As médias dos resultados obtidos pelos alunos portugueses nos exames nacionais de Matemática A (Cursos Científico-Tecnológicos) no final do 12.º ano de escolaridade, nos últimos cinco anos, foram as seguintes:
2004 – 8,6 valores
2005 – 8,1 valores
2006 – 8,1 valores
2007 – 10,6 valores
2008 – 14,0 valores
2004 – 8,6 valores
2005 – 8,1 valores
2006 – 8,1 valores
2007 – 10,6 valores
2008 – 14,0 valores
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As taxas de reprovação no exame à mesma disciplina, nos últimos três anos, foram as seguintes:
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2006 - 29%
2007 - 18%
2008 - 7%
O ME adiantou que tal evolução nos resultados se ficou a dever ao maior empenho dos alunos, que estudaram mais, dos professores, que ensinaram melhor, e ao facto de ter sido concedido mais tempo para realizar os exames.
A questão que se coloca é a de saber se a melhoria dos resultados se deve, efectivamente, ao facto dos alunos terem, de um ano para o outro (de 2006 para 2007 e, sobretudo, de 2007 para 2008), estudado e aprendido mais e ao facto dos professores terem passado, de um ano para o outro, a ensinar mais e melhor. Ou seja, mais precisamente: poderemos servir-nos destes exames realizados ao longo destes anos, para saber se os alunos sabem realmente mais Matemática?
O argumento que tem sido verbalizado pelo Matemático Nuno Crato, Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), é o de que, com base nestes dados, não podemos saber realmente isso, uma vez que: tem variado a estrutura dos exames ao longo dos anos; tem variado o tipo de questões formuladas; tem variado (tendencialmente, desde o ano passado, decrescido, principalmente este ano) o grau de dificuldade; têm variado os critérios de correcção das provas; tem variado o tempo de duração das provas (este ano acresceu mais 30 minutos!). Com todas estas variações, não mantendo um padrão mais ou menos coerente na forma como se testam e avaliam conhecimentos e competências, não é de todo possível extrair qualquer conclusão cientificamente fidedigna ou objectiva, a partir destes instrumentos mal elaborados, sobre a evolução das aprendizagens dos alunos na disciplina de Matemática.
É claro que toda a gente(?!) gostaria que os resultados nas provas da disciplina-rainha do sistema das ciências da era moderna, que os alunos das escolas portuguesas obtivessem, fossem, efectivamente, um espelho mais real das suas aprendizagens e, portanto, um verdadeiro auxílio inestimável para as suas vidas futuras. É claro também que a SPM e outros críticos, como a Associação de Professores de Matemática (APM) assumem, com algum natural regozijo, que tem havido uma preocupação do ME em alterar o ainda “mau estado” do desempenho matemático dos nossos alunos, designadamente através do Plano de Acção para a Matemática. Mas, de facto, este plano, como alertou hoje a APM, não abrangeu estes alunos do 12.º ano (iniciou-se para os alunos do 9.º ano em 2006/2007), pelo que não poderia ser um factor responsável por estes resultados. E depois não podemos fazer uma correlação directa entre os resultados nestes exames, com todas as variações descritas, e o que eles deveriam, pelo menos em parte (tanto quanto é possível), avaliar, que eram os conhecimentos e competências que os alunos efectivamente dispõem no final de um ciclo crucial de aprendizagens.
Além do mais, sabe-se que as reformas introduzidas num qualquer sistema de ensino demoram a ter resultados fiáveis. O único estudo credível, que compara os desempenhos matemáticos de alunos de vários países em todo o mundo (o PISA, da OCDE), mostra que, de 2003 para 2006 (últimos dois estudos efectuados), o desempenho dos alunos portugueses teve uma oscilação muitíssimo menor do que aquela que o ME quer atribuir com base nestes exames nacionais, com as deficiências científico-pedagógicas apontadas.
Portanto, fazer crer que estes resultados nestes exames espelham conhecimentos e competências matemáticas efectivamente adquiridas pelos alunos e que isso é o resultado das imperfectíveis políticas educativas de suposto sucesso implementadas pelo ME, conduzido por Maria de Lurdes Rodrigues, é demasiado falso para parecer ser verdade.
A “verdade matemática” é evidente. As consequências políticas não o são menos.
2 comentários:
Bom dia.
Deixe-me só dizer-lhe que as médias que colocou acima, são referentes Às médias dos alunos que realizaram o exame de Matemática e ao mesmo tempo frequentaram o 12º Ano no referente ano. São médias onde não entram nem notas de repetentes nem notas de alunos externos. A contar com estes, em 2007 tivemos uma média de 9.4 e este ano tivemos uma média de 12.8
Agradeço a correcção. De qualquer modo, creio que tal não inviabiliza o argumento que subscrevi.
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