segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Rangel voltou a falar – e bem!

De certos políticos esperam-se discursos vazios, sem substância, carregados de armadilhas retóricas para manipular incautos. E há-os desta jaez em todos os quadrantes político-partidários, embora, vá-se lá saber porque razão, abundem nos partidos mais governamentalizáveis.

Paulo Rangel – o homem de o discurso comemorativo dos 33 anos do 25 de Abril – é um daqueles políticos que, a contrario, mostra substância discursiva e exibe qualidades éticas de serviço público (ao não se cuibir de criticar o seu próprio partido), que deveriam enformar todos aqueles que pretendem ganhar a confiança dos cidadãos para os representarem na assunção do poder político.

De facto, como afirmou hoje Rangel no programa da RR "Diga lá Excelência" é verdade que o Governo continua a controlar a agenda mediática, mas também é verdade (refere ainda Rangel) que, havendo ainda assim um espaço para oposição, haja um incompreensível «apagamento» no PSD, partido sem rumo, sem ideias nem estratégias e com um líder que navega à vista e que, quando não concorda com José Sócrates, discorda sem se saber muito bem porquê (note-se, por exemplo, o último caso da ameaça de quebra do pacto de regime sobre a justiça: não se percebe muito bem porque Luís Filipe Menezes discorda do novo parque judicial, a não ser porque não haja nada para se perceber, dado não existir qualquer política alternativa para a justiça!)

Rangel refere-se ainda a uma de muitas pérolas amargas – e, como outras, de consequências imprevisíveis, como já aqui referi – da política educativa deste governo, criticando a não reprovação de um aluno que falte às aulas, tal como previsto no novo Estatuto do Aluno: “há alguém que possa achar normal que um aluno não reprove e não seja sancionado por faltar às aulas, um aluno de 12 ou 13 anos? Mas que país vamos construir?”

Afinal, quando há qualidades e vontade política, nem mesmo diante de um governo liderado por um mestre de retórica, embora com algumas boas ideias e decisões já tomadas, é difícil fazer oposição. Necessário seria, pois, uma oposição verdadeiramente alternativa, com políticos e políticas de substância!

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