No dia da Europa talvez fosse bom reflectir sobre o quão longe ainda estamos de um modelo de desenvolvimento europeu ao nível das mentalidades, da formação de efectiva qualidade, do desenvolvimento económico sustentado e mesmo ao nível da própria organização e funcionamento do Estado, bem como a forma de estar na cidade.
O modo como se continua a encarar o desempenho de cargos públicos, a cavar o fosse entre governantes e governados e a erudir a nobreza do exercício da política; o modo como a sociedade civil continua a titubear, a hesitar na hora de participar na vida pública e jogar os seus "trunfos", que são os direitos; o modo como continuamos, em geral, a encarar o esforço, o trabalho e o elevado desempenho, em vários sectores da actividade produtiva e, designadamente, no sector público... são características que nos continuam a empurrar para a cauda da Europa, cauda esta que há muito teima em pousar sobre o deserto do Saara e ligar-nos ao terceiro mundo do subdesenvolvimento.
E as fantasias político-propagandistas não resolvem, claro, o essencial: a falta de exigência na formação inicial escolar, na formação contínua a vários níveis, na formação técnico-profissional e a falta de um verdadeiro e sincero incentivo para a real qualificação das pessoas, para o empreendedorismo e a vida participada de valores éticos e políticos capazes de, senão já recuperar a autenticidade existencial, pelo menos obviar ao pauperismo económico, cultural e social em cuja crise nos afundamos enquanto sociedade.
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