sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Limpar a casa" (a escola)?

Isabel Alçada, a nova Ministra da Educação, apresenta um caderno de encargos, digamos, pesado, já que aparenta querer "limpar" muito do que tem prejudicado o trabalho dos professores nas escolas, antecipando-se a iniciativas parlamentares dos partidos da oposição, que têm esse ónus político: quer alterar o modelo de avaliação de professores (entre outros, desburocratizando-o e premiando, de algum modo, os mais competentes em termos de progressão na carreira); quer alterar o estatuto do aluno; quer "mexer" nos horários dos professores; e quer mesmo estabelecer objectivos mínimos («padrões») de aprendizagem para os alunos no final de cada ano escolar. (Veja-se, por exemplo, no i ou no Público.)
.
A questão da avaliação de professores envolve a questão da estrutura da carreira e, nesta matéria, há dificuldades enormes e um debate de princípios a fazer-se. Quanto aos pormenores, ninguém contesta a evidente justeza de tais correcções: desburocratizar é tão obviamente bom que só mesmo a mais básica teimosia não o vislumbrava; o estatuto do aluno é uma das obras de arte da pedagogia romântica abstrusa, que, sem necessitar de pôr em causa o princípio de conceder mais uma (duas, três e quatro... talvez já não!) oportunidade ao aluno faltoso, por exemplo, deve ser simplificado; a sobrecarga de trabalho dos professores não directamente relevante para as melhorias da aprendizagem efectiva dos alunos deve ser lucidamente abolido; e o estabelecimento sério de objectivos mínimos de aprendizagem é uma necessidade para a sobrevivência da escola como instituição de importância vital para a sociedade, coisa que obrigará a introduzir, com toda a naturalidade, mas de forma séria e rigorosa, instrumentos de avaliação final, como os exames.
.
Saliente-se a aparente lucidez, informação e com toda a certeza resultado da sua formação académica desinteressada, reflexiva e crítica, quando se referiu à questão, central, da autoridade: «As pessoas têm de pensar que os professores têm 24 meninos ou jovens como aquele que têm em casa numa sala de aula»; «os adultos esquecem[-se] que educar é fazer valer a autoridade». Leia-se, naturalmente, que a autoridade pressupõe saber e exemplaridade e isso é uma prerrogativa tão exigível para pais como para professores; as regras na escola devem permitir exercê-la (pelos pais e pelos professores).
.
Coragem e prudência, um pouco de realismo e mais competência (política e técnica) é o que se deseja e se espera, finalmente, de Isabel Alçada. Veremos se será mesmo uma actuação de limpeza da ideia romântica e construtivista ingénua de escola, levado ao paroxismo pelo último governo socialista. Urge repor o equilíbrio, o rigor e o realismo na forma como se deve enfrentar os verdadeiros problemas do ensino em Portugal.

2 comentários:

Anónimo disse...

sentados no gabinete,todos apresentam prpostas...algumas,iguais ás anteriores;esperemos com calma,pela abertura,dialogo,entendimento....
sorrisos e simpatia,tivemos,mas soluções para a razão dos professores,tarda em chegar..

Anónimo disse...

O Manual Escolar 2.0 é um projecto pioneiro a nível mundial, no qual os manuais escolares são construídos on-line, num espaço aberto à participação de todos os professores.
Num artigo no nosso site, tomámos a liberdade de incluir um link a um artigo do seu blogue. Pode verificar aqui: http://www.manualescolar2.0.sebenta.pt/projectos/sebenta/posts/134.
Aproveitamos a ocasião para convidá-lo a visitar o nosso site.
Todos os comentários e sugestões são bem-vindos. Estamos à sua espera!
Filipe Medeiros