Os resultados dos exames nacionais de Matemática, da primeira fase, foram maus. Explicação? O ME rapidamente a engendrou, embora tenha enveredado por mais uma argumentação despudoradamente falaciosa (ou, como se diria em bom vernáculo, "fugindo com o 'rabo' à seringa"): houve «menos investimento, menos trabalho e menos estudo» por parte dos alunos, por causa, repare-se, da «difusão da ideia que os exames eram fáceis» feita pela comunicação social. Alguém, que não o infalível governo liderado por José Sócrates, tinha que ser o responsável!
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Bom, parece que o ME gostaria mesmo era que os media "mentissem" ou, pelo menos, ocultassem a realidade... Se os exames, designadamente da tão importante Matemática, têm pecado, nos últimos anos, pela ausência de rigor na sua elaboração, facilitando desse modo a sua realização pelos alunos e, consequentemente, provocando melhores (embora falseados) resultados, então, a haver má influência (que houve, com certeza) junto dos alunos, criando-lhes a ilusão de que tirar bons resultados era fácil, foi da parte do próprio ME e não dos media.
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Não nos equivoquemos: a função do ME é, nesta matéria, elaborar bons exames (rigorosos, coerentes e sem erros); a função dos media é relatar a verdade acerca do que se passa com um dos pilares fulcrais da nossa sociedade, neste momento decisivo, que é a educação. Responsabilizar a comunicação social por uma estratégia política inviesante na educação em Portugal ou, que seja, por falhas técnicas do ME naquilo que deveria ser uma rigorosa elaboração de exames nacionais é altamente falacioso, pois faz crer que o responsável por certo acto é uma entidade, quando, na realidade, é obviamente outra!
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Portanto, a tutela só tem razão numa coisa: a ideia de que os exames estavam a ser, nos últimos anos, mais fáceis pode ter influenciado negativamente no empenho dispendido pelos alunos na preparação deste último exame de Matemática (o que é grave!). Não tem, contudo, razão quando diz que tal influência partiu da comunicação social: de facto, essa nefasta influência partiu do próprio ME, ao ter elaborado exames tendencialmente mais fáceis nos últimos anos!
4 comentários:
Concordo plenamente com a conclusão no entanto acrescentaria só que secalhar os métodos de ensino e de estudo dos alunos também não estão ao nivel de um exame exigente. Infelizmente a realidade é mesmo essa. Os alunos estão cada vez mais preguiçosos e facilitistas, em parte pela facilidade dos exames anteriores, em parte por culpa deles próprios. Concluindo, o ME é o principal culpado no meio disto tudo mas não se deve excluir o factor alunos do problema até porque chega a uma altura em que os professores não podem fazer mais nada por eles e os exames estão nas mãos deles.
Ah e já agora... já sabe onde ficou colocado?
Valpaços eddie... A verdade é que o ensino tem de melhorar ao nivel material, de alunos, de professores e sobretudo de estratégias de ensino. Depois aí se pode discutir o verdadeiro estado do ensino português e atribuir responsabilidades. Um abraço
É claro, meus caros, que há múltiplos factores que podem determinar a aprendizagem dos alunos: as directrizes governamentais (programas, avaliação, exames), o desempenho dos professores, o empenho dos alunos, a orientação dos encarregados de educação. Mas o que está aqui em questão é um ambiente genérico de algum facilitismo, que se instalou na sociedade portuguesa. A responsabilidade do ME deveria ser a de colocar e exigir rigor nos processos de ensino e aprendizagem. A crítica geral é a de que não o fez nestes últimos anos, designadamente ao nível dos exames nacionais, que tiveram um nível de exigência nada coerente. Ora, isso, além de directrizes pedagógicas e outras orientações legais de organização do sistema educativo, levaram à criação desse tal ambiente geral de facilitismo, que, naturalmente contagiou os alunos, que, em geral, estão muito permeáveis a tal contágio. É claro que os alunos se deveriam esforçar um pouco mais. Mas é mais difícil que um aluno se esforce quando existe este tipo de ambiente mascarador da realidade.
Abraço
P.S.: realmente, parece que vou "pregar para outra freguesia"; mas estaremos sempre em contacto.
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