Educar é, simultaneamente, criar, ensinar e formar. Criar é educar no sentido restrito, e essa função cabe à família: trata-se de incutir, de forma espontânea, hábitos, valores, comportamentos socialmente aceites. Ensinar designa uma educação intencional, da responsabilidade de uma instituição (a escola): trata-se de instruir, veicular conhecimentos e competências cognitivas. Formar, termo muito em voga, designa a preparação do indivíduo para determinada função social.
A finalidade do ensino é o próprio aluno (quando se ensina filosofia trata-se o aluno como um fim – a teoria e os argumentos filosóficos ensinados são para ele aprender tais teorias e argumentos, mas também a pensar sobre questões fundamentais para o ser humano). A finalidade da formação, diferentemente, é a função social – é o futuro enfermeiro ou médico que importa (quando se forma um enfermeiro não se espera que inove, que contribua para aumentar o conhecimento, mas apenas que cuide do doente o mais eficazmente possível).
Sendo diferentes os três sinónimos de educação têm, porém, a uni-los um quarto termo – aprender –, que lhes acrescenta algo fundamental: quem aprende, seja canoagem seja matemática, aprende sempre também a tornar-se melhor. Tornar-se melhor significa desenvolver as potencialidades do ser humano que cada um em si comporta.
Tudo o que a humanidade conquistou através dos milénios é cultural, não natural, isto é, não se transmite hereditariamente, mas através da educação. Isso faz dela um processo ou conjunto de procedimentos que permitem a qualquer criança aceder progressivamente à cultura. E isto é fundamental, pois o acesso à cultura é o que distingue o homem do animal.
Ora, o que o pacote de medidas proposta pelo governo – designado “novas oportunidades” – apresenta é uma concepção pouco rigorosa de educação, quando pretende resolver o problema da educação (leia-se: do ensino e da formação) através de medidas que resolverão apenas a questão da formação. Como medidas para incrementar a formação, são desejáveis. Mas faz passar a ideia, errada, de que a educação é um meio (formativo) e não um fim em si mesmo (instrutivo).
E quando se olha para os números e se vê que está a aumentar o número de pessoas com o ensino básico, através da certificação de competências adquiridas com a experiência profissional ao longo da vida, percebe-se a confusão: a formação (adquirida por experiência – nada a dizer) transforma-se, artificiosa e enganadoramente, em instrução!
Seria necessário fazer passar a ideia de que, além da formação ser importante (que o é) para a integração do indivíduo na sociedade (designadamente, para prover a satisfação de necessidades económicas), a instrução é também fulcral, desta feita para algo mais originário e substancial – ser humano, permitir a cada um realizar a sua natureza no seio de uma cultura que seja verdadeiramente humana.
Seria preciso encarar corajosa e inteligentemente a educação enquanto instrução, como problema a merecer resolução política. Seria preciso, além de certificar competências, persuadir para a efectiva instrução ao longo da vida. E será determinante, isso sim, a intervenção junto, não só dos jovens, mas também das famílias que os orientam, no sentido de motivar para a instrução – a verdadeira e mais originária forma de ser verdadeiramente humano!
Talvez o Carlos Queiroz pudesse dizer aos nossos jovens algo como: “como me sinto bem por saber História, Biologia e... Inglês!”. E quem sabe se os técnicos de marketing (psicólogos, sociólogos…) ao serviço do Ministério da Educação (e do Trabalho?), não pudessem fazer melhor, como seja colocar modelos atractivos para os pais a dizerem algo como: “como me sinto bem por ter proporcionado aos meus filhos uma verdadeira instrução, que os tornou verdadeiros seres humanos!”
A própria economia, como se sabe hoje, iria beneficiar desse valor acrescentado, que é uma educação integral.
Será utópico, mas é apenas esta utopia que resgata a educação dos perigos, quer do esvaziamento total (já estivemos mais longe!), quer do endoutrinamento (que poderá acontecer na transformação da educação em... mera formação!).
A finalidade do ensino é o próprio aluno (quando se ensina filosofia trata-se o aluno como um fim – a teoria e os argumentos filosóficos ensinados são para ele aprender tais teorias e argumentos, mas também a pensar sobre questões fundamentais para o ser humano). A finalidade da formação, diferentemente, é a função social – é o futuro enfermeiro ou médico que importa (quando se forma um enfermeiro não se espera que inove, que contribua para aumentar o conhecimento, mas apenas que cuide do doente o mais eficazmente possível).
Sendo diferentes os três sinónimos de educação têm, porém, a uni-los um quarto termo – aprender –, que lhes acrescenta algo fundamental: quem aprende, seja canoagem seja matemática, aprende sempre também a tornar-se melhor. Tornar-se melhor significa desenvolver as potencialidades do ser humano que cada um em si comporta.
Tudo o que a humanidade conquistou através dos milénios é cultural, não natural, isto é, não se transmite hereditariamente, mas através da educação. Isso faz dela um processo ou conjunto de procedimentos que permitem a qualquer criança aceder progressivamente à cultura. E isto é fundamental, pois o acesso à cultura é o que distingue o homem do animal.
Ora, o que o pacote de medidas proposta pelo governo – designado “novas oportunidades” – apresenta é uma concepção pouco rigorosa de educação, quando pretende resolver o problema da educação (leia-se: do ensino e da formação) através de medidas que resolverão apenas a questão da formação. Como medidas para incrementar a formação, são desejáveis. Mas faz passar a ideia, errada, de que a educação é um meio (formativo) e não um fim em si mesmo (instrutivo).
E quando se olha para os números e se vê que está a aumentar o número de pessoas com o ensino básico, através da certificação de competências adquiridas com a experiência profissional ao longo da vida, percebe-se a confusão: a formação (adquirida por experiência – nada a dizer) transforma-se, artificiosa e enganadoramente, em instrução!
Seria necessário fazer passar a ideia de que, além da formação ser importante (que o é) para a integração do indivíduo na sociedade (designadamente, para prover a satisfação de necessidades económicas), a instrução é também fulcral, desta feita para algo mais originário e substancial – ser humano, permitir a cada um realizar a sua natureza no seio de uma cultura que seja verdadeiramente humana.
Seria preciso encarar corajosa e inteligentemente a educação enquanto instrução, como problema a merecer resolução política. Seria preciso, além de certificar competências, persuadir para a efectiva instrução ao longo da vida. E será determinante, isso sim, a intervenção junto, não só dos jovens, mas também das famílias que os orientam, no sentido de motivar para a instrução – a verdadeira e mais originária forma de ser verdadeiramente humano!
Talvez o Carlos Queiroz pudesse dizer aos nossos jovens algo como: “como me sinto bem por saber História, Biologia e... Inglês!”. E quem sabe se os técnicos de marketing (psicólogos, sociólogos…) ao serviço do Ministério da Educação (e do Trabalho?), não pudessem fazer melhor, como seja colocar modelos atractivos para os pais a dizerem algo como: “como me sinto bem por ter proporcionado aos meus filhos uma verdadeira instrução, que os tornou verdadeiros seres humanos!”
A própria economia, como se sabe hoje, iria beneficiar desse valor acrescentado, que é uma educação integral.
Será utópico, mas é apenas esta utopia que resgata a educação dos perigos, quer do esvaziamento total (já estivemos mais longe!), quer do endoutrinamento (que poderá acontecer na transformação da educação em... mera formação!).
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