Do debate de ontem na SIC e SIC-Notícias entre os quatro candidatos à liderança do PSD (e a Primeiro-Ministro de Portugal!) ficou definitivamente claro que:
1. Há dois bons candidatos à liderança -- Manuela Ferreira Leite e Pedro Passos Coelho. Patinha Antão é um bom elemento, representando (e bem) alguma força de alguma sociedade civil interessada em contribuir para a melhoria da governabilidade do país (não esteve bem ao lado de PSL no ataque emotivo a MFL); Pedro Santana Lopes está irremediavelmente fora de questão, dada a retórica artificialista e populista de poder (uma das razões de delapidação do partido) com que continua a apresentar-se aos eleitores e a consequente irremediável falta de confiança que inspira.
2. A escolha centra-se, em termos de fiscalidade, entre jogar pelo seguro e manter, por enquanto, os impostos (designadamente sobre os combustíveis) para não fazer diminuir as receitas do Estado e não criar instabilidade económica e desconfiança nos investidores (MFL) e arriscar diminuir o ISP para aliviar os encargos das famílias e das PMEs, mas sem garantias de que não seja mais um passo atrás na consolidação das contas públicas (PPC).
3. A escolha centra-se, em geral, no rigor, na experiência e sabedoria políticas, no despojamento ideológico e, sobretudo, na frontalidade da verdade e na recusa do populismo da promessa de MFL e na aposta de um candidato promissor, dada a sua juventude, para solidificar um novo rumo e uma nova forma de estar na política de PPC, que poderia ser um bom rival de Sócrates daqui a um ano.
De resto, grosso modo, as diferenças de substância não são muitas, com PPC afirmando, modernamente, o seu liberalismo (com preocupações sociais) de forma mais vincada que MFL, que prefere apostar no pragmatismo, em vez de enveredar por precisões ideológicas.
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Como candidato a PM que se apresentará ao eleitorado português e não apenas aos militantes do PSD, a questão é saber se, por um lado, não será demasiado tarde para MFL e se as suas políticas irremediavelmente parecidas (e não necessariamente erradas) com as melhores políticas liberais deste PS de Sócrates não a colarão demasiado ao status quo e, por outro lado, se não será demasiado cedo para PPC e se as suas políticas declaradamente mais liberais -- que podem até ser o futuro, mas que colhem os protugueses numa profunda crise de identidade política, social e económica (para vingar numa sociedade mais liberal é necessário ser-se bom profissional, realmente bem qualificado, empenhado e esforçado, coisa que muitos de nós, em geral, não somos!) -- serão bem compreendidas e melhor interpretadas pelos agentes políticos e económicos, mas, sobretudo, pelos agentes sociais.
Em suma: jogar pelo seguro ou arriscar?!
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