sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Homossexualidade. 4. Uma ameaça para a sociedade?

Uma das críticas mais radicais utilizadas por algumas pessoas para negar o tratamento igual aos homossexuais é a ideia de que podem ser uma ameaça para a sociedade.

Pessoas como o televangelista americano Jerry Falwell – fundamentalista cristão, de orientação baptista, com forte presença nos media –, vêm transmitindo, desde os anos 80 do séc. XX, a ideia, com uma ampla receptividade, de que de facto os homossexuais representam uma ameaça para a restante sociedade, por um conjunto, muitas vezes pouco definido, de males que podem causar aos outros.
.
Mas, tal como em outros casos, também aqui, ao examinarmos esta ideia de forma imparcial e em busca de princípios universais racionalmente justificados, rapidamente se verifica que ela não tem qualquer fundamento. Além das diferenças de orientação sexual entre heterossexuais e homossexuais, não parece haver quaisquer outras diferenças de carácter moral ou ao nível da participação na sociedade. Do ponto de vista psicológico, não há dúvidas entre os especialistas de que não há qualquer relação entre o equilíbrio psicológico e a orientação sexual; heterossexuais e homossexuais possuem o mesmo grau de saúde física e mental. Ou seja, a ideia de que os homossexuais possam ser, de alguma forma (quase nunca bem definida pelos críticos), perniciosos para a restante sociedade é tanto ou mais mítica e preconceituosa como a ideia de que os judeus são avarentos ou os negros são preguiçosos.

A ideia de que os homossexuais possam ser uma ameaça para a sociedade é muitas vezes avançada como razão para discriminar os homossexuais. Não passa, contudo, de um preconceito, ainda que amplamente propagandeado ou mesmo acriticamente aceite. Por isso, não podemos basear nela qualquer justificação ética (racional, imparcial e universalista) para defender que a homossexualidade é moralmente incorrecta.

(Continua)

Sem comentários: