segunda-feira, 16 de junho de 2008

A “fraqueza” do futebol numa Suíça fortemente atractiva para se viver

Ontem, durante o jogo do Euro 2008 Portugal-Suiça, um comentador de uma televisão portuguesa criticava as condições infra-estruturais que a Suíça apresentava para este Campeonato Europeu: num dos estádios onde decorre o Euro, os jornalistas até têm, para se deslocarem do centro de imprensa até ao estádio, de atravessar uma linha de comboio e uma avenida; “em Portugal não havia um estádio em que isso acontecesse!”, ironizavam. Conclusão?! A Suíça parece ser um país menos desenvolvido que Portugal, já que organiza um campeonato europeu de futebol sem ter construído estádios de raiz, com as excepcionais e condigníssimas condições, absolutamente indispensáveis para uma actividade de transcendente importância!

Talvez seja até verdade que, para um país como Portugal ter condições para ganhar uma organização de um campeonato europeu de futebol, como foi em 2004, seja necessário mais do que a Suíça teria, à partida para oferecer, tendo que aparecer infra-estruturas grandiosas para atrair os decisores da UEFA.

Mas mais importante do que este pormenor (não é líquido que Portugal tenha obrigatoriamente que ter delapidado erário público para tantas e tamanhas obras futebolísticas, com as melhores condições do mundo para o desenrolar de um campeonato como aquele) importa salientar que muitas pessoas em Portugal continuam, infelizmente, a pensar que o desenvolvimento de um país e as condições de vida das pessoas se medem pelo futebol. Se aqueles jornalistas, que proferiram aquela crítica, tivessem pensado um pouco mais e olhado um pouco à sua volta (para além do estreito mundo futebolístico) teriam, com certeza, constatado como a Suíça, apesar de não ter grandes estádios de futebol, tem infra-estruturas estatais e uma organização social capaz de conceder um bom sistema de saúde, um bom sistema de ensino, de justiça e, em suma, uma vida boa a todos aqueles que aí queiram viver e trabalhar, ao contrário do que acontece, de facto, no nosso país!

Como Portugal cresceria – para benefício de todos – se o nosso mundo crescesse para além do futebol, uma de entre muitas das actividades com as quais o ser humano pode preencher a sua existência, embora não, obviamente, a mais fundamental.

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