Na comissão de inquérito a decorrer na AR, os protagonistas visados no caso das escutas negam o conteúdo das mesmas (por exemplo, Armando Vara -- a "fazer figas"?). Nessa mesma comissão os jornalistas vêm reafirmando factos e anexando dados que indiciam uma manipulação programada para controlar órgãos de comunicação social, determinar edições, afastar críticos incómodos, por parte do governo, através das grandes empresas de capitais estatais (caso de Mário Crespo ou José Manuel Fernandes). Felícia Cabrita, co-autora da notícia do "Sol" sobre as escutas, perguntou hoje mesmo aos deputados socialistas se serão "racistas", por alguns destes terem declarado, hipócrita e falaciosamente (numa espécie de ataque ad hominem, à falta de melhor contra-argumento!), que o "Sol" não é um jornal credível. Por ter accionistas angolanos?! Mas, segundo a jornalista, «são empresários angolanos que felizmente libertaram o "Sol" da intenção do PS de liquidar o jornal»!
.
.
Tudo leva a crer que uma das partes está a faltar, grosseiramente, à verdade. É, por isso, imperioso retirar daí as consequências óbvias: proceder a uma investigação e punir criminalmente, se for o caso, quem está a mentir! É tão-só a fulcral confiança do cidadão no Estado de Direito que está em causa, agravada pela, no mínimo, discutível interpretação que o PGR fez das escutas em causa, em contraponto com o Procurador de Aveiro, ou pelas suas declarações públicas, talvez inapropriadamente algo consonantes com as de José Sócrates (veja-se declarações de F. Cabrita, no JN). Ou o governo tinha um plano para diminuir a liberdade de expressão ou os jornalistas que levantaram o problema estão a inventar tudo isto. Se as instituições ainda funcionam, há que as por a funcionar!
Sem comentários:
Enviar um comentário