domingo, 30 de maio de 2010

A crise começa a resolver-se na escola

Em contraste com o triste panorama da política portuguesa, os britânicos conseguiram (em cinco dias!) um verdadeiro acordo para enfrentar a crise, substancializado de convicções e ideias consensuais, mas também de uma forte motivação pessoal para exercer uma das mais nobres funções públicas, que é governar. A coligação entre conservadores e liberais democratas pretende fazer emergir a sociedade com base numa maior descentralização do poder e ímpetos de privatização em certas áreas, «rompendo com o monopólio do estado». Destacam-se duas ou três ideias reformadoras muito interessantes: no estado social, nos impostos e, sobretudo, no sistema de ensino.
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Está visto, pelo menos os ingleses já assim o viram, que o Estado não pode fazer tudo, nem pode fazer tudo bem. O caso da educação em Portugal é, infelizmente, um bom exemplo disso. Sem políticas educativas sérias, veritativas, realmente auxiliadoras dos mais desfavorecidos para a verdadeira aprendizagem, ao invés de uma irresponsável e criminosa facilidade estatística, não haverá mobilidade social, não haverá qualificação profissional média efectiva, não haverá progresso económico e o estado social não resistirá, como não está a resistir.
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Eis um excerto do acordo de coligação/programa de governo, sobre o sistema educativo (eis como é possível pensar que políticas liberais temperadas de realismo podem melhor resolver os problemas sociais do que políticas socialistas superficiais, populistas e desnorteadas, e isto pugnando por justiça social sem atentar contra a liberdade individual):
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The Government believes that we need to reform our school system to tackle educational inequality (...) and to give greater powers to parents and pupils to choose a good school. We want to ensure high standards of discipline in the classroom, robust standards and the highest quality teaching. We also believe that the state should help parents, community groups and others come together to improve the education system by starting new schools.
• We will promote the reform of schools in order to ensure that new providers can enter the state school system in response to parental demand; that all schools have greater freedom over the curriculum; and that all schools are held properly to account.
• We will fund a significant premium for disadvantaged pupils from outside the schools budget by reductions in spending elsewhere.
• We will give parents, teachers, charities and local communities the chance to set up new schools, as part of our plans to allow new providers to enter the state school system in response to parental demand.
(...)
• We will reform the existing rigid national pay and conditions rules to give schools greater freedoms to pay good teachers more and deal with poor performance.
(...)
• We will seek to attract more top science and maths graduates to be teachers.
• We will publish performance data on educational providers, as well as past exam papers.
(...)
• We will give heads and teachers the powers they need to ensure discipline in the classroom and promote good behaviour.
• We believe the most vulnerable children deserve the very highest quality of care. We will improve diagnostic assessment for schoolchildren, prevent the unnecessary closure of special schools, and remove the bias towards inclusion.
• We will improve the quality of vocational education, including increasing flexibility for 14–19 year olds and creating new Technical Academies as part of our plans to diversify schools provision.
(...)
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E, se bem os conhecemos, os ingleses serão bem capazes de levar isto a sério. Aprender com os outros não é nada desvirtuante. Bem pelo contrário.

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