideia de liberdade, toda esta ausência de rumo, de filosofia educacional racionalmente discutida, por parte de pais e, sobretudo, altos responsáveis educacionais, a começar pela ideologia construtivista romântica que infectou o Ministério da Educação há já alguns anos, estão na origem remota destes fenómenos trágicos.
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De qualquer modo, não é admissível que as estruturas educativas escolares e toda a panóplia de apoios sociais que parecem existir (!) no nosso país, permitam que estes dramas se concretizem. Sentimos, talvez, vergonha, por não se ter evitado. Mas também uma benfazeja indignação, porque se está a fazer muito pouco. Onde se encontram a assistência social, a psicologia clínica, a direcção educativa (leia-se, a autoridade) de uma escola, as forças de segurança pública, em suma, onde se encontra a protecção e a segurança, que são os valores básicos que se espera destas instituições? Quando educar é anular a violência no comportamento humano e a escola é a catedral da educação, será admissível que os nossos filhos se desloquem à escola para serem alvo de violência gratuita amplamente lesiva? Valerá a pena viver em sociedade, com todas as suas instituições, se estas se encontram de modo tão gritantemente paralisadas? Vale. Mas que as instituições -- família, escola, apoio social para a saúde, organismos estatais -- assumam as suas responsabilidades.

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