terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Mais uma no cravo e outra na ferradura!

Em plena crise na educação, o governo veste a pele de Pai Natal e toca a distribuir presentes às crianças! De facto, os professores não serão, propriamente, crianças, por muito maus profissionais que alguns até possam, naturalmente, ser. Mas ainda assim, o povão aceitará acriticamente – não podia ser de outra maneira – que José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues até são bondosas mãos largas: 30.000 vagas para professores! Nem mais nem menos! “Histórico”, exala, no anúncio, Valter Lemos.

Mas, afinal de contas, o que vai acontecer é apenas uma alteração de vínculos: os professores de Quadro de Zona Pedagógica (grosso modo, efectivos num distrito), vão passar, gradualmente, a Quadros de Agrupamento (grosso modo, efectivos em concelhos). Mas cuidado: não haverá lugar para mais 30.000 professores, uma vez que os lugares desocupados, extinguem-se – serão exactamente os mesmos professores, providos apenas num quadro de vínculo diferente. Mas as necessidades são exactamente as mesmas.

Claro que, a curto prazo, parece bom, pois reduz – caso o concurso não obrigue a concorrer para além das zonas que o professor pretende – a área geográfica onde o professor pode ser colocado. Mas a longo prazo, o governo prepara-se para transformar os Quadros de Agrupamento em Quadros de Escolas Agrupadas, o que significa que os professores, todos os professores (pois vão acabar os Quadros de Escola), vão estar vinculados a dois ou três concelhos: de manhã podem leccionar na escola X, à tarde na escola Y (50 km ao lado!) e à noite, caso a lei vier a permitir(!), na escola Z (mais 30 km à esquerda)!

Claro que o que parece é que aumentam os principescos e, portanto, completamente injustos, privilégios dos malandros dos professores, quando, como se vê, na realidade trata-se, no mínimo, de uma medida a que as circunstâncias futuras obrigarão, dada a baixa taxa de natalidade, o que provocará o fecho de muitas escolas nas próximas décadas.

Trata-se, pois, de mais uma acção de propaganda… caso para dizer: “histórica!”

Tanto dá no cravo, que alguma tinha que acertar na ferradura. O cargo de Director de Escola – uma das boas medidas deste caos pseudo-reformista – irá ser remunerado com um acréscimo de 40% face ao actual Presidente do Conselho Executivo. É claro que, aumentando as responsabilidades, deve aumentar a remuneração. Óbvio!

Pena é que um governo que é capaz de tudo, possa também estragar tudo!

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