A propósito da polémica avaliação de professores e, em geral, do estado da educação em Portugal, parece-me importante citar aqui parte de uma entrevista que Maria Filomena Mónica – socióloga, mulher do também sociólogo António Barreto, intelectual de esquerda bastante respeitada – concedeu à Visão, a propósito do seu livro “Nós, os portugueses” (reunião de crónicas escritas para o Público):
«[MFM] O Estado deve preocupar-se com a redistribuição da riqueza, com a protecção das vítimas (de uma crise como esta), com um sistema de educação decente... disto nem quero falar mais. Aliás, a Saúde está muito melhor do que a Educação.
Arrasou os exames, nas suas crónicas... Mas mesmo assim, se calhar, nunca houve em Portugal, tanta gente tão qualificada.
Temos de ver o que quer dizer «qualificada». Se é ter um doutoramento, há muita gente nas Humanidades que tem um doutoramento e não devia ter. Há demasiado dinheiro para doutoramentos. E há muita gente que não os completa. Aliás, dá-me ideia de que, nas ciências exactas, as pessoas estão mais preparadas. Eu dei um curso de Literatura, na Faculdade de Letras, e eles recusavam-se a ler livros! Queriam fotocópias de capítulos. Não dou! O Ministério da Educação não confia nos professores e não os deixa sozinhos a corrigir testes qualitativos. Quer que eles sejam meros carimbadores automáticos de regras malucas que inventaram, como as do secretário de Estado Valter Lemos, que acha que há umas fórmulas matemáticas para avaliar o sucesso escolar. Como as das respostas de escolha múltipla, que estupidifica e só serve para preencher totobolas... Não distingue o bom do mau aluno, nem o criativo do marrão. Mais: agora, para os mentecaptos pedagogos do ME, existe uma coisa chamada Língua Portuguesa e outra Literatura Portuguesa. Com exames diferentes!
E deve haver avaliação de professores?
Sim, mas de outra forma. Com um corpo de inspectores de professores muito bem pagos. E deviam ser classificados por um director de escola - coisa que não existe em Portugal.» (Vale mesmo a pena ler a entrevista integral!)
Mas por que razão haverá tantas pessoas respeitáveis – até provenientes da esquerda liberal portuguesa – a contestar (para não dizer: arrasar), com base em argumentos sólidos, a actual política educativa em Portugal?
«[MFM] O Estado deve preocupar-se com a redistribuição da riqueza, com a protecção das vítimas (de uma crise como esta), com um sistema de educação decente... disto nem quero falar mais. Aliás, a Saúde está muito melhor do que a Educação.
Arrasou os exames, nas suas crónicas... Mas mesmo assim, se calhar, nunca houve em Portugal, tanta gente tão qualificada.
Temos de ver o que quer dizer «qualificada». Se é ter um doutoramento, há muita gente nas Humanidades que tem um doutoramento e não devia ter. Há demasiado dinheiro para doutoramentos. E há muita gente que não os completa. Aliás, dá-me ideia de que, nas ciências exactas, as pessoas estão mais preparadas. Eu dei um curso de Literatura, na Faculdade de Letras, e eles recusavam-se a ler livros! Queriam fotocópias de capítulos. Não dou! O Ministério da Educação não confia nos professores e não os deixa sozinhos a corrigir testes qualitativos. Quer que eles sejam meros carimbadores automáticos de regras malucas que inventaram, como as do secretário de Estado Valter Lemos, que acha que há umas fórmulas matemáticas para avaliar o sucesso escolar. Como as das respostas de escolha múltipla, que estupidifica e só serve para preencher totobolas... Não distingue o bom do mau aluno, nem o criativo do marrão. Mais: agora, para os mentecaptos pedagogos do ME, existe uma coisa chamada Língua Portuguesa e outra Literatura Portuguesa. Com exames diferentes!
E deve haver avaliação de professores?
Sim, mas de outra forma. Com um corpo de inspectores de professores muito bem pagos. E deviam ser classificados por um director de escola - coisa que não existe em Portugal.» (Vale mesmo a pena ler a entrevista integral!)
Mas por que razão haverá tantas pessoas respeitáveis – até provenientes da esquerda liberal portuguesa – a contestar (para não dizer: arrasar), com base em argumentos sólidos, a actual política educativa em Portugal?
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