sexta-feira, 11 de julho de 2008

Delícias II

Quando, afinal, os resultados da prova de Matemática do 9.º ano, não foram assim tão bons quanto desejável, aqui fica mais uma “delícia” a propósito da matemática da pedagogia romântica e construtivista, que teima em insuflar a pedagogia do ME de Portugal, comentadas por Nuno Crato no seu pequeno, mas esclarecedor livro, O Eduquês em Discurso Directo, que vale sempre a pena revisitar para aclarar ideias:

«”Piaget considera igualmente que os conceitos matemáticos se desenvolvem espontaneamente nas crianças, não havendo necessidade de serem ensinadas directamente pelos professores. No entanto, existe uma parte do conhecimento matemático que é do tipo convencional e terá de ser ensinada.” (Nota de pé de página da autora: “É o caso de todos os símbolos aritméticos […]”.) [Luísa Maria de Almeida Morgado, O Ensino da Aritmética: Perspectiva Construtivista, Coimbra, Almedina, 1993, p. 29.]

Para além do abuso intelectual que é reclamar esta ideia absurda para Piaget, sem qualquer referência aos seus escritos, destaque-se a conclusão deste parágrafo: para respeitar o desenvolvimento da criança, os professores nada lhe devem ensinar de conteúdo matemático. Apenas as convenções gráficas e outras. Pense-se um pouco. Dever-se-á deixá-la descobrir por si própria os números primos, as regras de proporcionalidade e o teorema de Pitágoras?»

In: Nuno Crato, O “Eduquês” em Discurso Directo – Uma crítica da pedagogia romântica e construtivista (Lisboa: Gradiva, 2006) 6ª edição, p. 110.

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